domingo, outubro 26, 2008

Tiro Ao Álvaro

Tem dias que eu ando sem inspiração pra escrever. Tem dias que eu ando sem vontade de falar sobre coisas bonitas-doces-gentis. Tem dias que eu ando de saco cheio até pras lambidas de bom dia do Huguinho



Não há nada de errado, eu penso, são só dias sem cor, como tantas outros que já bateram na janela do meu quarto.



Mas ontem alguma coisa mudou. Por algumas horas, eu voltei a me sentir super colorida-com-purpurina. Me sentir inteira, maduramente falando. Ir ao limite do meu querer, botar pra fora todos os gritos e sussurros, todo aquele lance brega de se entregar de peito aberto e tal.



Não, eu não estou falando de uma foda. Quer dizer, não no sentido físico da coisa. Estou falando de botar pra foder a alma. De sentir o coração acelerando, o arrepio na pele, a raiva invadindo o cerébro e todas essas sensações de gente viva que gosta de se sentir viva.


Do impossível correndo ali, ao meu lado e eu pouco me lixando pro peso da palavra, tentando puxá-lo pra mim. Já estava esquecendo qual era a sensação de esticar o braço.



Eu poderia fugir, claro. Seria muito mais prático e menos doloroso. Mas eu sou uma merda de uma mulher que acha que a vida só vale a pena no limite. Só é bom de alma inquieta. E com todas as impossibilidades sendo reviradas de ponta cabeça. E com tudo doendo. E com tudo queimando. E com tudo.



É claro que eu queria ser a fodona-madura-e-racional. É claro que eu me fodo. É claro que eu odeio o complô que o mundo faz pra eu me foder. É claro que eu me arrependo de ter me fodido tão feio. Mil vezes eu me arrependo. Mil vezes eu não sei como voltar atrás. Mil vezes eu não sei reconhecer meu erro. E mil vezes eu acredito cegamente que não vai acontecer de novo. E acho mesmo que bato um milhão dessas mil vezes até o fim da vida.


Distância-Condições-Oceanos-Tempo-Certo-Errado-Maturidade-Consciência-Medo-Fragilidade-Timidez-Chance-Fuso Horário-Estilo Musical-Política-Religião.

Sempre há uma desculpa esperando pra ser usada.

Mas o destino consegue ser ainda mais filho da puta quando a gente tenta passá-lo pra trás.

No fim das contas a porra do senhor "Inevitável" sempre vira o jogo e dá o xeque-mate no frágil senhor "Impossível".

E eu, com toda a minha dignissíma ignorância no tabuleiro e em toda a calma e paciência que o jogo pede, continuo achando que o lance é só não desviar dos tiros.

Tiro Ao Álvaro, dizem.

Nenhum comentário: