quarta-feira, dezembro 31, 2008

Música do Ano. Escolhida aos 45 do segundo tempo.

Galho Seco
Zé Geraldo

Quando um homem chega na encruzilhada, olha pra um lado é nada, olha pro outro, é nada também. Aí, aí, o céu escurece, o céu desaba e tudo se acaba. Mas quando tudo tá perdido na vida, só quando tudo tá perdido na vida, é que a gente descobre que na vida nunca tudo tá perdido, minha flor.

Eu andava acabrunhado e só
Perdido e sem lugar
Feito um galho seco
Arrastado pelo temporal
Pensei até em enrolar minha bandeira e dar no pé
Eu pensei até em jogar fora a minha história, os documentos e aquela fé
Fazia tempo que o sol não derramava luz na minha vidraça
Depois que tudo passa
O vento leva as nuvens negras noutra direção
Também pudera
Uma hora era o fogo que rasgava o chão
Outra hora era a água que descia e afogava toda a plantação

Ainda bem que me restou o seu sorriso
Que me alumia a alma
Que me acalma quando é preciso

E como eu preciso!
E como eu preciso!

Que me acalma quando é preciso
E como eu preciso!
E como eu preciso!



http://www.youtube.com/watch?v=DsGdLBRQSEg

terça-feira, dezembro 30, 2008

As palavras mais belas da língua não são "Eu te amo".
São: "É benigno".

(Woody Allen - Desconstruindo Harry)


Papai já está em casa. Vamos ter ano novo.

domingo, dezembro 28, 2008

É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e suspiro,
de palavra indireta, aviso na esquina.
Tempo de cinco sentidos num só.


Drummond.



Porque hoje eu acordei assim-assim, de versos gritados e concretos.
(...) Olham-se, mas não se vêem. A escuridão não é uma parede, mas o silêncio os imobiliza na busca da palavra maior. Os dois fumam. As pontas acesas desvendam o escuro, e por instantes colocam um brilho avermelhado nas pupilas de ambos. Perguntou se eu queria ouvir música. Não, eu disse sem pensar. Então ele calou como se tivesse ficado ofendido por eu recusar alguma coisa sua. Desconhecidos: como isso é, a um só tempo, terrivelmente bom e terrivelmente assustador. Pensar que eu estava só, no bar, esperando nem sei que, nem sei sequer se esperando: de repente os olhos me buscando no balcão em frente. No primeiro momento foi a única coisa que percebi. Os olhos, atrás da fumaça, no meio das gentes. E o espelho refletindo o meu espanto. Depois vi os cabelos, a boca, os ombros. Mas era nos olhos, só nos olhos, que se fixava aquele mudo apelo, aquele grito. Nem sei. Aquela clara maldição.

Saí, saiu. Não dissemos nada. Eu só tenho esperas. Ele traz a tranqüilidade de mais nada esperar. Um menino. Aquele ar espantado. Um pouco trêmulo. Cigarro atrás de cigarro. Tenho medo de tocá-lo. De quebrá-lo.

Eu disse: "A lua está tão bonita que dói por dentro". Ele não entendeu. É tudo tão bonito que me dói e me pesa. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Não sei, não quero pensar. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro. O espanto esbarra em paredes pedindo exteriorização.Você vê? As pedras parecem luas também. Ou estrelas, ele diz. Chão de estrelas. Vamos pisar nos astros distraídos? Ele ri. Nesse segundo cheio de riso alguma coisa se adensa. Nossos pés pisam em pedras. Mas por cima dos sapatos, sinto que são frias e duras, e sei que seu significado está em nós, não nelas.

(...)

Então ele me olha sério, por um instante abalado, depois ri. Positivamente o cinismo não fica bem em você. Um menino assustado querendo mascarar o medo com a agressividade. Um menino. Curvo-me para ele. O rosto dele próximo do meu. Mais adivinho do que vejo os seus olhos deslizando pelas órbitas. A sua mão toca no meu ombro, sobe pelo pescoço, me alcança a face, brinca com a orelha, alcança os cabelos. O seu corpo cola-se ao meu. A sua boca vem baixando devagar, vencendo barreiras, colando-se à minha, de leve, tão de leve que receio um movimento, um suspiro, um gesto, mesmo um pensamento. Estou em branco como a noite. Ele me abraça. Ele está perto. Ergue o braço lentamente, afunda as mãos nos cabelos de outro. E de súbito um vento mais frio os faz encolherem-se juntos, unidos no mesmo abraço, na mesma espera desfeita, no mesmo medo. Na mesma margem.

( Meio Silêncio - Caio Fernando)


E eu começo, séria-e-assustadoramente, a desconfiar que Caio só escrevia na presença de uma bola de cristal focada na minha vidinha-sacana.
Que eu ando mais fragilizada, todo-mundo-do-meu-pequeno-mundo-particular já sabe.
Que eu ando revendo velhos conceitos, todo-mundo-do-meu-pequeno-mundo-particular já sabe.
Que eu ando menos infantil, neurótica e barraqueira, todo-mundo-do-meu-pequeno-mundo-particular já sabe.

O que algumas pessoas ainda não sabem é que eu ando sentindo uma puta falta daqueles que eu deixei ir embora do meu-pequeno-mundo-particular.

Não sei se é correto usar o plural pra disfarçar a singularidade do pronome imposto na ausência, mas pra jogar a real, talvez nem seja correto estar escrevendo isso aqui, em público. E por se tratar de uma pessoa com senso de justiça gigante, prefiro fingir que finjo o fingimento.

A verdade é que eu ainda preciso aprender uma porrada de coisa na vida, voltar atrás e pedir desculpas encarando nos olhos, é uma delas. Um pouco menos de orgulho me cairia bem. Um pouco mais de coragem me cairia melhor.

O mais difícil é sempre o primeiro passo depois de perceber que o caminho está errado. Não é preciso ser nenhum filósofo, gênio ou cartomante pra saber disso. Mas o lance é que inda não me sinto preparada pra reabrir velhos baús que ficaram perdidos no meio da estrada, o que não me impede de sentir-me arrependida por tê-los deixado "empoeirar".

Não se pode apagar o que ficou pra trás, nem as coisas boas, nem as coisas ruins. Pode-se sempre reconhecer a existência e a força de uma história. E sentir saudade de quando o verbo ainda era recitado no tempo presente.

Hoje eu senti saudade de um amigo (Existe ex-amigo?).
Hoje, olhando o blog de um outro amigo, sem querer, eu me deparei com um texto que ele escreveu sobre a luta e vitória de uma pessoa que já foi (e ainda é, só que de outra forma) muito importante na vida dele.
Hoje, só hoje, eu percebi o quanto ainda o conheço bem, e que certamente ele me entenderia, se tivessemos conversado sobre o que nos afastou naquela época.
Hoje, relembrando tudo o que aconteceu, me sinto uma completa idiota por ainda não conseguir domar a merda dos pés e dar o primeiro passo.
Hoje eu descobri que ainda sinto um puta orgulho da força dele diante da vida fodida e cheia de armadilhas.

E eu sei que, por todo o nosso tempo de silêncio, dizer isso a ele, doeria.
Não dizer, dói muito mais.



Talvez amanhã seja um novo hoje, talvez um dia.
Listinha de coisas quase imperdoáveis que só os homens fazem por você:

1- Olhar para a bunda de outra mulher enquanto diz que te adora sentado de frente pra você numa mesa de bar.

2- Dizer "Que bom!", efusivamente, quando você diz que emagreceu alguns quilos.

3- Dizer, no meio de um papo sério, que você é uma pessoa altamente zuável e que ele se controla pra não tirar uma com sua cara várias vezes durante o dia.

4- Negar um beijo no meio do bar lotado, mesmo que para isso, ele tenha que se debruçar sobre a mesa cheia de garrafas de cervejas.

5- Tocar sempre no assunto "ex-namorada". Sempre a mesma ex, do primeiro ao quinto encontro.

6- Não acreditar no que você diz, mesmo que você já tenha repetido mil vezes que não faz mais aquilo que você fazia aos seus 17 anos.

7- Bancar o difícil no fim da noite e parecer um iceberg ao teu lado no carro, enquanto você transpira larvas de vulcão.

8- Gravar dois cds pra você, com mil músicas em cada um, e esquecer justamente a que você mais gosta. Exatamente a que te faz lembrar dele.



*



Entre outras coisas que seriam imperdoáveis-sem-quase, não fosse a voz canalha de Carpinejar soprando no meu ouvido que uma mulher perdoa tudo em um homem, menos que ele não a ame com coragem.









'
Qualquer semelhança com meu relacionamento será mera coincidência. Juro.

sábado, dezembro 27, 2008

Réplica

Há de ser sempre autêntico no que se faz, diria John Lennon, se estivesse vivo.

Algumas pessoas têm o dom de fazer das suas vitórias uma coisa desinteressante. Outras fazem de seus fracassos uma volta por cima na próxima esquina, cheia de charme.

Fracasso é o meu natural, em se tratando de perder apostas, eu diria que é a minha característica mais forte. Corintiana de sangue e sobrenome, invariavelmente puta da vida com a ostentação da burguesia ("A Burguesia Fede", abraços ao Cazuza no além), frustrada no trabalho e odiadora de shoppings..

Voltando ao relato,
Por conta de uma aposta, fui assistir o último jogo do São Paulo com dois amigos, Rodrigo e Talita, numa casa de Pastel no Tatuapé. A minha náusea de pastel só não é maior que minha aversão a shoppings. Escolha por escolha, o meu vício de poder fumar livremente falou mais alto. E fui eu lá, numa casa de pastel botar fé no Goiás, um time verde.

Enfim,

Nada colaborava pra que aquela tarde de domingo fosse a exceção à regra. E não foi.

Durante a tarde, "havia uma louca de pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia um louca de pedra" ( Abraço também ao Drummond, que se tivesse conhecido a tal da Liliane, certamente acrescentaria o "louca" antes da pedra).

Enfim (2),

Como eu ainda não consegui merecer a minha canonização, e estava prestes a ser obrigada a me enrolar na bandeira do (ecat) São Paulo, tinha todos os motivos reais pra ser extremamente grossa com qualquer pessoa que cruzasse meu caminho, incluindo desconhecidas loucas que insistiam em falar de amor enquanto eu estava interessada apenas em futebol.

