quinta-feira, janeiro 27, 2011

Oi, povo! Eu, finalmente, aderi ao mundo moderninho da nova tecnologia e criei uma página no facebook. É mega estranho, em questão de minutos você fica sabendo sobre a vida das pessoas que estão no seu círculo. E o mais "escalafobético", você tem total permissão pra se meter no que eles estão pensando. Achei engraçado, sei lá. Gente que você não vê faz quase uma vida de repente tá lá, sabendo o que você vai fazer no fim de semana, as citações que transmitem o que você tá sentindo, as suas fotinhos recentes, essas coisas e tal. A invasão de privacidade virou lei na terra do teclado, estamos todos condenados ao julgamento alheio e o pior, nos divertimos quando somos julgados. Talvez isso seja uma espécie de carência coletiva, onde virar "roteiro" é uma milhão de vezes melhor do que ser ignorado.

E lá se foi o tempo em que o silêncio era mérito, pra não dizer o grande prêmio.

sexta-feira, janeiro 21, 2011




Eu tinha lido por aí que lua e sol deveriam ficar em mapas astrais. Nunca em poemas. Mas talvez os dois tenham rasgado o concreto enquanto você dormia. Eclipses existem. Mas é preciso olhar pro céu, baby. Daí eu limpo meu nariz nas lembranças só pra ter a sensação de que até o pior de mim ficou escorrendo em outras peles. Naqueles minutos em que a brevidade de um farol vermelho, estranhamente, nos faz andar. Eu nem preciso mergulhar nesse mares castanhos que me molham pra sacar que determinadas palavras já estavam a deriva, tocando a minha superfície. Talvez eu nem me sinta livre. Mas uma boca afrouxou todas as cordas.

Fábio Reoli
Agora quando eu quiser dizer que te amo, vou berrar pra ver se você entende. Vou arranjar um bom motivo ou um motivo péssimo pra te provar, que ainda é tempo de desistir. Vou arrumar uma briga, pra deixar tudo bem claro aqui. É assim que vou dizer o quanto você é maravilhoso e importante pra mim. É assim que vou desfiar todos os elogios que eu gostaria de fazer e não consigo - entre berros e palavrões. Vou bater a porta do seu carro e assistir você dobrando a esquina. Vou te ligar a cobrar de um telefone público na madrugada, completamente bêbada, pra ver se você entende de que laia eu sou. Eu vou te contar! Vou te dizer por onde eu andei e gastar com você bons cinquenta e oito por cento do meu potencial de escrotidão. Vou te dizer que eu sou uma bosta. Vou fazer tudo isso, tentando passar pra você o medo que eu tô sentindo. Eu quero que ele te contamine. Súbito, meu brightside surge te oferecendo a possibilidade de calcular o buraco em que tá se metendo. Você não corre. Vou quase implorar pra você me abandonar. Vou fazer tudo isso, porque eu já não posso mais. Eu sei. Eu vou me foder.
(...) O dia começa assim: A luz do sol escorrendo das persianas. O vento de inverno se esgueirando pelas frestas, até a cama. Até nossas cabeças. Luz e vento tocam minhas pálpebras que se abrem devagar, rolando frias sobre meus olhos que estranham a temperatura do dia lá fora. Aqui dentro, sinto seu coração batendo nas minhas costas. Sua respiração nos meus cabelos esparramados no travesseiro. Pego o celular que histericamente me avisa que tenho excesso de mensagens de texto na caixa de entrada. Agora apago-as uma a uma, para não perder aquela em que você disse que me amava pela primeira vez. (...)

(Wanessa Rudmer)

Ela é tão docinha, né?
Ele olhava para além do teto, olhava a senhora parada na porta do bar na noite anterior.
"O olhar não envelhece, já reparou? O olhar é a única coisa que não envelhece".

Eu olhava o menino deitado ao meu lado vestido de milênios, de tanto tempo que gente de carne não pode contar, segurando minha mão e me dizendo: "Tá na cara que temos alma."



Wanessa Rudmer

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Eu sempre fico intrigado com a separação amigável. É a que mais machuca na verdade. Porque não há catarse, explosão, exorcismo. É um acordo contido, vizinho de porta da indiferença. Aceitam que não deram certo e tomam caminhos contrários. Ajudam inclusive na mudança. Não se importam muito em perder o futuro a ponto de jorrar culpa e maldizer os bons modos. Quer algo mais irritante do que alguém educado numa despedida? A vontade é chacoalhar os ossos do vivente. Que seja cínico, nunca educado.

Chorar não significa remorso, a gente chora para atacar, para constranger, é uma violência, não há nenhum lamento.

Não concordo com a teoria que é melhor acabar antes do ódio. Eu somente acabo quando odeio e ainda assim devoro todas as sobras, testo a paciência. Não deixo nada no prato, raspo com a colher. Odiar é uma rara chance de reconciliação.

Acúmulo de respeito não é amor. As pessoas se respeitam tanto que se anulam. Não discordam mais, não se provocavam mais. Aceitam tudo. Mergulham numa amizade assexuada, previsível, certa como um expediente. Elas não mudam, apenas enjoam da representação. A cordialidade também tem um limite. Por vezes, reprimimos o nosso temperamento para agradar, chega uma hora em que o sim é um hábito e não nos deslumbramos mais com as diferenças. Quando não aparece a conta mensalmente, é certo que virá o despejo.

O amor não é para os equilibrados. Não somos feitos para nos encaixar, mas para arrebentar as caixas. Mesmo quando não tenho razão, eu teimo. Até para que o outro desenvolva melhor seus argumentos.

Seduzir é cutucar, esbarrar, encher o saco, expor as fantasias, ensaiar aproximações novas, não desistir da personalidade, contrariar as expectativas, fazer drama para despencar na comédia. Ser natural. A admiração pede exclusividade. O desejo depende do conflito.

Ser a melhor pessoa é uma ofensa para mim. O que eu sempre quero é ser a pessoa predileta. A pessoa necessária.


Carpinejar

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Eu tô de férias. Eu nem disse, né? Pois é, eu tô. Férias só do trabalho, a minha vida continua sem pausa para o descanso. O pior é que agora a minha cabeça resolveu seguir o ritmo do meu corpo. Atropelando tudo o que vê pela frente. Uma confusão que eu não saberia explicar sem sentar e chorar. Aliás, eu tenho tido uma vontade insuportável de fazer isso. Todos os dias.

Sei lá, eu lembro de ter me sentido assim uma vez na vida, mas naquela época eu nem tinha motivo.

Merda.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Tão pouco tempo e já temos uma vida inteira de lembranças lindas pra guardar.

É o meu sorriso mais doce no dia de hoje, meu bem.