domingo, abril 25, 2010

É o seguinte, caro-amigos-leitores

Um cara teve a sua filha morta por um assassino. Dois inevstigadores da polícia criminal entram no caso. Um deles, mais impulsivo e passional, acredita piamente que o assassino foi um ladrão lá do bairro dele. O outro, mais racional e contido, pede que ele vá com calma e trabalhe mais as evidências do caso. O cara passional, sem provas concretas e num ato irresponsável, conta ao pai da menina morta que o assassino foi o tal ladrão do bairro. O pai da menina morta resolve fazer justiça com as próprias mãos, vai lá e mata na porrada o suposto assassino. A polícia descobre e prende o pai da menina, ele é julgado e pega "mor" tempo na prisão. Um dia depois eles descobrem que o assassino da menina foi outro cara, que confessa o crime e o motivo.

O investigador passional fica mal pra caralho por ter se precipitado e trava um duelo com seu parceiro:

- Cara, eu queria te pedir desculpas pelo que eu fiz. Eu errei ao contar pro pai da menina o nome de um cara que eu "achava" que fosse o assassino. E mesmo que fosse ele, eu nunca deveria ter feito isso. Eu errei feio.

- Você errou feio mesmo, só que desculpas não adiantam agora. Quem está pagando pelo erro não é você, é o cara que teve a filha assassinada semana passada.






CSI, meus caros. É ficção, eu sei, mas não fica devendo nada pra realidade que muitos preferem fingir que não veem.

sábado, abril 24, 2010

O que o corintiano gozador mais quer é perder a final da Libertadores para um time mexicano.

Assim, iria do mesmo modo ao Mundial e, ao vencê-lo (sim, o corintiano gozador quer ser bicampeão mundial), provaria, pela segunda vez, que é possível ganhar o título da Fifa sem ter vencido a Libertadores…


(Juca Kfouri)



Sem mais,

quinta-feira, abril 22, 2010






Li boa parte de seu discurso, senhor José Serra. Talvez eu seja hoje o que o senhor foi, na minha idade, quando era um jovem, que presidia a União Nacional dos Estudantes e apoiava o Governo João Goulart no Comício da Central. Quando o senhor defendia o socialismo que hoje condena, o patriotismo que hoje trai, o desenvolvimento autônomo do Brasil do qual hoje o senhor debocha.

O senhor, como Fernando Henrique, é útil aos donos do Brasil – sim, Serra, o Brasil tem donos, poque 1% dos brasileiros mais ricos tem o mesmo que todos os 50% mais pobres – porque foi diferente no passado e, hoje, cobre-se do que foi para que não lhe vejam o que é.

O símbolo do Brasil que não pode mais, que não pode ser mais como o fizeram.

Não pode mais o Brasil ser das elites, porque nossas elites, salvo exceções, desprezam nosso povo, acham-no chinfrim, malandro, preguiçoso, sujo, desonesto, marginal. Têm nojo dele, fecha-lhe os vidros com película para nem serem vistos.

Não pode mais ser o país das elites, porque nossas elites, em geral, não hesitam em vender tudo o que este país possui – como o senhor, aliás, incentivou fazer – para que a “raça superior” venha aqui e explore nossas riquezas de maneira “eficiente” e “lucrativa”. Para eles, é claro, e para os que vivem de suas migalhas.

Não pode mais ser o Brasil dos governantes arrogantes, como o senhor, que falam de cima – quando falam – que empolam o discurso para que, numa língua sofisticada, que o povo não entende, negociem o que pertence a todos em benefício de alguns.

Não pode mais ser o país dos sábios que, de tão sabidos, fizeram ajoelhar este gigante perante o mundo e nos tornaram servos de uma ordem econômica e política injustas. O país dos governantes “cultos”, que sabem miar em francês e dizer “sim, senhor” em inglês.

Não pode mais ser o país do desenvolvimento a conta-gotas, do superávit acima de tudo, dos juros mais acima de tudo ainda, dos lucros acima do povo, do mercado acima da felicidade, do dinheiro acima do ser humano.

O Brasil pode hoje mais do que pôde no governo do que o senhor fez parte.

Pôde enfrentar a mais devastadora crise econômica mundial aumentando salário, renda, consumo, produção, emprego quando passamos décadas ouvindo, diante numa crise na Malásia ou na Tailândia que era preciso arrochar mais o povo.