Com toda a minha delicadeza e doçura de mulher que já havia bebido umas 5 cervejas e estava prestes a pagar o mico do século, acabei por fazer com que a louca fosse atrás de outras vítimas. Pensando bem, ela nem devia ser tão louca assim, já que saiu da nossa mesa pra ir sentar-se na mesa mais "interessante" do bar. Obviamente que eu fiquei encarando a mesa-vitima da louca não por causa da louca, e mais obviamente ainda que, qualquer coisa, eu tinha a desculpa de estar observando qual seria a próxima que a louca aprontaria.

Não precisei dar desculpas, só precisei sentir o estômago embrulhando na hora que o bar inteiro ensaiou um coro do hino do (ecat) São Paulo, e ir pra rua dar uma respirada.

Voltei pra mesa, uns 15 minutos depois, muito bem acompanhada por um cara tipo burguês/tipo macho (é, o antônimo de burguês é macho, juro), que prometeu nunca na vida falar de política comigo. E desde então, até hoje, nunca brigamos por causa do Fernando Henrique Cardoso.

Enfim (3),

Saí de casa, na esperança de ver o Rodrigo com a camisa do Corinthians, e acabei tendo que me cobrir com a bandeira do São Paulo.
Saí de casa, totalmente "futebolística" e voltei meio assim, "e até quem me vê lendo o jornal na fila do pão", do Los Hermanos.

É, Rodrigo, eu sou um fracasso. Uma pessoa que quase cumpre o script, não fosse as cervejas e a bendita vontade de sempre apostar pra ver.

São Tomé tinha razão.


Azar no jogo, sorte no amor, dizem...




Texto-Réplica ao "Frêcasso", do blog mimself do Rodrigo-José, meu inimigo mais íntimo.


http://mimself-jan.blogspot.com/2008/12/frcasso.html?showComment=1230400860000#c1966219762012231803

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Hoje é véspera de natal.
Dia de ficar mais emotiva, mais paciente, mais amorosa, mais mais mais, dizem.

Eu acho isso tudo uma grande bosta. Não que eu seja darkérrima, uma puta mulher insensível, ou cult o suficiente pra entrar na moda da "deprê de natal". Só não gosto das comemorações fakes e do clima forçado e ponto. Posso apenas não gostar de algo sem que pra isso ocorra a terceira guerra mundial e a primeira invasão alienígena não-cinematográfica? Grata.

Vou passar a ceia no hospital, pela primeira vez sem barulho, só eu e a pessoa que eu mais amo no mundo. Talvez eu passe a ver a data com mais carinho depois dessa noite crua de sentimentos verdadeiros, talvez eu passe a ter motivos reais pra odiar a data depois dessa noite preocupante de aflições verdadeiras.

Uma coisa é certa: Não passo imune ao natal esse ano. E qualquer que seja a impressão que eu vou levar de hoje pros próximos 75 natais, espero que as chaminés, ao menos, sejam limpas.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

(...) mas eu não via mais ninguém além dele. Eu já o tinha visto antes, não ali. Fazia tempo, não sabia onde. Eu tinha andado por muitos lugares. Ele tinha um jeito de quem também tinha andado por muitos lugares. Num desses lugares, quem sabe. Aqui, ali. Mas não lembraríamos antes de falar, talvez também nem depois. Só que não havia palavras. Havia o movimento, a dança, os corpos meu e dele se aproximando mornos, sem querer mais nada além daquele chegar cada vez mais perto.

(Terça-feira gorda)

Do Caio.

Pra quem tem feito do olho do furacão uma brisa de uma tardezinha de outono.

domingo, dezembro 14, 2008

Cervejas. Futebol. Acaso. Conversas.
Músicas. Coincidências. Conversas.
Beijos. Abraços. Conversas.
Mensagens. Ligações. Conversas.
Sintonia. Química. Ritmo. Conversas.
Mercado. Barrinhas de cereal. Iogurte. Conversas.



Mas não era pra ser assim. Não era pra ser tão simples. Tão natural. Tão "Vamos Indo".



Eu não admito conseguir me sentir segura perto de alguém que me faz tão bem. Talvez algum masoquismo emocional possa explicar esse lance de identificação com barras pesadas e complicações, mas a verdade é que ele me olha de um jeito doce e muda todo o panorama que eu demorei 24 anos pra construir. E eu fico parecendo uma criança assustada na primeirda ida ao parque de diversões.



E me irrita que ele seja tão leve, tão "não se peocupa, eu cuido de você", tão sem desespero. E me irrita que ele goste tanto da minha companhia. E me irrita que ele me respeite acima de qualquer coisa. Porque eu tava esperando alguém que me sacaneasse. Alguém que não tivesse muito aí pros meus problemas. Alguém de "se". E ele chega e chuta todos os meus grilos e minhas expectativas de frustrações pra puta que o pariu quando diz "Fe, conversa comigo". E me tira o direito de fazer bico e ir embora achando que todos os homens são uns idiotas e que a vida é assim mesmo e que eu mereço, eu mereço, eu mereço...



Eu acho um saco esse lance de não conseguir ser dramática, mas ele não deixa. Eu acho um saco esse lance de não conseguir complicar as coisas, mas ele não deixa. Eu acho um saco esse lance de não conseguir achá-lo um idiota, mas ele não deixa. Eu acho um saco esse lance de não conseguir achar que meu destino é quebrar a cara 8 vezes por semana, 32 dias por mês, 367 dias por ano, mas ele não deixa.



E ele, que não deixa tanta coisa, foi me deixar, justamente, começar a achar que esse lance de amor até que me cai bem.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui quase toda noite. Não por você, nem por outros como você.

Pra ele, me guardo.

(Dama da Noite- Caio Fernando Abreu)

domingo, novembro 23, 2008

Estou passando por uma das fases mais doloridas e difíceis da minha vida. E não há nenhum drama ou exagero nessa afirmação.
O que me faz prometer nunca mais reclamar das minhas dores que passam com analgésicos e das minhas crises existenciais que passam com tapas na cara quando a tempestade passar.

A vida é dura pra caralho, mas se torna doce quando se tem amigos pra ajudar a segurar a barra.
E descobri, nesse meio tempo, que sozinha eu não consigo nada , nem atravessar a rua sem tremer as pernas.

Entre tantas pessoas que me surpreenderam positivamente esses dias, agradeço em especial à Paty, Rodrigo, André, Paulo, Danilo e Priscila. Pela força, pelo carinho, pelos conselhos, pelo cuidado e por tudo que eu precisava pra continuar encarando de frente a situação.

Sem eles, nada.

domingo, novembro 16, 2008

Estou A-P-A-I-X-O-N-A-D-A!

Juro. Apaixonadissima.

E tudo estaria indo muito bem não fosse um detalhe... Ele não me conhece, quer dizer, nem eu o conheço. Eu só sei das coisas do caralho que ele escreve.

Estava eu, tranquilamente em frente ao computador pesquisando sobre filosofias inadequadas (sim, sou apaixonada por ficar em casa sem fazer nada tentando encontrar humor em coisas extremamente mal humoradas por natureza) e me deparo com o blog do cara relacionado a esses temas adoráveis. Como eu sou uma pessoa muito ocupada, principalmente aos domingos, resolvi entrar, puxar uma cadeira e me servir de café.

De cara já abri num puta texto do cara sobre psicologia de resultados. Texto com aquela pitada de humor disfarçado de indignação canalha, aquela coisa de malandro que te olha de canto de olho pra que ninguém mais perceba, além de você, óbvio, que ele está olhando.

E assim passei 5 horas gozando no pau literário do cara. Texto por Texto. Linha por linha. Palavra por Palavra.

Não sei nada sobre ele, a não ser que é um jornalista-desconhecido-pseudo-burguês-classe-média-contemporânea-branquelo-gigante-por-natureza-palmerense-e-inimigo-do-(ecat)PSDB, segundo descrições do próprio. Tem maior contradição que isso? Não, não tem. Por isso me apaixonei. Porque ele é um absurdo. (Alô, alô, Patrícia, aquele abraço!)

Ele se sabe ridículo e tá se lixando pra isso. E acha graça dele e das pessoas iguais a ele. E tira sarro dos imbecis que não percebem que são imbecis.

E o melhor, ele não sabe nem que eu existo (o que lhe dá um certo ar blasé na minha visão pura de mulher apaixonada), quiçá, que estou neste momento, muito bem comida por suas palavras cheias de sacanagens e putarias "verborrágicas".

E certamente vai morrer lutando pela liberdade de expressão irônica e debochada sem saber que eu me apaixonei por ele, e que escrevi um texto em homenagem a esse amor-eterno-amor neste 16 de novembro de 2008 (E certamente, com o passar dos anos, eu vá morrer negando isso)

É isso. E ele ainda se chama Fernando (Se eu soubesse desenhar corações aqui, essa era a hora). E ele ainda conhece os poemas de Drummond. E ele ainda é Um Romântico. E ele ainda joga tudo no mesmo saco, mata o gato e tira o coelho da cartola:

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João virou tucano, Teresa agora é lésbica, Raimundo tornou-se porteiro no centro, Maria tem depressão da meia idade, Joaquim morreu de cirrose e Lili está fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser para sempre seu. (Carlos Drummond e Alexandre Pires)


Eu te amo, Fernando Vives!

Ou pra homenagear o momento "Eu bebo sim e estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo" de Patrícia-Maria:

Fernando Vives Rules!

domingo, novembro 02, 2008

Eu tenho um pai apaixonado por fórmula 1. O que me fez, desde pequena, criar o hábito de acordar cedo aos domingos pra assistir as corridas e me interessar por esses lances de velocidade e tal.

Hoje o Massa perdeu um campeonato mundial na última curva. ÚLTIMA CURVA, puta que o pariu. Questão de segundos e tal. Uma corrida que já começou praticamente perdida e que foi até a última curva com enormes possibilidades de "vai dar".

E eu fiquei lá, pulando em frente a TV feito uma retardada na última volta. Não deu, mas foi bem bacana ver pessoas que dizem por aí que fórmula 1 é o esporte mais sem emoção do planeta, com os olhos arregalados e a boca aberta. Isso foi bem melhor que ver o Galvão se fodendo. Juro.


