quinta-feira, agosto 26, 2010

Tive vontade de sentar na calçada da Rua Augusta e chorar, mas preferi entrar numa livraria, comprar um caderno lindo e anotar sonhos...


Por aí.
Oi,

Só pra dizer que esse blog anda mudo por que eu ando sem voz. Sem tempo de ter voz, sem pique de ter voz, sem vontade de ter voz. Tô cansada pra caralho. Cansada emocionalmente, cansada fisicamente, cansada espiritualmente. Usando o meu rarissimo tempo de pausa pra descansar, no sentido literal da palavra. Sem tempo pros amigos, pros passeios, pras diversões, pra mim. Aquela coisa de ficar enjoada por excesso de coisas a fazer e de encostar a cabeça por 10 segundos num lugar tranquilo e acabar pegando no sono. Esse ano tá uma verdadeira merda e eu tô aprendendo, na marra, a me virar sozinha. O bom é saber que ainda tenho boas almas que me entendem. O melhor é saber que eu tenho alguém pra abraçar quando as pernas não aguentam mais o peso da situação.

Volto quando der.

domingo, agosto 08, 2010

Ontem comemoramos mais um mês juntos. Um mês daqueles que mais parecem anos, como todos que passamos até hoje, desde o primeiro beijo. A intimidade, a cumplicidade, o encanto, a amizade, tudo-tudo como se já nos conhecessemos desde sempre. E nesse ano tão difícil pra mim, é o apoio dele que tem me mantido firme. Sabe quando tudo parece uma grande merda e o que você mais quer é sumir da face da terra, aí vem alguém e segura a sua mão pra você seguir em frente? É bem isso que eu sinto. A certeza de que ele nunca vai abrir mão de me ver bem ao lado dele. Aconteça o que acontecer, estaremos segurando a mesma barra.

Eu sempre escrevi pra ele guiada pela paixão. Hoje eu escrevo pela razão de quem se sabe cuidada, protegida e segura. E mesmo com todo o desgaste desse ano sem fim, amada.

Parafraseando Tati Bernardi: "Nessa época em que todo mundo acaba indo embora da nossa vida, quem tem que ficar, fica."

sábado, agosto 07, 2010

Ela me disse, casualmente, que havia notado a mancha de sangue na minha camisa.
Disse a ela: "Não se preocupe, não é nada." Ela respondeu: "Eu não tô preocupada."
Resmunguei: "É melhor assim."

Achei que podia me divertir um pouco assistindo uma luta de boxe na tv. Tirei a camisa manchada de sangue e joguei no tanque. Ela vestiu uma micro-saia e saiu pra rua. Abri uma cerveja e resolvi esperar.

Os ponteiros do relógio eram guilhotinas no meu pescoço. Quando ela voltou, não falei nada. Fiquei no escuro vendo ela se mexer, deixando cair sua saia. No caminho pro banheiro deixou a luz acesa e ouvi o barulho, não vou usar de eufemismos nesse momento pra dizer o que ela estava fazendo. Somos um casal com tempo de serviço, nossa indiferença mútua provava isso, meu enorme peso no sofá atestava isso.

Ela acendeu um cigarro no escuro da sala e a chama do isqueiro fez com que ela me notasse. "É mais difícil do que você imagina", ela disse. E o seu desprezo me acertou como um blefe de pôquer.

Ainda ficou um tempo olhando pra mim antes de vencer o orgulho e perguntar:
"O que era a mancha na sua camisa?"
"Já disse. Não é nada. Não precisa se preocupar"

Ela soltou um foda-se e foi pro quarto, deitou e ficou fumando olhando o teto. Levantei e fui até o banheiro. Cambaleei e tive que me apoiar na porta. Abri o armário e peguei o mercúrio cromo.

Ou você não sabia que a maioria das histórias de amor terminam com alguém limpando as feridas?


É um poema, mas acho mais verdadeiro assim, sem muitas pausas. Bortolotto que declamou pra mim.
Eram 21h quando o fiscal da CET me parou. Aplicou-me uma multa dessas de R$500,00 e avisou que dá próxima vez que me pegasse pensando em você no trânsito, não teria acordo, levaria o carro. Desci, entreguei-lhe as chaves e avisei que o câmbio não estava nada bom, mas que o IPVA estava em dia. Segui o meu caminho pela Consolação a pé pelo canteiro central e ainda tive tempo de ver o guarda passar por mim, dentro do meu carro, ouvindo aquela música do Morphine.
Acho que até ele naquela hora estava pensando em você
.