Pôde falar de igual para igual no mundo, pôde retomar seu petróleo, pôde parar de demitir, pôde retomar investimentos públicos, pôde voltar a investir em moradia, em saneamento, em hidrelétricas, em portos, em ferrovias, em gasodutos. Pôde ampliar o acesso à educação, ainda que abaixo do que mereça o povo, pôde fazer imensas massas de excluídos ingressarem no mundo do consumo e terem direito a sonhar.

Pôde, sim, assumir o papel que cabe no mundo a um grande país, líder de seus irmãos latinoamericanos.

O Brasil pôde ser, finalmente, o país em que seu povo não se sente um pária. Uma país onde o progresso não é mais sinônimo de infelicidade.

É por isso, Serra, que o Brasil não pode mais andar para trás. Não pode voltar para as mãos de gente tão arrogante com seu povo e tão dócil aos graúdos. Não pode mais ser governado por gente fria, que não sente a dor alheia e e não é ansiosa e aflita por mudar.

Não pode mais, Serra, não pode mais ser governado por gente que renegou seus anos mais generosos, mais valentes, mais decididos e que entregou seus sonhos ao pragmatismo, que disfarça de si mesmo sua capitulação ao inimigo em nome do discurso moderno, como se pudesse ser moderno aquilo que é apoiado pelo Brasil mais retrógrado, elitista, escravocrata, reacionário.

Há gente assim no apoio a Lula e a Dilma, por razões de conveniência-político eleitoral, sim. Mas há duzentas vezes mais a seu lado, sem qualquer razão senão a de ver que sua candidatura e sua eleição são a forma de barrar a ascenção da “ralé”. Onde houver um brasileiro empedernidamente reacionário, haverá um eleitor seu, José Serra.

Normalmente não falaria assim a um homem mais velho, não cometeria tal ousadia.

Mas sinto esta necessidade, além de mim, além de minha timidez natural, além de minha própria insuficiência. Sinto-me na obrigação de ser a voz do teu passado, José Serra. É um jovem que a Deus só pede que suas convicções não lhes caiam como o tempo faz cair aos cabelos, que suas causas não fraquejem como o tempo faz fraquejar o corpo, que seu amor ao povo brasileiro sobreviva como a paixão da vida inteira. Que o conhecimento, que o tempo há de trazer, não seja o capital de meu sucesso, mas ferramenta do futuro.

Vi um homem, já idoso, enfrentar derrotas eleitorais e morrer como um vitorioso, por jamais ter traído as idéias que defendeu. Erros, todo humano os comete. Traição, porém, é o assassinato de nós mesmos. Matamos quem fomos em troca de um novo papel.

Talvez venha daí sua dificuldade de dormir.

Na remota hipótese de vencer as eleições, José Serra, o senhor será o derrotado. O senhor é o algoz dos seus melhores sonhos.


(Brizola Neto)


Bela análise. Merece um destaquezinho no meu blog.
Eu ando lendo tanta coisa bacana dos outros, que nem tenho tempo de escrever as minhas coisas bacanas. "É tempo de meio silêncio", já dizia Drummond.


Galhos de árvores agora arranjaram um lugar novo, que se chama "o coração da Fernanda". É um condomínio fechado, um resort, um imóvel alugado pelos galhos de todas as árvores em férias. As que garantem seu oxigênio não estão aqui, estão no serviço (como se diz em São Paulo - serviço). E meu coração agora tem folhas, que não resistem ao vento canalizado pelos prédios e balançam, produzindo um ruído que não me deixa dormir. Então abri a janela da sala e fiquei olhando. E te digo sem sombra de dúvida: eu (agora que tenho galhos de árvores no meio do peito) sou capaz de ficar na janela para sempre. Como as moças das músicas, como as mulheres dos romances de banca de jornal. Sou capaz de ficar aqui até ver você indo embora; na mais louca de todas as alucinações que já tive.

( Dumbra )

Com amor,

quarta-feira, abril 21, 2010

A vida é mesmo um deboche com a nossa cara.