E eu, que sempre derrapo nas curvas da vida, agora tenho um bom motivo pra dar mais dramaticidade ao meu trauma.





Ah, meu pai é corintiano doente também. E ateu convicto.


Heranças.
Eu poderia ter parado, sabe?

Poderia ter parado quando ele usou aquele maldito plural. Ou quando ele me disse de forma clara que não havia problema algum em sermos "amigos". Ou quando ele me diz não saber quando vamos nos falar novamente.

Eu poderia parar agora que eu tô lembrando de todos esses sinais que disparam o botão de "alerta". Mas todas as vezes que eu estou abrindo a porta da rua pra ir embora, dou uma olhadinha pra trás, e ele está lá, acenando e sorrindo, sem me cobrar nada, sem esperar nada, sem me pedir pra ficar. E eu fico. Fico exatamente por isso. Por que não me sinto obrigada a ficar, não me sinto obrigada a corresponder expectativas, não me sinto obrigada a ser porto seguro de ninguém. E essa é a merda toda. A leveza dele desmonta a minha intensidade. A doçura dele vence a minha agressividade. A calma dele cala a minha urgência. E eu fico só mais hoje. E tem sido hoje todos os dias.

E eu continuo fingindo que tá tudo bem, mesmo sem saber fingir que tá tudo bem. E ele continua fingindo que acredita no meu fingimento, mesmo sem saber fingir que acredita no meu fingimento. E assim, fingindo daqui e dali, o tempo inteiro estamos sendo honestos, do nosso jeito torto, com a vontade que temos de estarmos perto sem dependências.

E talvez por isso, esse seja um dos lances mais "de verdade" que eu já senti.
E talvez por isso, esteja sendo tão difícil fechar a porta.





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É, eu também só me equilibro no excesso, Clarah.
Mas dessa vez, só dessa vez, eu aceito ir tateando.
A falta de calma dos meus olhos já basta para derrubar um batalhão, não preciso de mais do mesmo. Algumas vezes só quero conseguir fechá-los num ombro que me faça parar.

Eu não prefiro nada, simplesmente vou se acho que devo. Com ou sem certeza.













































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sábado, novembro 01, 2008

Natureza Viva

Como você sabe, dirás feito um cego tateando, e dizer assim, supondo um conhecimento, faria quem sabe o coração do outro adoçar um pouco até prosseguires, mas sem planejar, embora planejes há tanto tempo, farás coisas como acender o abajur do canto depois apagar a luz mais forte, criando um clima assim mais íntimo, mais acolhedor, que não haja tensão alguma no ar, mesmo que previamente saibas do inevitável das palmas molhadas de tuas mãos, do excesso de cigarros e qualquer coisa como um leve tremor que, esperas, não transparecerá em tua voz. Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, sim como você sabe, a gente, as pessoas, infelizmente têm, temos, essa coisa, emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não desviar-te demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis-não-formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem, e sobretudo emoções. Que nem se mostra. Por tudo isso, infelizmente, repetirás, insistirás, completamente desesperado, e teu único apoio seria a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez, através de cada palavra estarás quem sabe afastando para sempre. Mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado, e um pouco mais dramático, porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira. O outro te olhará com seus olhos vazios, não entendendo que teu ritmo acompanharia o desenrolar de uma paisagem interna, absolutamente não-verbalizável, desenhada traço a traço em cada minuto dos vários dias e tantas noites de todos aqueles meses anteriores, recuando até a data, maldita ou bendita,
ainda não ousaste definir, em que pela primeira vez o círculo magnético da existência de um, por acaso banal ou pura magia, interceptou o círculo do outro. No silêncio que se faria, pensas, precisarás fazer alguma coisa, como colocar um disco ou ensaiar um gesto, mas talvez não faças nada, porque ele continuará te olhando com seus olhos vazios, no fundo dos quais procuras, mergulhador submarino, o indício mínimo de um tesouro escondido para que possas voltar à tona com um sorriso nos lábios e as mãos repletas de pedras preciosas. Mas nesse silêncio que certamente se fará, talvez acendas mais um cigarro, e com a seca boca cerrada, sem nenhum sorriso, evitarias o mergulho para não correres o risco de encontrar uma fera adormecida. Teu coração baterá fortemente, sem que ninguém escute, e por um momento talvez imaginas que poderias soltar os membros e simplesmente tocá-lo, como se assim conseguisses produzir uma espécie qualquer de encantamento que de repente iluminaria esta sala com aquela luz que tentas, em vão, descobrir também nele, enquanto dentro de ti ela se faz quase tangível de tão clara. Nítida luz que ele não vê, esse outro sentado a teu lado na sala levemente escurecida, onde os sons externos mal penetram, como se estivessem os dois presos dentro de uma bolha de ar, de tempo, de espaço, e novamente encherás o cálice com um pouco mais de vinho para que o líquido descendo por tua garganta trêmula vá de encontro a essa claridade que tentas, precário, transformar em palavras luminosas para ofender a ele. Que nada diz, e nada dirás, e sem saber por quê pensas um extenso corredor escuro onde tateias, feito cego, as mãos estendidas para o vazio, pressentindo o nada, que tu mesmo prepararias agora, suicida meticuloso, através de silêncios mal tecidos e palavras inábeis, pobre coisa sedenta, te feres, exigindo o poço alheio para matar tua sede indivisível. Anjos e demônios esvoaçariam coloridos pela sala, mas o caçador de borboletas permanece parado, olhando para a frente, um cigarro aceso na mão direita, um cálice cheio de vinho na mão esquerda. A presença do outro latejaria a teu lado, quase sangrando, como se o tivesses apunhalado com tua emoção não dita. Tuas mãos apoiadas em bengalas mentirosas não conseguiriam desvencilhar o gesto para romper essa espessa e invisível camada que te separa dele. Por um momento desejarás então acender a luz, dar uma gargalhada ridícula, acabar de vez com tudo isso, fácil fingir que tudo estaria bem, que nunca houve emoções, que não desejas tocá-lo nem conhecê-lo, que o aceitas assim latejando amigo velo remoto, completamente independente de tua vontade, te todos esses teus informulados sentimentos. No momento seguinte, tão imediato que nascerá, gêmeo tardio, quase ao mesmo tempo que o anterior, desejerás depositar o cálice, apagar o cigarro e estender duas mãos limpas em direção a esse rosto que sequer te olha, absorvido na contemplação de sua própria paisagem interna. Mas indiferente à distância dele, quase violento, de repente queres violar com tua boca ardida de álcool e fumo essa outra boca a teu lado. Desejarás desvendar palmo a palmo esse corpo que tá tento tempo supões, até que as palma famintas de tuas mãos tenham percorrido todos os caminhos, até que tua língua tenha rompido todas as barreiras do medo e do nojo, tua boca voraz tenha bebido todos os líquidos, tuas narinas sugado todos os cheiros e, alquímico, os tenha transmutado num só, o teu e o dele, juntos - luz apagada, peças brancas de roupa cintilando, jogadas ao chão. Desejá-lo assim, a esse outro tão íntimo que às vezes julgas desnecessário dizer alguma coisa, porque enganado supões que tu e ele, vezenquando, sejam um só, te encherá o corpo de uma força nova, como se uma poderosa energia brotasse de algum centro longínquo, há muito adormecido, quem sabe dessa luz oculta, é então que sentes claramente que ele não é tu e que tu não serás ele, essa coisa, o outro, que mágico ou demoníaco, deliberado ou casual, te inflama assim, alucinando tua alma. Queres pedir a ele que, simplesmente sendo, te mantenha nesse atormentado estado brilhante para que possas iluminá-lo também com teu toque, com tua língua terna, com a vara de condão de teu desejo. Mas ele nada sabe, nem saberá se permaneceres assim, temeroso de que uma palavra ou gesto desastrados seriam capazes de rasgar em pedaços essa trama onde te enleias cada vez mais sem remédio, emaranhado em ti, em tua viva emoção, emaranhado no desconhecido de dentro dele, o outro - que no lado oposto do sofá cruza as mãos sobre os joelhos, quase inocente, esperando atento, educado, que de alguma forma termines o que começaste. Muito mais que com amor ou qualquer outra forma tortuosa de paixão, será surpreso que o olharás agora, porque ele nada sabe de tu próprio poder sobre ti, e neste exato momento poderias escolher entre torná-lo ciente de que dependes dele para que te ilumines ou escureças assim, intensamente, ou quem sabe orgulhoso negar-lhe o conhecimento desse estranho poder, para que não te estraçalhe impiedoso entre as unhas agora calmamente postas em sossego, cruzadas nas pontas dos dedos sobre os joelhos. Ah: fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro o cheiro preciso dele. Que não suspeitará de tua perdição, mergulhado como agora, a teu lado, na contemplação dessa paisagem interna onde não sabes sequer que lugar ocupas, e nem mesmo estás. Na frente do espelho, nessas manhãs maldormidas, acompanharás com a ponta dos dedos o nascimento de novos fios brancos nas tuas têmporas, o percurso áspero e cada vez mais fundo dos negros vales lavrados sob teus olhos profundamente desencantados. Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno. Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa. Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur do canto da sala depois de apagar a luz mais forte. E começas a falar
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( Caio Fernando Abreu)


Um Puta que o Pariu bem grande pra esse texto, com toda a doçura vibrante de cada palavra.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Corda bamba

Confusa. Insegura. Insone. Amedrontada. Indesefa. Impotente.

Na corda bamba, corpo pro lado esquerdo, cabeça pro lado direito e coração sem nenhum equilíbrio. E eu que pensava que isso só acontecia com os outros ...

Essa dor de não ter o que fazer. De ter que aprender a decifrar os códigos da paciência. De ser compreensiva com a situação. De olhar de longe pra saber se tá tudo bem. De engolir o contato pra evitar o atrito. De não poder ficar puta com a ausência.

E justo eu, que sempre pequei pelo exagero das ações, me vejo sem movimento.

É o avesso do avesso do avesso.

Não era pra ser assim. Não era pra ser tanto. Não era.
Mas ele me deu um nó sem intenção nenhuma de me prender.

Amarrada no alto de uma corda bamba, é isso. E sem asas.

É minha estréia nesse número, espero que a queda não seja fatal.

quarta-feira, outubro 29, 2008

Música pra ler e tal

Ultimo Romance
Los Hermanos


Eu encontrei-a quando não quis
mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocara minha TV
num jeito de te levar
a qualquer lugar que você queira
e ir onde o vento for, que pra nós dois
sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar.



.


É, eu ando boba assim-assim.



domingo, outubro 26, 2008

Tiro Ao Álvaro

Tem dias que eu ando sem inspiração pra escrever. Tem dias que eu ando sem vontade de falar sobre coisas bonitas-doces-gentis. Tem dias que eu ando de saco cheio até pras lambidas de bom dia do Huguinho



Não há nada de errado, eu penso, são só dias sem cor, como tantas outros que já bateram na janela do meu quarto.



Mas ontem alguma coisa mudou. Por algumas horas, eu voltei a me sentir super colorida-com-purpurina. Me sentir inteira, maduramente falando. Ir ao limite do meu querer, botar pra fora todos os gritos e sussurros, todo aquele lance brega de se entregar de peito aberto e tal.



Não, eu não estou falando de uma foda. Quer dizer, não no sentido físico da coisa. Estou falando de botar pra foder a alma. De sentir o coração acelerando, o arrepio na pele, a raiva invadindo o cerébro e todas essas sensações de gente viva que gosta de se sentir viva.


Do impossível correndo ali, ao meu lado e eu pouco me lixando pro peso da palavra, tentando puxá-lo pra mim. Já estava esquecendo qual era a sensação de esticar o braço.



Eu poderia fugir, claro. Seria muito mais prático e menos doloroso. Mas eu sou uma merda de uma mulher que acha que a vida só vale a pena no limite. Só é bom de alma inquieta. E com todas as impossibilidades sendo reviradas de ponta cabeça. E com tudo doendo. E com tudo queimando. E com tudo.



É claro que eu queria ser a fodona-madura-e-racional. É claro que eu me fodo. É claro que eu odeio o complô que o mundo faz pra eu me foder. É claro que eu me arrependo de ter me fodido tão feio. Mil vezes eu me arrependo. Mil vezes eu não sei como voltar atrás. Mil vezes eu não sei reconhecer meu erro. E mil vezes eu acredito cegamente que não vai acontecer de novo. E acho mesmo que bato um milhão dessas mil vezes até o fim da vida.


Distância-Condições-Oceanos-Tempo-Certo-Errado-Maturidade-Consciência-Medo-Fragilidade-Timidez-Chance-Fuso Horário-Estilo Musical-Política-Religião.

Sempre há uma desculpa esperando pra ser usada.

Mas o destino consegue ser ainda mais filho da puta quando a gente tenta passá-lo pra trás.

No fim das contas a porra do senhor "Inevitável" sempre vira o jogo e dá o xeque-mate no frágil senhor "Impossível".

E eu, com toda a minha dignissíma ignorância no tabuleiro e em toda a calma e paciência que o jogo pede, continuo achando que o lance é só não desviar dos tiros.

Tiro Ao Álvaro, dizem.

sábado, outubro 18, 2008

Ele já foi aspas da maioria das minhas citações. Nenhuma outra pessoa me deixou tão sem saber "o que será que será" quanto ele.

Ao lado dele eu fui cobrada, diminuida, dobrada, enrolada, arregaçada, acusada, culpada, desnorteada. E acolhida.

E ainda assim, eu nunca consegui ir embora de vez. E ainda assim, ele nunca conseguiu me deixar ir embora de vez.

É um sei lá com gosto de certeza. A certeza de ter alguém que sempre fica. Mesmo que seja pra ajudar a arrumar a bagunça da casa quando todas as festas acabarem.







Ao som de Los Hermanos.

terça-feira, outubro 14, 2008

Tá, eu sei. Faz tempo. Não tô cuidando disso direito. Tô relapsa. Etecétera e tal.

E aí eu fiquei pensando nas coisas que deixamos num cantinho mesmo quando queremos deixá-las no centro. Nas prioridades que ocupam o espaço das vontades. No amor-próprio. No egoísmo necessário. No ir embora pra continuar inteiro.

E pensando nisso, descobri que Marcelo Camelo já disse tudo que eu gostaria de dizer hoje aqui.

Então, fica assim ó:


Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar
Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta
E não pensa que eu fui por não te amar
Quero ver você maior, meu bem
Pra que minha vida siga adiante
Adeus você
Não venha mais me negacear
Teu choro não me faz desistir
Teu riso não me faz reclinar
Acalma essa tormenta
E se agüenta, que eu vou pro meu lugar
É bom...
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom
Quero não saber de cor, também
Pra que minha vida siga adiante.








- É.
- Pois é.

domingo, setembro 21, 2008

Registro

Esse pedaço é só pra registrar o meu orgulho pelo pai da Kika e do Gabiru.

Por uma atitude que ele teve recentemente e que, de certa forma, já era esperada por mim.

De todo jeito é sempre bom registrar ( e desmentindo aquela velha história de que "Nenhuma admiração resiste a proximidade") o quanto é gostoso saber que conhecemos bem as pessoas que admiramos e vice-versa.

E eu sempre me apaixono por ele durante esses momentos.

Como disse o Rodrigo: "Odeio admitir, mas o cara é foda!"

Do coração ao caráter.

Ele sabe.

Um beijo no rosto

Você já ligou eufórica pra uma amiga pra contar que havia recebido um beijo...

... No rosto?


Eu já.

E vejam bem, foi um singelo beijo no rosto, nada de língua na língua, roupa rasgada, mão na bunda e essas coisas. E olha, fazia tempo que um gesto tão puro não me fazia tremer tanto na base.

Dá pra entender?


Repito: Um beijo no rosto. Nenhuma segunda intenção. E tantas possibilidades...









Em tempo: Beijo no Rosto, pelos próprios históricos desse blog, deve ser meu calcanhar de aquiles. Só pode. Só phode.

" Prostituta que fosses...

... Eu te amaria do mesmo modo

Porque o amor como o fogo, purifica o que toca."




Hoje é pra você que eu escrevo, e eu escrevo porque eu sei que você me lê, no amplo sentido da expressão.

É muito bom tê-la na minha vida, e digo vida porque sei muito bem a diferença entre vida e dias. E sei também o quanto é difícil pra gente suportar tanta coisa, tantas pessoas, tantos motivos, e tantos tantos sem perder o tom. É isso. Em um ano e meio a gente foi capaz de criar o nosso próprio tom, um tom inalcançável pela maioria das pessoas que, de alguma forma, fazem parte da nossa história. O que não é estranho, já que nesse tempo a gente se especializou em criar. Criar risadas, expressões, assuntos, barracos, declarações, e o povo sempre lá, esperando a próxima moda da estação.... Eu acredito mesmo que um dia seremos reconhecidas como a maior dupla criadora de confusões e frases de impactos da história tecnológica do mundo.

É lindo, sabe? As pessoas imediatamente nos associam uma a outra, seja qual for o assunto, e isso não se consegue impunemente. E eu tenho o maior orgulho, você nem desconfia.

Claro que não poderiam faltar as pessoas que torcem contra. Porra, a gente sabe. Tanta gente torcendo contra, né, amor? E olha, nem é um filme de romance digno de oscar.

E a gente passou por tudo isso. Foi um ano e meio de tanta gente como a gente ficando pelo meio do caminho, tanta parceria como a nossa sendo desfeita, e a gente continua aí, incomodando pra caralho. Não tanto quanto no tempo em que o mundo era bão, sebastião, mas o suficiente pra garantir gargalhadas dominicais.

Hoje, vendo nosso antigo álbum de fotografias em letras, eu tive a certeza do quanto a gente é melhor juntas, foda-se quem pensa o contrário. Dane-se quem acha que somos muito diferentes, que você não é confiável, que eu sou falsa e que mantemos uma amizade de aparências. "Deixe que diguem que pense que falem". Como diria a legenda do Caio ( não o nosso, aquele que você achou narigudo demais) : "Há tanto carinho..."

E a gente não precisa mais que as pessoas saibam da gente, e mesmo assim, elas sabem. Porque é interessante saber da gente, porque há uma história aqui e histórias escritas em tempo real despertam mesmo o interesse das pessoas. Acho que todo mundo espera um fim, saca? E a gente vai passando por tudo isso cada vez mais seguras, mais fodonas, mais rainhas da bala xiita...

É lógico que nada disso é um mar de rosas, mas eu nunca acreditei mesmo nessa coisa de contos de fada. E eu sei que a gente ainda vai brigar muito, se decepcionar muito, se afastar muito, se ofender muito, mas aí vai ter o Caio, vão ter os segredos maiores do universo, vão ter as vergonhas que passamos juntas, vão ter as preocupações que tivemos uma com a outra, vão ter as risadas escandalosas que demos, e a gente vai segurar a onda. Porque é isso que fazemos de melhor, né? Voltar. A gente sempre volta pra gente. Sabe, pode-se camuflar qualquer coisa, mas não se apaga cumplicidade, e quando as coisas apertam é uma na outra que encontramos força. Sabe aquele lance do Caio de "Tô contigo e não abro"? É, amor, ele escrevia pra gente sim. Juro.

Sei lá, eu tenho tanta coisa pra te dizer, tanta tanta, que eu sei, essa sua cara de pau te faria escrever um comentário do tipo "Eu já sabia, Galvão", então acho bonito preservar algumas histórias que são só nossas. Mas eu queria mesmo era dizer que foi de muito amor a tarde que passamos juntas hoje. Dos textos que eu leio as coisas absurdas que me acontecem no dia-a-dia, é sempre de você que eu lembro. E olha, isso é tanto.

E eu sei, no fim das contas, as coisas mais absurdas e legítimas da minha vidinha sacana, é sempre só com você, é sempre só por você.

Por que? Sei lá,

"Eu te soprei e você não se desfez."


Importa mais o que?