Dumbra.

quinta-feira, agosto 05, 2010









Teríamos um apartamento com varanda, quem sabe uma casa com jardim e um bolinha de pelo. Tomaríamos café preto e suco de caixinha todos os dias de manhã. Você reclamaria o fato de eu comer miojo toda noite. Eu, por você passar horas jogando no computador. Eu não admitiria o quanto você fica bonito quando bravo e você não diria que lembra da roupa que eu usei no nosso primeiro encontro. Discordaríamos quanto ao uso de tapete na sala. Não arrumaríamos a cama diariamente, beberíamos juntos em algum bar no final de semana. A geladeira seria repleta de congelados e cervejas, o armário, de igredientes para o nosso sagrado lanchinho de sanduicheira. Eu dormiria cedo, você, sempre após o almoço. Sonharíamos os mesmos sonhos. Você me ensinaria alguma coisa sobre tecnologia, e eu te convenceria a ler os blogs dos meus escritores favoritos. Sentaríamos na sala de pijama e pantufas, você iria direto para o caderno de esportes no jornal e eu comentaria alguma notícia sobre política. Você saberia o nome do meu perfume, eu saberia a sua marca de sapatos favorita. Você faria macarrão pro almoço, eu faria mousse de maracujá pra sobremesa. Conversaríamos sobre religião. Nos beijaríamos no meio de alguma discussão. Você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia. Saberíamos.

Poderíamos casar.


Com as devidas licenças poéticas a idéia original do texto.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar é pra quem pode. Mas você ou a vida ou sei lá, insiste. E então chega enorme. E só me resta rir que nem quando vejo um bebê muito pequeno e lindo. Você ri. Vai fazer o quê? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se você gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor.
E então fico querendo não trair a beleza. Com você sinto a fidelidade de ser tranquila. Um pacto de paz com o mundo. Pra não me afastar de você quando estou longe. E é impossível então que os martelos do apartamento de cima sejam realmente martelos. E é impossível que as chatices do dia sejam realmente sem solução. E os outros caras, aviso, olha, é amor. É amor. Ainda que eu quisesse, não consigo mais nem um centímetro pros outros. Desculpa. O amor é terrivelmente fiel. Porque ele ocupa coisas nossas que nem existem nos sentidos conhecidos. É como tomar água morna depois de ter engolido um filtro inteiro de água geladinha. Ninguém nem pensa nisso. Muito amor.
De um jeito que era mesmo o que eu achava que existia. E é orgânico dentro da gente ainda que vendo de fora não pareça caber. O corpo dá um jeito. Minha casca reclama mas incha. Tudo faz drama dentro de mim, ainda que nada seja realmente de surpresa. Sentir isso era o casaco de frio que sempre carreguei no carro. Cansado, abandonado, amassado, sujo, velho. Mas, de repente, tudo isso desistente tem serventia e a vida te abraça. O guarda-chuva do porta-malas. A bolsa falsa do assalto que minha mãe mandava eu ter embaixo do banco do passageiro. Sentir isso é o troco que você guarda pra emergência. Amar grande é gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que não se tem. Amar grande é ter vertigem no chão mas sentir um chamado pra voar. Amar grande é essa fome enjoada ou esse enjôo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acabar em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu sentir vontade de desmaiar. É o açúcar que carrego junto pra deixar as situações mais doces. É tudo que pode sair do controle. É o desespero aconchegante. É o meu corpo caindo sobre as almofadas de todas as cores dizendo que pode dar certo.



Achei num blog aí por acaso. Não tinha o nome do autor, mas acho que é da Tati Bernardi. Tem a cara da Tati Bernardi. E agora tem a minha dedicatória.

Pra você, meu maior bem.

terça-feira, agosto 03, 2010










Sabe de uma coisa? Eu desisto das pessoas.

(Cainho do Amor)

segunda-feira, agosto 02, 2010

Eu não tenho tempo pra cagar, meu povo!

É vulgar, é forte, é nojento, mas é bem por aí mesmo. Eu acordo no meio da madrugada para ir ao banheiro. Só assim, juro. Quer dizer, às vezes eu sou surpreendida com uma baita dor de barriga no meio do dia, mas isso é culpa dos miojos que eu ando comendo por pura falta de tempo pra fazer uma comida de gente. Eu tenho tempo pro trabalho, pras contas, pras roupas sujas, pras louças em cima da pia, pro ferro de passar, mas não tenho tempo pra mim e pras pessoas que eu amo. Vida estranha, não? Bem vindo.

Fora isso, ainda tenho que escutar o "mimimi" de pessoas que não aceitam que a minha vida mudou, que eu mudei, e que o meu tempo mudou. É uma pena.

Só o meu namorado sabe que as 22:00 de um sábado a coisa mais difícil do mundo é não me encontrar dormindo no sofá da sala. As pessoas confundem falta de amor com excesso de cansaço. E, infelizmente, eu não tenho mais ânimo pra explicar a diferença. É uma pena (2).
Barrichello esperou quase uma década pra ultrapassar Schumacher pela primeira vez. Shumacher tentou evitar esse feito jogando Barrichello contra o muro. O muro acabou na hora certa. Barrichello venceu a parada e conquistou ... Um ponto. Um mísero pontinho compatível a um mediano nono lugar. Se a disputa fosse pelo penúltimo lugar, a história seria a mesma. Mas o que estava em jogo não era a posição, era uma espécie de redenção, minha gente.

Quase uma década de sapos engolidos que foram vomitados em uma única curva. Pagou pra ver e assumiu os riscos de uma batida a 300 km por hora. Foi a maior vitória da carreira do Barrichelo.



Isso tudo só pra lembrá-los que a vida sempre nos dá a chance de colocar pra fora os nossos "esqueletos" ou morrermos com eles no armário. É questão de escolha. E coragem.