O Ted tem me surpreendido muito nesses últimos tempos. Pra quem não sabe, Ted é um amigo meu com quem eu brigo dia sim e dia também. Brigo por tudo, das coisas mais bobas até as coisas mais importantes. Eu já pensei em escolhê-lo, se pudesse escolher alguém pra assassinar e tal. Ele sempre me irritou com seu jeito prepotente e arrogantezinho de quem se acha o melhor do mundo. Seu jeito fresco de quem tem nojo até de celulite já me fez pensar se ele seria ou não um homossexual enrustido. Não que isso importe, mas aí eu iria achá-lo ainda mais covarde por não se assumir.

Enfim, nem sei porque o chamava de amigo até ontem. Agora eu sei.


Ele tem sido um puta amigo nesses dias difíceis. Tá cuidando direitinho da minha paz no trabalho. Tá fazendo o diabo pra evitar chateações e irritações pro meu lado. Tá me emprestando o ombro quando eu preciso de um lugar silencioso e quentinho.

Na real, acho que todo mundo sempre soube que seria assim. Menos eu.
Me perdoa, Regis, mas eu vou trocar o parentesco do seu texto e usar minha pequena-licença-poética-particular. É necessário.

Ela sempre esteve lá. Havia partido algum tempo antes, mas apesar da longa viagem que resolveu fazer, sempre permaneceu ali perto.
De todas aquelas situações em que deveria, estava lá sentada, olhando com aquele meio-sorriso e as fortes rugas de expressão no rosto.
Quando a primeira vez, fui correndo contar, com aquele brilho no olhar de adolescente descobrindo o mundo. No primeiro cigarro, mesmo com um certo descontentamento, surgia do meio da fumaça azulada (como poderia reprimir, sende ela mesmo uma habitante daquele mundo-que-se esvai?)uma expressão de sangue dividido. Aquelas madrugadas insônia, quando as páginas decoravam os olhos, estava lá com aquele olhar severo e suas frases peculiares de "resmungação". Quando a dança das palavras deu resultado e os cabelos viraram farra no chão, deu aquele abraço firme. E todas as lágrimas também foram divididas.
Em todas as decisões, das mais banais às revoluções, sempre ouvia e dava sua opinião em nossos diálogos imaginários.
Sempre soube o que dizer, ficando em silêncio.
Tudo poderia ter sido bem diferente. Sempre pode ser, mas o fato de você ter ido patrulhar em outras rodovias não a tornou ausente. Nunca tornará. Sempre vai estar ali com aquela expressão incerta, sorriso apertado e olhares doces.

O cheiro de rosas sempre me deixa triste, pastel de domingo me faz lembrar dos seus agrados e roupas passadas me lembram sorrisos. Não há um dia em que passe sem visita sua.
Super Heróis nunca morrem. Super-Heroínas também.
Distribuía gentilezas e sorrisos sinceros no decorrer de seus dias. Era naturalmente de boa índole. Desde cedo fora educado assim.
Ainda criança, cedia aos amigos sua vez na partida de pelada, no videogame e até na "salada-mista" com a menina de vestido floral.
Na adolescência, emprestava a bicicleta pra irmã, fazendo o percurso até em casa caminhando e por várias vezes assumia o sumiço do doce da geladeira, ainda que sequer tivesse visto. Não vivia assim como uma forma de auto-punição, muito pelo contrário.
Abria a porta para os outros, cedia a vez, fazia mesuras até aos pedintes de ponta de esquina. Fazia com prazer. Suportava as mais intensas provocações, sempre rebatendo com m sorriso de meia bochecha e um delicado "aaah eu discordo disso". Ate mesmo seu caminhado era sutil e silencioso, mesmo carregando no bolso aquele pesado molho de chaves que sempre o acompanhavam.
Agradava crianças e jovens, e os idosos o queriam adotar. Era esse tipo de gente, que se convida pro almoço logo que se conhece, e pro fim de semana antes que a o almoço acabe.
Um dia, vinha entrando com aquele sorriso de sempre, sem gestos exagerados, passos rapidos e silenciosos e a respiração perfeitamente ritmada sob a camisa branca e bem passada com um leve aroma de amaciante de lavanda. Ao chegar no meio do saguão, trocou as flores da mesinha e então abriu lentamente o paletó, deixando brevemente visíveis aquelas linhas bem distribuídas de de silver tape e dinamite, além de um cronômetro digital sobre o coração. Apertou o botão e com um breve clique mandou tudo pelos ares em uma estrondosa explosão.
Misturavam-se nacos de carne, pedaços do teto, paredes e vidro. Ninguém sobreviveu.
Teve uma vida interira de coração tranquilo e gentilezas, mas o coração de um Homem-Bomba bate uma vez só.