Boa noite, "Fátima".

domingo, setembro 07, 2008

Doces fragmentos

Uma coisa é se equivocar, encher de mensagens com "Acordei e você não estava aqui". Tudo bem, acontece.
Erros. Enganos. Danos. Acontece mesmo, eu entendo.
Uma coisa é sentar num banquinho e fazer promessas que vão se evaporar mais rápido que éter. Realmente está bem, acontece.


Outra coisa é se dizer sincero, falar com o coração que não vai ferir ninguém, e negligenciar o fato de que o coração é "Brutus".

.
Tá tudo bem, acontece.











.
Mas não deveria.

.
( Patrícia Catizani, ex-assassina de ratos e atual minha-escritora-mineira-preferida, em breve num pau da goiaba pertinho de vocês. )

Música pra Ler ( Perdi a Conta)

Telhados De Paris

.
Venta
Ali se vê
Onde o arvoredo inventa um ballet
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado e mais parece outros país
Que me estranha mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito
.
O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
E de versos certos, corretos
O resto da paixão, reguei
Vai servir pra nós
O doce da loucura é teu, é meu
Pra usar a sós
.
Eu tenho os olhos doidos, doidos já ví
Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti




.
Música do Nei Lisboa, mas muito muito muito mais gostosa de ouvir na voz de outro gaúcho.

sábado, setembro 06, 2008

Da novela

De século em século, aparece uma cena com diálogos "surpreendentemente" belos nas novelas globais. E, quis o destino que eu, num sábado a noite, sozinha em casa e com dores no corpo, presenciasse uma delas.

Eu não sei qual o nome ou a história dos personagens, mas era entre o Cauã Reymond e Mariana Ximenes:

Ela sentada no meio do mato sozinha e ele aparece do nada e diz que seguiu o cheiro dela, chega bem perto e pergunta o que ela sente quando sente o cheiro, o hálito, a vibração dele. Ela diz, bem desnorteada por sinal, que o lance deles é apenas físico e que ela precisa de mais. E esse mais que ela procura em um homem, ele não pode oferecer a ela.

Ele pega a mão dela e leva até o seu peito e pergunta se ela está sentindo o coração dele. Ela diz que sim, que está batendo muito forte. E ele diz:

- Então, o que um homem pode te oferecer que seja maior que isso?



(Corta a cena e eu volto a achar a globo uma merda)

O Não Romantismo

Cena I: Hora do café com gelo.



Rapaz sentado na mini-cozinha pensando na vida. Moça se aproxima, puxa um banquinho e se senta de frente para o rapaz.

Moça sente dor nos dedos da mão, rapaz pede pra ver a mão da moça. Rapaz se aproxima mais da moça e com as mãos começa a fazer movimentos suaves nos dedos dela.



Cena II: A desavisada.



Eis que entra pela porta da mini-cozinha sem bater, a moça da limpeza. Ao se deparar com a cena do rapaz inclinado segurando a mão da moça, a moça da limpeza imagina estar presenciando um pedido de namoro-noivado-casamento, e se comove. Não por muito tempo, já que ambos, o rapaz e a moça, caem na gargalhada.

A moça da limpeza sai de cena sem entender lhufas, achando bizarro o comportamento daqueles dois.



Cena III: A pior declaração do século.



Ele continua com as mãos no dedo dela, ela diz que aquele cuidado com a dor dela foi a coisa mais linda que ele já fez. Ele responde que faria por qualquer pessoa que estivesse com dor. Eles ficam em silêncio. Ela diz que só queria que ele gostasse dela como ela gosta dele. Novamente, silêncio. E ela, percebendo o constrangimento, tenta consertar, soltando a mão e dizendo:



- Assim, quando eu disse gostar, não disse gostar do jeito que uma mulher gosta de um homem, eu quis dizer que é a sua personalidade que me agrada, sabe? É isso, eu gosto muito da sua personalidade.

- Eu também gosto muito da sua personalidade.



Ambos caem na gargalhada mais uma vez, ao perceberem, no mesmo instante, que é muito mais fácil dizer que se gosta da personalidade de alguém ( mesmo sendo algo ridículo de se ouvir) do que dizer apenas que se gosta de alguém, sabendo que no fim das contas, é o verbo que importa.



Gran finale

Eles voltam pro trabalho, com a sensação de que algumas pessoas não nasceram pro romantismo, e que isso, bem, isso não faz a menor diferença.

sábado, agosto 30, 2008

Dia de listas

Hoje está nevando em São Paulo, e eu decidi ficar em casa, fazendo listinhas s-u-p-e-r-i-n-t-e-r-e-s-s-a-n-t-e-s sobre mim, obviamente, pra postar no blog nos intervalos do meu chocolate quente. É, o mundo é bão, Sebastião e gira em torno do meu umbigo!



Coisas que me encantam,

- Declarações inesperadas
- Cerveja com os amigos
- Voz e violão
- Estampas de bolinha
- Óculos de sol gigantes
- Sorriso de olhos
- Beijo na testa
- Costeletas
- Roçar de barba
- Vestidinhos rodados
- Cabelos curtos
- Covinhas
- Sotaques
- Cores
- Andar de mãos dadas
- Cafés da manhã de hotéis
- Pulseiras
- Tatuagens
- Contrastes
- Coragem
- Demonstração de segurança
- Massagens
- Mordidas na orelha
- Obstinação
- Cachecol
- Olhares diretos
-Toques firmes
- Bons textos
- Criatividade
- Naturalidade
- Cachorros.
- Declarações de amor com canetinha, na palma da mão

Coisas que me desencantam,

- Cheiro/gosto/textura de Caju
- Gatos
- Seguidores da moda
- Raves/música eletrônica
- Gírias moderninhas
- Praia
- Ostentação
- Alienação
- Covardia
- Burrice
- Cafonice
- Perfeccionismo
- Efusividade
- Baladas
- Fraqueza emocional
- Puxa-Sacos
- Fofoqueiros
- Acordar cedo
- Barbies e kens
- Roupas apertadas
- Cinto, bolsa e sapato combinando
- Pessoas sem sal
- Forçação de barra
- Peixe
- Toques leves
- Conversas pela metade
- Pré-conceitos.

Ao Mestre com carinho




• "Quando eu ouvi a voz de Elvis pela primeira vez eu sabia que não ia trabalhar para ninguém e ninguém seria meu chefe. Ele é o deus supremo do rock and roll hoje. Ouvir Elvis e como escapar da prisão. Eu agradeço à Deus por Elvis Presley." - Bob Dylan


• "Eu agradeço à Deus por Elvis Presley. Agradeço a Deus por ter mandado Elvis para abrir a porta para que eu pudesse atravessar e caminhar pela minha estrada...." - Little Richard


• "Pat Boone cantava a música negra, Elvis sentia a música negra." - Steve Braun


• "Daqui há dois mil anos ainda estarão falando sobre Elvis Presley." - Wolfman Jack


• "Antes de Elvis, não havia nada." - John Lennon


• "Elvis foi o primeiro e o maior." - Roy Orbison


• "Elvis Presley é o grande catalizador da história do Rock!" - Phil Spector


• "Elvis foi o ponto inicial, onde tudo começou para nós" - Robert Plant


• "Elvis Presley é o verdadeiro Lázaro do século XX, nem Elvis conseguiu matar Elvis" - Albert Goldman


• "Só existia uma pessoa que os Beatles queriam conhecer nos EUA: Elvis!" - John Lennon


• "Conhecer Elvis Presley foi um dos grandes momentos da minha vida" - Paul McCartney


• "Ele não foi apenas um cantor e sim um fenômeno histórico" - Roy Orbison


• "Os meus cantores preferidos sempre foram Elvis Presley e Frank Sinatra" - Jim Morrison


• "Elvis Presley é o Big Bang do Rock'n'Roll, o começo de tudo" - Bono Vox


• "Elvis é uma criança do Sul que está ligado à Terra e é um verdadeiro pioneiro do Rock" - Little Richard


• "Eu Acho que uma parte da América morreu com o falecimento de Elvis" - Carl Perkins


• "Elvis ensinou a América a curtir" - James Brown


• "Nada realmente me influenciou até Elvis Presley" - John Lennon


• "Foi Elvis que realmente me colocou na música. Quando eu ouvi 'Heartbreak Hotel' eu pensei é isso!" - Paul McCartney


• "Não há maneiras de medir o seu impacto na sociedade ou o vazio que ele deixou. Ele sempre será o Rei do Rock'n'Roll" - Pat Boone


• "Houve vários concorrentes, mas só um Rei" - Bruce Springsteen


• "Elvis é o maior cantor de Blues " - Joe Cocker


• "Elvis Presley era o símbolo da vitalidade, rebeldia e bom humor deste país" - Presidente Jimmy Carter


• "Sem Elvis nenhum de nós teríamos feito isto" - Buddy Holly


• "Elvis é o meu Homem" - Janis Joplin


• "Elvis Presley é a maior força cultural do século" - Leonard Bernstein
.
Incrédulos devem ver e ouvir as evidências.
Contra fatos não há argumentos.
.
A defesa encerra.

Só mais uma.

Eu vou dizer p-a-u-s-a-d-a-m-e-n-t-e e pela última vez pra ver se você entende.

O problema, meu bem, não é nos encontrarmos por acaso e acabarmos a noite numa cama quentinha fazendo sexo selvagem sem nenhum compromisso. O problema é você me tratar, nessa hora, como se eu fosse a mulher da sua vida. Eu não tô pedindo pra você ser pior na cama, ou pular as preliminares ou só me deixar mais-ou-menos excitada, eu tô te pedindo apenas pra ser comigo o que você é com todas as mulheres que você come de vez em quando, nem mais nem menos, porque hoje em dia, é isso o que eu sou pra você.

Quando você me disse, naquele dia em que decidimos nos afastar, que não daríamos mesmo certo, que você não era apaixonado por mim, que tinha sido bom mas que não dava mais pra continuar, eu acreditei, juro que acreditei, pra falar a verdade eu até entendi. Mas quando o seu corpo encosta no meu e me manda todos os sinais de um cara que tá perdidamente apaixonado eu quase desacredito em toda aquela história de fim. E eu volto ao começo, e eu atraso novamente a minha vida que ficou difícil pra caralho sem você. E eu volto a esperar, nesse momento, que um dia você acorde e descubra que é isso que você quer pro resto dos seus dias.

