sábado, julho 26, 2008

Do preto e branco que ganhou cor

Carol, das nossas conversas secretas na sala do Marcelo, do dia-a-dia difícil pra caralho e a gente arranjando tempo pra rir, da lasanha que eu fiz e tive que tirar foto pra provar, dos vinhos no Bistrô, dos convites que eu só aceitava depois de saber se você iria estar lá, do óculos de sol que você acertou no escuro que era o que eu queria, dos preparativos do seu casamento, do seu sorriso pra mim na hora de entrar na igreja no meio de 300 convidados. Da tua preocupação em me contar com todo o cuidado do mundo sobre o Ti, da sua gata gorda dormindo entre as minhas pernas. E daquela primeira impressão ruim no Arco da velha ficou a irmã de olhos azuis que eu ganhei pra vida toda.


Sil, da cumplicidade, poderia ser só isso e já seria tudo, nunca eu fui tão leal e fiel a alguém em toda a minha vida. Da sua gratidão em forma de carinho e preocupação diária, das mentiras que eu contava pra livrar a sua cara, do fim de ano na praia e seu cuidado comigo, das discussões que me faziam trabalhar chorando, dos seus pedidos de desculpas que me faziam chorar ainda mais. De quando você ligava e dizia: "- É eu", e de como você dizia pra todo mundo que eu era o seu diamante. E do Seu Jorge me procurando desesperado na festa do seu casamento na hora da foto pro álbum dos noivos, "Porque o Silvio não vai tirar a foto se você não estiver lá". Você nem sabe, mas até hoje as pessoas associam a minha imagem a sua, e eu quero muito que seja assim pra sempre.


Vanessa, foi assim, eu nasci e na saída da maternidade você já me deu um tapa pra em seguida querer me pegar no colo. E tem sido assim, nesses vinte e tantos anos de amizade. Dos planos, sonhos, decepções, esbórnias, brigas e juras de "nunca mais quero te ver" que nunca se cumprem. Não é fácil nossa relação, intimidade demais é perigoso, e isso é o que mais temos. Você conhece todos os meus podres, você esteve presente nas minhas maiores loucuras, você sempre esteve presente e com força nas minhas histórias. Do sertanejo ao rock. Do Baratotal ao Ballouart. Da maternidade eu guardo duas lembranças, a do primeiro tapa e a de ter largado o trabalho no meio do expediente sem avisar a ninguém e ter saído desesperada só pra estar ao seu lado e ver a sua filha nascer. Duas vidas.


Jacy, se tem alguém nessa vida que conhece as minhas dissimulações, as minhas lágrimas presas, o meu tom de voz, as minhas preocupações, os meus medos, as minhas vergonhas, as minhas expressões, as minhas raivas e o meu guarda-roupa é ela. E isso não é qualquer coisa. Da minha adolescência problemática e dos erros que eu cometi nessa fase, você foi o meu acerto. E foi o que ficou de mais forte em mim.


Trinca, eu lembro das tuas birras com meus namorados, do dia em que eu fiz, pela primeira vez, uma torta de limão só porque era seu doce predileto, de você me buscando no trabalho, de você me levando no colo pro hospital, de você enrolando os médicos e aparecendo escondido na janela do quarto só pra me dizer por mimica que ia ficar tudo bem, de você socorrendo meu pai quando ele adoeceu, de você me dando pizza de aviãozinho na época em que eu só comia melancia e alface, de você que nunca quis ver minha tatuagem porque achava que eu não combinava com essas coisas de maluco. É, eu não lembro de mais ninguém que não me achasse maluca naquela época.

Você sempre me viu como sua princesinha, a boneca intocável, a sua menina, a sua.

Eu lembro principalmente do dia em que estávamos em uma puta galera indo pro Amarelinho, e eram poucos carros pra muitas pessoas, a garota por quem você era louco estava lá com a gente. Nos encontramos todos no Posto BR pra ver se dava pra levar todo mundo. Até dava, mas no maior aperto da face da terra, uns 8 em cada carro, e com a maior chance do mundo de fazer média com a tal garota, você olhou pra ela, olhou pra mim e com seu jeito de líder-da-turma, berrou:" - Ó, já vou logo avisando! A Fê vem na frente comigo, os outros 6 que se virem no banco de trás."

A garota se tornou sua mulher, e eu nunca tive a chance de te dizer que eu nunca fui tão feliz quanto na época em que éramos, primeiro eu e você. E depois o resto do mundo.

Dizem que amizades assim só acontecem uma vez na vida. Eu digo que são amores assim.
Eu tive sorte.


Martina, de você ouvindo atentamente as minhas histórias lendárias da noite mogiana, da gente conversando sobre um mundo de sons que você tava descobrindo naquela época, das nossas confidências, dos meus desabafos sobre pessoas que você nunca tinha visto na vida, de suas visitas no meio do trabalho sempre cheias de risadas e cor, das piadas sem graça sobre magaiver, dos cigarros no fim do corredor, da primeira virada de noite juntas, do seu vestido de bolinha mais lindo do sistema solar que deixou meus amigos babando, da gente sentada na calçada esperando o Morumbi abrir, dos cafés puros ou com leite, do seu carinho, de todas as vezes que você fez com que eu me sentisse especial, da saudade quando você foi desbravar a américa do norte, e do isqueiro que você não me trouxe, e do cheiro de pera que todo mundo vai sentir quando chegar perto de mim porque você decidiu que eu deveria ter cheiro de pera. E de tudo que a gente ainda vai viver juntas ao som de Stray Cats. Eu tenho um puta orgulho da mulher que você se tornou e sou putamente feliz por essa mulher ter se tornado uma das minhas melhores amigas.


Gabi, da gente só ter precisado de alguns minutos na mesa do Divina Comédia pra se "reconhecer" de imediato, dos nossos papos sobre tudo-tudo mesmo, que sempre me ensinam algo, da tua inteligência fora do normal, do seu jeito francesa de ser, dos nossos gostos em comum, de eu ter saído de casa mancando com os pés fodidos só pra dar um abraço na aniversariante e só porque a aniversariante era você, do quanto eu me emociono com seu carinho e seu cuidado comigo, do quanto eu gosto de te ver cada dia mais segura, mais madura, mais confiante, mais mulher de deixar qualquer um de queixo caído, do teu charme em cada gesto, cada palavra, cada olhar que me faz olhar pra você com cara de boba e pensar : "Puta Que O Pariu!". E de quando eu te sei quando ninguém mais te sabe, mesmo sem precisar dizer uma palavra. É incrível, mas muitas vezes eu olho pra você e me vejo. Ecos de sintonia, dizem. Minha Branquinha.

Um comentário:

M. disse...

Desde as pontas dos seus cabelos até sua inestimável essência, você me encanta, sem duvidas, a minha eterna fonte de inspiração. Obrigada por conseguir fazer essa coisa louca de estar presente não pelos beijos e abraços, mas por essa nossa ligação-mãe-e-filha. É o que eu sinto quando estou com você. Eu te amo, amo.