Do Regis Falcão.

Uma das melhores verves literárias que eu encontrei nessa vidinha-sacana. Nos conhecemos na internet (eu já disse que eu tenho amigos que deveriam estar na academia de letras?), e desde então, sou encantada com o seu jeito de se rasgar no papel.

Com os devidos créditos, obrigada.
E eu sigo fingindo que tá tudo bem pra não levantar suspeitas. Aquela coisa de despertar olhares de desespero daqueles que me amam e que, da minha forma meio alheia a tudo, eu amo também.
Vou, vou e vou disfarçando a vontade de não ter mais vontade pra que, talvez um dia, a vontade possa voltar. Quero estar pronta pro dia em que o presente se tornar passado.

Futuro?

Quem sabe.

Os planos não evaporam, eles ficam escondidos numa gaveta empoeirada, trancados com chaves marcadas por Chico Buarque e o seu delicado "O que será, que será..."

domingo, abril 18, 2010

O meu ouvido é o meu salto no escuro. Vozes, sou apaixonada por elas.
Talvez seja o fator que mais desperta o meu interesse num cara. Veja bem, eu
disse "desperta o meu interesse", e não "mantém o meu interesse". Sozinha, ela não é suficiente pra que eu me apaixone, mas sem ela, provavelmente, não rola nem um segundo aceno.

Voz de homem, homem mesmo, do tipo macho. Voz grossa mas sem exageros, doce mas não infantil, segura mas não prepotente, alta mas não ofensiva, com boa dicção mas não forçada, voz safada mas não pronográfica.

Não precisa ser, necessariamente, rouca, mas um chiadinho na garganta cai muito bem, obrigada.

Talvez por essa fixação, o primeiro telefonema sempre me causa
o mesmo frio na barriga que o primeiro encontro.

Sei lá, tem gente que gosta de mãos, pés, barrigas tanquinhos,
eu gosto de vozes, v-o-z-e-s. E se o dono da voz souber tocar violão e
cantar baixinho no meu ouvido, aí meu irmão, fodeu de vez.
Literalmente, fodeu.

Eu li uma vez alguma coisa do tipo " Não sei se tenho mais vontade
de morder a sua boca ou a sua voz."

É bem por aí.

Carpinejando

Quem pensa que está fora do amor entra. Quem pensa que está dentro sai. Ele engana sua força. Sobrepõe a memória dos sentimentos na memória dos fatos. É procurar cabelos para completar as mãos, é procurar o que não se viveu para contar. É esperar o sol aquecer o lado ileso da cama. É não apagar direito a ausência, a letra, o cheiro. É insistir com respostas sem as perguntas. É podar o arbusto de água. É pão ruivo antes do mel. É idioma acumulado nas calhas. Não há descrição fiel que o possa explicar. Adiar o amor ainda é cumpri-lo. Fingir que não se sente é exercê-lo. Desdenhar é elogiar. Ofender é trocar palavras. Odiar é desesperar o atraso. O amor devora os sobreviventes. Não lembra do pente, da navalha, da tesoura de unhas, do jornal, do abajur. O amor não lembra do que precisa. Amor é não precisar de nada. É precisar do que acontece depois do nada, ainda que não aconteça. A fraqueza é força física. O endereço é genealogia. O amor confunde para se chegar ao mistério. Embaralha para não se ouvir. Perde-se no próprio amor a capacidade de amar. Quanto mais violento o primeiro amor, mais difícil será o segundo amor. Quanto mais violento o último amor, mais calmo é o primeiro amor. As frutas postas na mesa não estão à espera da fome, ainda estão à espera da árvore. A fome é uma árvore que cresce deitada e arranca o telhado do corpo. Amor é comer a fruta do chão. O chão da fruta. O amor queima os papéis, os compromissos, os telefones onde havia nomes. O amor não se demora em versos, se demora no assobio do que poderia ser um verso. O amor é uma amizade que não foi compreendida, uma lealdade que foi quebrada; o amor é um desencontro por dentro.