Você consegue me entender?

Eu gosto do nosso jeito de fazer sexo, eu quero poder dar pra você todas as vezes que eu sentir vontade, eu quero que você me coma todas as vezes que você se sentir excitado por mim, mas quero que seja só sexo, só pele, só tesão e ponto. Como é com sua vizinha mais velha, como é com aquela sua amiga de bar, como é com sua colega de trabalho, como é com qualquer outra mulher que você mal vai lembrar do nome no dia seguinte.

Eu quero ser livre pra ir pra cama com você sem acordar com a falsa sensação de que todos os outros caras do mundo são idiotas, porque nenhum deles sabe que eu gosto de mãos na minha nuca, nenhum deles sabe que eu gosto de mordidas no ombro, nenhum deles sabe que eu gosto de sentir a minha coxa sendo quase arrancada do resto do corpo. E você sabe, e você faz como se me afirmasse que ainda se lembra de cada detalhe meu, de como ainda é importante pra você me fazer sentir a mulher mais desejada do mundo.

E isso, com o perdão do pleonasmo, me fode.

Olha, não vai ser tão ruim, eu até deixo você me chamar de vadia enquanto morde a minha orelha, de vagabunda, maldita, puta enquanto prende os meus braços pra passear pelo meu corpo sem nenhuma interverção. Mas não joga a minha franja de lado pra beijar minha testa, não coloca "Girl" pra tocar dizendo que essa música sempre faz você lembrar de mim, não encosta o teu nariz no meu nariz, a tua testa na minha testa, a tua bochecha na minha bochecha antes de me dar beijo mais doce do mundo, não enrola os seus dedos no elástico da minha calcinha enquanto me olha nos olhos, e principalmente, não deite a cabeça na minha barriga e diga que sentiu falta da minha pele macia e do meu cheiro de chocolate.

Entenda que é mais fácil pra mim esnobar o teu coração pra continuar tendo o seu pau no meio das minhas pernas. Então, da próxima vez que nos encontrarmos casualmente num lugar qualquer e você sentir uma vontade louca de ir pra cama comigo, seja mais gentil, e domine o meu corpo, roube-o pra você durante a noite, me coma com vontade, de todos os jeitos, mas não me deixe, nem por um segundo, lembrar que a minha alma ainda quer continuar sendo sua.

Por favor, entenda.

Diálogos Ir-reais (2)

- E semana que vem, o que vamos fazer?
- Sei lá, abriu um bar na Consolação que dizem que é bom pra cacete.
- Legal, vamos pra lá, se não tiver bom, a gente procura algum boteco pra beber cerveja.
- Nessas horas eu me lembro porque nos damos tão bem.
- É, mas teve aquela vez que a gente brigou feio..
- Eu lembro. Só não lembro direito porque brigamos.
- Ah, falaram pra mim que você tinha falado que eu tinha falado que falaram pra você.. Essas coisas de diz-que-me-diz-que-me-diz.
- Puta merda! Como a gente foi imbecil.
- É.
- E o pior é que deixamos passar. Porque você não veio falar comigo?
- Porque você não veio falar comigo, oras.
- E você acreditou no que te disseram mesmo me conhecendo do jeito que você me conhecia?
- Ah, cê sabe, é sempre mais fácil engolir o que nos dão mastigado do que juntar os igredientes e montar o próprio prato.
- Só que nem sempre o sabor é bom.
- Aí é que tá, quando não é bom, a gente engole e vomita em seguida, vai pra cozinha passando mal, quebra a cabeça e prepara a própria comida e fica tudo bem. As vezes a comida que nos dão demora pra fazer mal, o vômito demora pra sair, mas sai, uma hora sai e a gente começa a escolher melhor o que ingerir.
- A gente perde muito tempo escolhendo errado.
- É, mas nada como sentar e tomar umas cervejas pra ajudar na digestão.
- Eu diria que nada como olhar pra alguém e ter certeza que aquela pessoa não seria capaz de te sacanear.
- Escuta, promete que por mais merda que eu faça por aí, você nunca mais vai acreditar que eu tô querendo te foder?
- Prometo que eu vou sempre colocar as cartas na mesa, aí a gente conversa e decide se você tá querendo me foder ou não.
- É, é melhor assim. Agora pede mais uma cerveja que essa aqui já esquentou e tá descendo amarga. E você sabe, com cerveja quente eu vomito.

Diálogos Ir-reais

- Você sabe que amanhã quando você acordar e pensar em tudo o que poderia ter sido eu vou estar bem longe.
- Eu sei e talvez eu me ache uma completa idiota pela forma como que me comportei quando você estava perto.
- Ou talvez pense que foi melhor ter se comportado como uma idiota com um cara que não soube cuidar de você como você merecia.
- Talvez.
- Posso te pedir uma coisa?
- Diz o que é.
- Me espera?
- Não. Eu não te esperaria nem por um minuto, eu seria capaz de viver com você todos os dias, mas não te esperaria nem por uma ida a padaria nem por 10 anos na China.
- Você não confia em mim?
- Eu não confio no tempo.
- Tem três coisas que eu tenho medo de deixar pra trás. Duas delas eu sei que vão estar me esperando quando eu voltar. E a mais importante eu tô deixando sem levar sequer um talvez...
- O mais importante eu nunca deixaria pra trás.
- As vezes a gente não tem a chance de escolher ficar.
- As vezes ir embora não significa deixar pra trás.
- Vou sentir falta dos teus abraços.
- Pelos meus abraços, posso te pedir uma coisa?
- Diz o que é.
- Vai, vive o que você tem pra viver, se cuida sempre e se você sentir falta dos meus abraços, me procura pra me contar?
- Isso é quase esperar.
- Não, isso é não deixar pra trás.
- ...

sábado, agosto 23, 2008

O que eu quero de você

Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama. E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você.

Quero ouvir você me contar sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço, e nem vou conhecer, como se fossem meus velhos amigos. Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhar o caderno de cultura.

Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no ipod e dobrar, daquele seu jeito metódico e perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa. E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde.

Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu lado na rede, olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá. Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos, e dos cachorros que teremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto.

Quero que você nunca perca de vista a música da nossa existência, e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que comparilhamos enquanto olhávamos a lua. Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais.

E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida. Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando for a Londres, escutar Dream' Bout Me ou ler Nick Hornby. E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando.


(Milly Lacombe)


Tiro no peito.

A bela e o burro

Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre. Mas, pela primeira vez, triste por você.

Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos um homem de 32 anos, planejando ir a uma matinê brega com gente sem assunto no próximo domingo e, ainda assim, não deixar de olhar pra você e ver um homem maravilhoso. Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que eu baixei a música do "Midnight Cowboy" e umas boas do Talking Heads, Vinícius de Morais e do Smiths porque achei divertido te fazer uma massa ouvindo algumas músicas que dão vontade de viver. Uma massa que você não vai comer porque está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora.

Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado pra que algum amigo reafirme que o seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas "quem gostar de mim não serve pra mim".

E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida. E você me olha com essa carinha banal de "me espera só mais um pouquinho". Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu.
E sempre volta.
Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu.

Não tem.

Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa.


Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.

Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim.

Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto. Bastante assunto. Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba. Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.

Também sou convidada para essas festinhas com gente "wanna be" que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim.

Coitado.

(Tati Bernardi)

Esqueci o nome do texto

Toda aquela coisa complicada e sublime do amor na minha cabeça, e ele vem e me diz que tem vontade de me comer. Todos os "porquês" mal respondidos, todas as mágoas ainda latentes, e ele vem e diz que eu o deixo excitado sempre. Tanta saudade, tanta tristeza, tanta falta e ele vem e fala baixinho, no meu ouvido, o tanto que precisa, o tanto que quer e o tanto que vai.

Eu acabei de sair de uma desilusão amorosa daquelas de ficar de pijama sujo, se achando feia, preguiçosa e burra. De alugar Woody Allen pra sentir que alguém é parceiro das minhas neuroses. De quase me afogar em filmes românticos. De alugar filme americano burro para conseguir dormir pesado. De achar que um dia de Sol é uma afronta. De tirar de ouvido as notas tristes de uma música e depois cantarolar em sinfonias de "ais" doídos acompanhados de choros acústicos. De achar que uma janela, separada do chão por uma certa altura, tem seu sentido.

Mas ele não me deixa sofrer em paz, ele não me deixa ser feia, ele não me deixa virar bicho do mato. Ele aparece, sempre cheio das vontades e carinho, e me enche de feminilidade, me enche de vontade de ser mulher. E me aperta tanto que quase mata meu antigo amor. Minha cabeça pede tristeza para velar o defunto, minha alma pede silêncio para viver o luto. E ele aparece do nada e eu quase consigo sentir a mão dele caminhar e pedir, implorar, para que eu facilite um deslocamento para baixo. Ele quer encontrar seu destino e minha cabeça esquece de encontrar o meu. Meu coração bate sem vontade, impulsionado pela força dos suspiros fortes de tristeza.E ele quer agilizar, atropelar, explodir. É ele que me surpreende sem dar tempo de deixar para depois, sem dar espaço para a força da reação, sem dar som para a voz fraca da minha impossibilidade. Eu querendo chorar a última piada lembrada, eu querendo doer a última certeza da rejeição, eu querendo passar em claro as últimas sensações de amor zombado e ele, precocemente, me fazendo feliz. Meu desejo morto, assexuado, traído, quer viver de lembranças, dores e palpitações abandonadas.

Mas ele, com força, movimentos persistentes e ânsia inexplicável de tantos desejos, me vence, não pelo cansaço, mas por morte: ele enterra o meu eu apaixonado e faz renascer alguém limpa e virgem de defesas. Ele me quer branca e eu estou negra. Ele me quer inteira e eu estou esmiuçada em pedaços de amor quebrado. Ele me quer vem, vem, vem e eu estou tão vai, vai, vai. É o que ele me diz sem dizer, porque ele não diz nada para ter mais tempo de fazer. É o que ele me pede sem pedir, porque se ele pedisse dava tempo de eu fugir. Estou presa pelo prazer dele, estou derrubada pelo carinho dele, estou sufocada pelo desejo dele. Não estou em mim e me abasteço de outra vida. Sou sua hospedeira e sugo dele justamente o que ele tem de mais e eu de menos: desejo por mim.