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Um menino revirava o peixe com um galho, revidava, dissecava o peixe por todos os lados e gritava: Cadê o olho? Cadê o olho? Eu não sinto pena do que não fui capaz de viver. Não sinto pena. Falhar é também necessário. Não desejo me isentar de mim para enxergar. Eu quero enxergar comigo dentro. O menino resmungava escamas a procurar o olho que não morreu junto do peixe. O olho que não foi pescado. Cadê o olho? O olho deveria ser um Deus ou um pai ou uma mãe ou um carretel e suas barbatanas compridas. O olho não era o mar, mas sua aparência de musgo. O olho era o que o mar não via. Saber o que somos não amplia o espaço. Talvez até o diminua. A gente protege o que somos e recuamos. Quando se acaricia um rosto, se ergue a mão em um juramento distraído. O menino pensou que um cão levou o olho direito do peixe, não havia cão por perto. O menino se viu enganado e não poderia entender a expressão "olho morto de peixe" que o chamavam na escola. Eu não queria dizer nada para enfim dizer alguma coisa que não soubesse. Desejo me exigir sem a necessidade de palavras. Me amarro numa crença, num livro, numa música. Mas uma vida inventada não vale o susto de um engano. Um amor pode ser maior do que a própria fé no amor. O que fui não é uma fatalidade, mas uma escolha que não terminou. Cadê o olho? O que não é encontrado é o que mais vive.


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A Ana não guarda as cartas de amor.
Ela quer achá-las de repente. Em outro dia, em outra idade. Dentro de um livro, na gaveta, na bolsa.
A Ana se guarda para as cartas de amor.





Pois é, eu ainda tenho um excelente gosto literário.

sábado, abril 17, 2010

Espera aê, devagar: eu pratico esportes coletivos (teatro, banda, dança), não é bem assim.
É preciso negociar erros, perdoar erros, lidar com os tais e até tirar algum proveito disso.

Entende?

Escrever e errar diante do computador (máquina de escrever, bic, etc.) faz produzir, criar, sei lá, não sou escritora, não estou julgando ou analisando, nem mesmo fazendo cena.
É que é foda, velho. Às vezes é foda.

A gente erra na frente dos caras, ali, valendo.E fica bom/fica ruim (hoje, ficou bom, admito). Mas não é "sussa" (como dizem os playba da Vila Madalena).

Às vezes é preciso uma cancha, uma ginga, um "sabe Deus", que pode te levar a alma por horas.

E a minha alma, às vezes, é a última folha do talão de cheques.



Dumbra.
"E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência.
E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

Cainho do Amor,

segunda-feira, abril 12, 2010








Será que um dia eu vou ler esse blog e lembrar dessa fase sem nenhuma lágrima, só com um olhar perdido de saudade?

domingo, abril 11, 2010

"Mas relacionamento é isso mesmo, Mi. É amizade, cumplicidade, companherismo e essa coisa de querer melhorar sempre, pra construir uma vida bacana com alguém. Eu, por exemplo, depois que conheci a Fernanda me tornei uma pessoa bem melhor, e as coisas na minha vida começaram a dar mais certo."


Eu tive vontade de chorar na hora, mas segurei a onda e fiz de conta que nem tava ouvindo a conversa. Sei lá, poucas coisas se tornam mais bonitas quando não são ditas na nossa cara.