(Tati Bernardi)

sexta-feira, agosto 22, 2008

Vão-se os dedos, ficam-se os anéis...

Minhas mãos estão doendo cada dia mais, era só a direita, mas a esquerda-invejosa me sacaneou com força e agora inventou de doer também.

Tá cada dia mais difícil levar uma vida normal. Além da dor, estou começando a perder a força e o movimento dos dedos.

O que mais me fode é que minhas mãos são os personagens principais das quatro coisas que eu mais gosto de fazer na vida.

Pedindo licença poética a Jobim:

É impossível ser feliz... sem conseguir escrever, acender cigarros, abrir latas de cerveja, e, ah, a quarta eu substituo pela boca.

sábado, agosto 16, 2008

Maior Abandonado

Se eu fosse um pouquinho mais tosca, diria que meu blog foi inspiração pra música do Cazuza "Maior Abandonado".

A minha vidinha-colorida-sacana anda chamando com força, daí a falta de tempo pra escrever por aqui, coisas sem nexo e que ninguém se interessa em ler. Quer dizer, ninguém além de você que está lendo isso, mas tudo bem, eu sei que é última opção, que sua companhia furou, o seu carro quebrou, o seu dinheiro acabou e você tá com um puta resfriado que te impede de botar a cara na rua pelos próximos setecentos anos hoje.

Enfim, já dizia um sábio amigo (mais sábio do que amigo hoje em dia e talvez mais sábio exatamente por não ser mais tão amigo) : "Quando a gente tá escrevendo muito é porque tá vivendo pouco."

E eu, amém, amém, amém, amém, amém, amém, amém (sete vezes pra dar sorte) me "desmacumbei" e aos poucos estou me curando da maldita idéia de virar eremita. Estou de volta aos braços dos seres humanos de carne osso defeitos cheiros e gostos e desfrutando cada vez mais dos meus cinco sentidos. Quer dizer (2), mais ou menos dos cinco, porque as minhas mãos fodidas me impedem de contar com o tato.

Enfim, o bom desse tempo que passei longe do mundo real, é que em todos os lugares que eu vou, eu sou o centro da rodinha, causando impacto e expressões de surpresas por ainda estar viva. E como vocês bem sabem, eu adoro holofotes. Apesar de saber que o foco tá sempre girando.


Aqui ou aí, algumas coisas não mudam.


Mando notícias do lado de cá.

sábado, julho 26, 2008

Do preto e branco que ganhou cor

Carol, das nossas conversas secretas na sala do Marcelo, do dia-a-dia difícil pra caralho e a gente arranjando tempo pra rir, da lasanha que eu fiz e tive que tirar foto pra provar, dos vinhos no Bistrô, dos convites que eu só aceitava depois de saber se você iria estar lá, do óculos de sol que você acertou no escuro que era o que eu queria, dos preparativos do seu casamento, do seu sorriso pra mim na hora de entrar na igreja no meio de 300 convidados. Da tua preocupação em me contar com todo o cuidado do mundo sobre o Ti, da sua gata gorda dormindo entre as minhas pernas. E daquela primeira impressão ruim no Arco da velha ficou a irmã de olhos azuis que eu ganhei pra vida toda.


Sil, da cumplicidade, poderia ser só isso e já seria tudo, nunca eu fui tão leal e fiel a alguém em toda a minha vida. Da sua gratidão em forma de carinho e preocupação diária, das mentiras que eu contava pra livrar a sua cara, do fim de ano na praia e seu cuidado comigo, das discussões que me faziam trabalhar chorando, dos seus pedidos de desculpas que me faziam chorar ainda mais. De quando você ligava e dizia: "- É eu", e de como você dizia pra todo mundo que eu era o seu diamante. E do Seu Jorge me procurando desesperado na festa do seu casamento na hora da foto pro álbum dos noivos, "Porque o Silvio não vai tirar a foto se você não estiver lá". Você nem sabe, mas até hoje as pessoas associam a minha imagem a sua, e eu quero muito que seja assim pra sempre.


Vanessa, foi assim, eu nasci e na saída da maternidade você já me deu um tapa pra em seguida querer me pegar no colo. E tem sido assim, nesses vinte e tantos anos de amizade. Dos planos, sonhos, decepções, esbórnias, brigas e juras de "nunca mais quero te ver" que nunca se cumprem. Não é fácil nossa relação, intimidade demais é perigoso, e isso é o que mais temos. Você conhece todos os meus podres, você esteve presente nas minhas maiores loucuras, você sempre esteve presente e com força nas minhas histórias. Do sertanejo ao rock. Do Baratotal ao Ballouart. Da maternidade eu guardo duas lembranças, a do primeiro tapa e a de ter largado o trabalho no meio do expediente sem avisar a ninguém e ter saído desesperada só pra estar ao seu lado e ver a sua filha nascer. Duas vidas.


Jacy, se tem alguém nessa vida que conhece as minhas dissimulações, as minhas lágrimas presas, o meu tom de voz, as minhas preocupações, os meus medos, as minhas vergonhas, as minhas expressões, as minhas raivas e o meu guarda-roupa é ela. E isso não é qualquer coisa. Da minha adolescência problemática e dos erros que eu cometi nessa fase, você foi o meu acerto. E foi o que ficou de mais forte em mim.


Trinca, eu lembro das tuas birras com meus namorados, do dia em que eu fiz, pela primeira vez, uma torta de limão só porque era seu doce predileto, de você me buscando no trabalho, de você me levando no colo pro hospital, de você enrolando os médicos e aparecendo escondido na janela do quarto só pra me dizer por mimica que ia ficar tudo bem, de você socorrendo meu pai quando ele adoeceu, de você me dando pizza de aviãozinho na época em que eu só comia melancia e alface, de você que nunca quis ver minha tatuagem porque achava que eu não combinava com essas coisas de maluco. É, eu não lembro de mais ninguém que não me achasse maluca naquela época.

Você sempre me viu como sua princesinha, a boneca intocável, a sua menina, a sua.

Eu lembro principalmente do dia em que estávamos em uma puta galera indo pro Amarelinho, e eram poucos carros pra muitas pessoas, a garota por quem você era louco estava lá com a gente. Nos encontramos todos no Posto BR pra ver se dava pra levar todo mundo. Até dava, mas no maior aperto da face da terra, uns 8 em cada carro, e com a maior chance do mundo de fazer média com a tal garota, você olhou pra ela, olhou pra mim e com seu jeito de líder-da-turma, berrou:" - Ó, já vou logo avisando! A Fê vem na frente comigo, os outros 6 que se virem no banco de trás."

A garota se tornou sua mulher, e eu nunca tive a chance de te dizer que eu nunca fui tão feliz quanto na época em que éramos, primeiro eu e você. E depois o resto do mundo.

Dizem que amizades assim só acontecem uma vez na vida. Eu digo que são amores assim.
Eu tive sorte.


Martina, de você ouvindo atentamente as minhas histórias lendárias da noite mogiana, da gente conversando sobre um mundo de sons que você tava descobrindo naquela época, das nossas confidências, dos meus desabafos sobre pessoas que você nunca tinha visto na vida, de suas visitas no meio do trabalho sempre cheias de risadas e cor, das piadas sem graça sobre magaiver, dos cigarros no fim do corredor, da primeira virada de noite juntas, do seu vestido de bolinha mais lindo do sistema solar que deixou meus amigos babando, da gente sentada na calçada esperando o Morumbi abrir, dos cafés puros ou com leite, do seu carinho, de todas as vezes que você fez com que eu me sentisse especial, da saudade quando você foi desbravar a américa do norte, e do isqueiro que você não me trouxe, e do cheiro de pera que todo mundo vai sentir quando chegar perto de mim porque você decidiu que eu deveria ter cheiro de pera. E de tudo que a gente ainda vai viver juntas ao som de Stray Cats. Eu tenho um puta orgulho da mulher que você se tornou e sou putamente feliz por essa mulher ter se tornado uma das minhas melhores amigas.


Gabi, da gente só ter precisado de alguns minutos na mesa do Divina Comédia pra se "reconhecer" de imediato, dos nossos papos sobre tudo-tudo mesmo, que sempre me ensinam algo, da tua inteligência fora do normal, do seu jeito francesa de ser, dos nossos gostos em comum, de eu ter saído de casa mancando com os pés fodidos só pra dar um abraço na aniversariante e só porque a aniversariante era você, do quanto eu me emociono com seu carinho e seu cuidado comigo, do quanto eu gosto de te ver cada dia mais segura, mais madura, mais confiante, mais mulher de deixar qualquer um de queixo caído, do teu charme em cada gesto, cada palavra, cada olhar que me faz olhar pra você com cara de boba e pensar : "Puta Que O Pariu!". E de quando eu te sei quando ninguém mais te sabe, mesmo sem precisar dizer uma palavra. É incrível, mas muitas vezes eu olho pra você e me vejo. Ecos de sintonia, dizem. Minha Branquinha.

Do azul que ganhou cor

Paty, das nossas meninices, da minha saia voando no meio dos carros, do seu secador portátil no meio do bar, do brigadeiro de colher que não deu tempo de fazer, da minha pergunta ao sair do banho "- Amor, quer me ver pelada?", do seu " Fe, eu te amo" desenhado na palma da mão e de todas as histórias que ainda vamos viver só pra eu contar pros meus netos sobre a Lenda da Rainha Do Bailinho, a mulher que fazia os outros perderem um pouco de mim porque sempre me botava torta pra um lado. O seu.

Paulo, do Premiata, das músicas descobertas, do ex "mor" manhoso de todo dia, da escada rolante de Congonhas, da voadora na Paulista, de dormir no seu ombro no sofá da Outs, da sua alergia ao cigarro, da vontade de mudar de cidade, do all star amarelo que eu ainda vou te dar, das conversas sobre trabalho, das nossas inconsequências, e do não-querer-mais-que-bem-quere que é tão nosso. Vem do Maranhão, o carinho e cuidado mais puros que eu carrego hoje comigo


Talita, dos pés doloridos, das lágrimas de riso, dos arcos de chifres brilhando nos shows de rock, das mãos sujas e enlaçadas, dos passeios de metrô por pura preguiça de andar, do não-reconhecer as pessoas, das bundas quase-arrancadas, dos cigarros divididos, das coxinhas devoradas, do ser gostoso não fazer nada juntas e da certeza de perdões por todos os erros que ainda iremos cometer. Minha maior certeza de carinho pra toda a vida.