Taí, um puta exemplo.
Pra falar de agradecimento ao meu namorado, obrigada é pouco, bem pouco. Nunca nenhum homem cuidou de mim com tanta vontade de me proteger dos males do mundo. Nenhuma reclamação, nenhum gesto de impaciência, nenhum sinal de cansaço, nada. Ele tá sempre ali, pronto pra me estender a mão e tentar me tirar do buraco. Parece até que a vida dele sempre foi essa, desde que nasceu. E eu não tenho nada pra oferecer a ele por isso, e ele não me pede nada. Não me cobra, não me exige, não me pressiona. Apenas quer ficar ao meu lado pra tentar fazer essa tristeza toda ser um pouco mais fácil de ser digerida. E ele aguenta, com a maior naturalidade do mundo, a minha melancolia, a minha não-doçura, os meus choros, os meus desesperos, a minha agressividade e a minha apatia, e aguenta bonito, com a suavidade de quem coloca no peito a minha cabeça, e arranca, mesmo que por alguns instantes, todos os medos que a minha alma encontrou sem procurar.
Tem horas que me bate uma vontade incontrolável de chorar. Outras vezes, eu só quero ficar sozinha no meu canto. Quase sempre eu tô melancólica e sem a menor vontade de fazer coisa alguma. O pior é quando bate um cansaço tão forte que nem ânimo pra chorar ou ficar triste eu tenho. Nada, absolutamente sem sentir nada. Eu sinto pra caralho pelas pessoas que estão por perto e se preocupam comigo. Mas eu não tô conseguindo ser qualquer coisa além de egoísta nesse momento. Péssima namorada, péssima filha, péssima amiga, péssima profissional. Como eu já escrevi uma vez, no século passado, nesse mesmo blog, eu me afastaria de mim se pudesse. Só que dessa vez é sem drama.

Apática, dizem que eu estou assim. O problema é que mesmo se eu usar o meu batom mais vermelho e a minha roupa mais colorida, o adjetivo não muda.

E nem adianta me pedir pra escrever coisas bonitas, pra cima, alegres e divertidas. Eu não sigo linha de "O segredo".

Mas eu ainda amo todos vocês, do meu jeito meio triste-atual, e agradeço por todos os mimos e cuidados que vocês tem por mim. Em especial ao meu namorado, que tá fazendo o impossível pra segurar, no braço, a barra mais pesada que eu já desisti de tentar impedir que caísse no meu pé.
Pra Você Guardei o Amor
Nando Reis


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar




Lembrei dessa música ontem. Linda linda. Uma das composições mais lindas desse meu momento "sempre dá pra piorar". Resolvi postar e é isso.
Canção Pra Quando Você Voltar
Herbert Vianna / Leoni



Quando o sol de cada dia entrar
Chamando por você
Querendo te acordar
Vai ter sempre alguém pra receber
Fazer o seu jantar
Dormir no seu sofá
Alguém pra olhar a casa
E alguém que regue o seu jardim
Até você voltar
E como é normal acontecer
Se num entardecer a dor te visitar
Vai ter sempre alguém pra socorrer
Fazer o seu jantar
Dormir no seu sofá
Enquanto a noite passa por mim
Eu rego o seu jardim
Você já vai voltar.




Essa musiquinha tem uma negócio estranho de tristeza. Dá vontade de chorar e tal.
Acordei com ela na cabeça hoje.

quarta-feira, abril 07, 2010







No meio de toda essa chuva e de tanta gente querendo me proteger da água, é só ao seu lado que eu me sinto segura.

E eu nem sei mais como vai ser o meu caminho se não for segurando a sua mão.




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segunda-feira, abril 05, 2010




"Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas como alegria ou fé ou esperança.Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada!"

sexta-feira, abril 02, 2010

Tempo fechado aqui. Ruim, bem ruim mesmo. As coisas acontecendo como se uma bola de neve assassina me atropelasse me deixando sem movimento, sem reação e sem ar. Foda. Apesar de todo o carinho e preocupação de tanta gente que me ama e se preocupa comigo, ninguém tá na minha pele. Os amigos mais próximos dizem que é bom desabafar os problemas deles comigo. Não porque eu os entendo e estou numa fase boa pra dar conselhos. Pelo contrário. Quando eles começam a contar os problemas deles pra mim, automaticamente eles lembram do que eu tô passando, e aí eles percebem que não tem porra de problema nenhum. Problemas mesmo são os meus. Pois é, eu virei parâmetro de desgraça. E nem vou escrever o que mais me aconteceu depois que a bola de neve começou a descer pra não fazer chorar aqueles que passam por esse blog. Eu tô num arregaço físico-mental e emocional que nem eu consigo entender como ainda levanto da cama todas as manhãs. E nem é drama dessa vez. Tá bem foda. Dizem que o tempo resolve essas coisas, sei lá, até lá procurem não reclamar do inferno astral de vocês perto de mim. Eu nunca disse que eu não era grossa. Legal. Agora eu virei uma grossa sem compaixão pelos problemas alheios.

E pensar que até o mês passado eu reclamava da vida por puro charme... Vidinha filha da puta essa que a gente leva...