Renato, do cérebro comestível ao inferno intragável. Três trago, dois goles e uma paisagem da janela lateral. Sabor Vertigem. Vômito verbal. Tempo. Maturidade. Reencontro. Abraços revelados. Um foda-se pros outros e um martini com cereja pra gente, por favor. E com gosto de que somos bem melhores juntos.


Rodrigo, das ofensas em público, do beijo "NO ROSTO", do sarro das minhas havaianas, do provolone fake, das conversas sobre traumas intestinais, das histórias mais absurdas que você já preveu sobre mim e acertou. Dos conselhos que eu não ouvi e da certeza que você sempre teve sobre o meu carater quando todo mundo duvidava das minhas atitudes. Porque você nunca precisou das provas, sempre teve as minhas verdades. Da minha biografia que você ainda vai escrever um dia e do meu carinho que você já tem nas mãos


Rafa, de receber "I wanna hold your hand" em mensagens de celular enquanto eu estava aos beijos com um cara de quem eu nem lembro o nome, de ligações de 4 horas por dia, de desculpas esfarrapadas, de loucuras confidenciadas, de Divina Comédia, dos meus amigos olhando torto pra aquele playboy que se atrevera a andar de mãos dadas comigo no meio do bar que era a minha segunda casa e ele nunca tinha estado, do nosso não-namoro, e do tempo que passa e sempre parece que foi ontem a última vez que você me deixou na esquina de casa e se perdeu no meio do caminho.


Geison, da sua voz rouca com sotaque gaúcho nas noites frias e distantes, do Nei Lisboa que deixava chico buarque na gaveta, da garota azul que brincava de ser colorida, do cara escorregadio dono absoluto do terreno mais minado que eu já pisei, do seu coração gigante, do meu arrependimento pelas idiotices que eu já te disse, da maior vontade de abraçar alguém que São Paulo já ouvir falar e do Bendito Breno que me fez colocá-lo aqui, entre as pessoas mais especiais que eu conheci, mesmo sem conhecer. A exceção. Porque sim, existe sim, sentir orgulho e confiança por alguém sem nunca ter olhado nos olhos.


Camile, de você ter entrado chutando a porta no meio do meu momento "Eu vou fazer uma revolução nessa porra!" lá na nossa antiga casinha azul. De eu ter me impressionado com suas sacadas sempre certeiras e cheias de ironias e verdades. De quando eu descobri que você também chorava pelas dores do mundo, e de quando você e eu patenteamos nosso "Beatles Yeah" como símbolo de "ééé, isso é bom". Dos nossos segredos-maiores-do-universo. E principalmente, de quando eu te procurei pra te contar os passos que eu iria dar, porque imaginava que aquilo, de alguma forma, pudesse te machucar. Foi nesse dia que eu percebi que se eu estava fazendo aquilo era porque você não era só mais uma mulher que eu achava bacaninha. Era mais, era importante na minha vida. Era importante ser limpa, clara e verdadeira contigo. E foi isso que você me deu em troca. E foi desse jeito que eu aprendi a gostar de você sem medo.

sexta-feira, julho 25, 2008

Aqueminteressarpossa


Eu.

Indecisa, dramática e exagerada. Estúpida, muito estressada e preguiçosa. Escrota, egocêntrica, cabeça dura e orgulhosa. Injusta. Radical. Desorganizada. Infiel e desbocada. Faladora de palavrões, não admitidora de gritos comigo, aumentadora de histórias, contrariadora de boas expectativas e destruidora de noites perfeitas. Chantagista emocional. Hipocondríaca. Fumante desesperada. E alcoolatra de café. Sem-vergonha. Cuzona. Esquisita.

Extremamente anti-social.

Cabelos a la peruca de cleópatra. Figurinos do guarda-roupa da sua avó. Óculos escuros gigantes em dias de chuva. Celulite e estria e espinha e pé chato e mão direita inválida. Ódio recente pelas orelhas. Do nariz eu ainda gosto, embora seja pequeno demais pro resto do corpo. Despeitada e desbundada.

Nada bipolar. Meu mau-humor é absurdamente estável e vai bem, obrigada.




Pronto. Agora, vocês que adoram brincar de falar da insegurança alheia, sintam-se a vontade pra deturpar a minha imagem.


Só mais uma coisa:

Malandro é malandro
Mané é mané





Desculpa aí, Patetas-Cinderelas-e-Super-Homens, mas eu e meus defeitos somos de verdade.

E temos sorte.

quinta-feira, julho 24, 2008

Onde Andará Dulce Veiga?

Eu poderia ficar ali parado, olhando a mancha de café espalhar-se lenta sobre o poema, lembrando tudo que não queria lembrar eassim, parado pra sempre no meio do apartamento, enquanto vidas alheias acontecem além das janelas, fora e longe de mim, sentisse apenas mágoa, saudade e esse tipo de espanto amargo em que ninguém dá jeito, eu poderia. Mas repeti que era tarde, que eu tinha um dia de cão, que não tinha tempo e me desculpe, você sabe ... esta cidade, esta vida, esta manhã.

(Do filhadaputa do Caio)

Música pra ler III

Querido Diário (Tópicos para uma semana utópica)
Cazuza

Segunda-feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo

Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro

Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo

Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos

Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)

Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres

Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe por favor
Chore sem fazer barulho.

quarta-feira, julho 23, 2008

Dando Tchau

Dia desses eu fui docemente obrigada a fazer uma avaliação física lá na minha academia. Digo docemente porque meu instrutor veio com uns elogios baratos sobre minha frequência nas aulas, o meu bom desepenho nos treinos, os resultados que estavam começando a aparecer e blá blá blá. E o obrigada, bem, o obrigada fica por conta da ameaça que eu sofri no fim dos elogios, dizendo que sem essa merda de avaliação física eu não poderia continuar treinando lá. (Homens, bah, sempre alisando pra bater)

Enfim, lá fui eu pro abate (sabe os bois caminhando naquele corredorzinho pra serem sacrificados? Pois é.) . Tive a brilhante idéia de colocar um milhão de roupas de frio pra ficar mais gorda, só pra causar aquele impacto de ilusão de ótica na hora que o fisioterapeuta virasse pra mim e falasse: Tire a roupa.

E foi dito e feito. De cara ele já comentou: "- Nossa, mas você parecia ser mais gordinha" (Sim, nas horas vagas eu sou um gênio). E aí começou aquela porra toda de medidas pra cá, e aparelhinho do capeta pra lá, e meus olhos fechados daqui... Não posso negar que arregalei os olhos de felicidade quando ele disse que minha taxa de gordura estava bem mais baixa do que ele esperava (Nada deixa uma mulher mais feliz do que ouvir a palavra gordura seguida de baixa, acreditem). E disse mais, disse que meu lado direito tem exatamente as mesmas medidas do meu lado esquerdo. Pasmem! Pela primeira vez na vida alguém diz que eu não sou torta, e com comprovação científica.

Já estava me sentindo a rainha da bala chita, e vestindo a minha roupa pronta pra tirá-la mais tarde na playboy quando ele chegou nas considerações finais sobre o meu tríceps...

E é óbvio que eu vou terminar essa conversa por aqui, sem contar a parte em que eu resolvi abolir as alcinhas da minha vida, porque tenho uma reputação de quase-gostosa pra zelar, embora as pessoas insistam em dizer que eu sou apenas A Legalzinha.

Mas por via das dúvidas, já vou logo avisando, quando eu responder o seu tchauzinho todo cheio de entusiasmo do outro lado da rua com um mísero aceno de cabeça, acredite, aquele velho clichê nunca mais terá outra chance de ser tão verdadeiro:

- Não, a culpa não é sua, meu bem...Sou eu, Sou eu...

Só ela

Paty disse...

Eu tava lendo aqui e chorei. Não foi de alegria, não foi de tristeza. Foi de ausência. Qualquer coisa que sente saudade e ainda falta. Qualquer coisa que merece, precisa e pede por mais uma 'colisão'. Pra perder e encontrar. Pra eu me perder e você me encontrar. E aí voltamos e sentamos no banco de sempre, você fuma seu cigarro e fala um palavrão, comentamos sobre o dia em que berrei por me assustar com um cachorro e você riu. E depois você se assustou com o vento que levantou sua saia, no melhor estilo Marlyn Monroe Paulista, e eu? Eu ri. Rimos e selamos com um selinho o reencontro. Mando lembranças às suas netas e você promete me contar o segredo da receita de pão de ló. E seguimos cada uma por uma rua, torcendo em silêncio para de novo encontrarmos em uma esquina qualquer. Pra de novo eu ser seu lugar e você, o meu.

22 de Julho de 2008 23:56
Paty disse...
E é claro que eu tinha de esquecer do i de Marylin. Afinal, sabemos que a perfeição só faz estragos...E eu não esqueci de dizer que te amo. Não precisa, cada vírgula e palavra mal escrita aqui, foi amor. Aquele mesmo que nunca soubemos explicar...

23 de Julho de 2008 00:01
Paty disse...
PUTA QUE PARIU!

Agora eu fodi com toda a atmosfera romantiCUzinha que tentei criar.
marilyn monroe
marilyn monroe
marilyn monroe
marilyn monroe
marilyn monroemarilyn monroe
marilyn monroe

Sete vezes que é pra não errar duas vezes seguidas.

23 de Julho de 2008 00:04
Paty disse...
Reparou como eu disse com convicção que esqueci do i de MARYLIN?


Toupeiras são simpáticas, né amor?







Eu penso na nossa última briga, eu lembro do tanto de coisas que a gente já viveu, eu reparo nos horários dos comentários, eu percebo que em menos de 10 minutos ela consegue me jogar na cara toda a beleza do não-entender que é o nosso amor. E eu fico com aquela sensação idiota de sorriso de canto de bochecha que pensa: "Que bom que a gente é assim..."

Só ela.