domingo, maio 31, 2009

O que mais me encanta em você ...
É teu sorriso esperto de quem muito já sofreu,
Tua inteligência moleque, de pernas tortas,
Teu delírio otimista à beira da sorte,
Teu rosto infantil,
Teus traços fortes.


( O Que Mais Me Encanta Em Você - Frejat )

Frejat era bi platônico e escreveu esse trecho pensando no meu namorado. Só pode.
Mais um fim de semana juntos.
Mais um sábado de braços e abraços. Mais um domingo de gostosinho na alma.



E a certeza de acordar te amando um pouco mais toda segunda-feira. E a sensação de que terças, quartas e quintas só existem no calendário pra aumentar a saudade que eu sinto do teu sorriso de menino que alivia toda a angústia da minha impaciência.



Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com arco da promessa
Do azul pintado
Pra durar.

terça-feira, maio 19, 2009

Sabia gosto de você chegar assim arrancando páginas dentro de mim desde o primeiro dia.
Sabia me apagando filmes geniais, rebobinando o século, meus velhos carnavais, minha melancolia
Sabia que você ia trazer seus instrumentos e invadir minha cabeça onde um dia tocava uma orquestra pra companhia dançar
Sabia que ia acontecer você um dia e claro que já não me valeria nada tudo o que eu sabia um dia.


Lola. Também do Chico.

É música, mas poderia muito bem ser apenas uma poesia escrita numa folha de papel qualquer. Daquelas que só fazem sentido declamadas ao pé do ouvido.

Perdida

Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural
Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...



Dura Na Queda.
Do Chico, o Mestre.
Odeio peixes. Mais do que gatos e cajus. Juro.

segunda-feira, maio 18, 2009

Lembrei ontem. Esqueci de postar. Hoje veio mais forte.

Da F. D'Umbra,

Conforme o combinado, só morra depois de mim.
Acordei estranha hoje.

Uma dose de medo-incerteza-insegurança misturado ao café da minha xícara.
E um pão com não-sei-porque-estou-me-sentindo-assim.

É ruim ver a tristeza estampada no rosto de um amigo. É perigoso ouvir verdades duras antes de dormir.

A sensação que fica é que o "gostosinho da alma" independe do nosso querer. E dura somente o tempo de uma curva.

Eu não lembro exatamente quando foi que eu perdi o controle sobre os meus desejos.

domingo, maio 17, 2009

Eu te conquisto sempre e você sempre me comove.

Heróis da Resistência.










Sim, Eu confesso. Tirando Legião, a década de 80 até que não foi assim, tão ruim...

sábado, maio 16, 2009

Eu perco o rumo sem você.


Léo Jaime.

quinta-feira, maio 14, 2009

Eu brigo. Brigo com todo o mundo. Faço cena. Dou meu show. Me indigno. Me revolto. Xingo. Esperneio. Berro. Mas só com as pessoas que eu amo, amo mesmo, daqueles amores-que-doem. Brigas que duram um dia, no máximo uma semana. Posso ser esquentada, mas ninguém pode me acusar de ser rancorosa. Talvez um pouco orgulhosa... Ok, muito orgulhosa. Tenho uma puta dificuldade em dizer "Ei, errei, me desculpa?" . A vontade de fazer as pazes e ficar numa boa quase nunca é maior que a coragem de dar o primeiro passo.

Hoje é aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Uma daquelas pessoas que eu amo tanto, mas tanto, que acabo brigando. Mas essa briga foi diferente, pela primeira vez, a palavra fim havia se tornado presente na minha cabeça, eu quase conseguia tocar a sensação de laços desfeitos. Até que aos 48 minutos do segundo tempo um toque do meu celular mudou tudo. Uma mensagem. Só uma mensagem. Não uma mensagem qualquer. Uma mensagem de alguém que estava o tempo todo esperando o meu primeiro passo, mas que não se intimidou em caminhar na minha direção. Uma mensagem de alguém que sentiu falta do meu abraço, exatamente no dia em que recebeu abraços de todas as pessoas que o cercam. Uma mensagem linda, absurdamente simples e absurdamente verdadeira. Um "sinto a sua falta" inesperado. E a certeza de que o carinho sempre esteve ali.

Não é qualquer pessoa que presenteia alguém no dia do seu próprio aniversário.
Eu tenho o jeito explosivo sim. Eu tenho amigos que me entendem sim . E eu tenho muita sorte.

domingo, maio 10, 2009

Cada vez que vou ao pacaembu esses dias, sei que estou vendo parte da história que um dia será contada aos nossos netos. Como quando vi Pelé fazer seu milésimo gol. Ou quando assisti os jogos das eliminatórias da copa de 70. Ou quando eu vi o, ainda juvenil, Zico fazer um gol numa preliminar e ter seu nome ovacionado por todo o estádio. Ou quando eu vi, dentro do Morumbi e embaixo da chuva, o gol de Basílio em 1977.

Hoje, quando vou ao Pacaembu vejo Ronaldo, que mal anda em campo, com seus joelhos que parecem fixos no gramado, sempre dento da área vigiado por dois zagueiros. Imagem de um jogador no fim de carreira? Seria.

Mas de repente, do nada, Ronaldo corre, pega na bola e não erra um passe, sua bola chega doce aos companheiros, seu chute é sempre certeiro, e seus dribles parecem gozação da cara dos adversários. Ronaldo faz o futebol parecer uma brincadeira de criança. E é exatamente isso que ele faz. Ronaldo brinca de futebol. Brinca de dar entrevistas depois dos jogos, brinca na comemoração com seus companheiros. Ronaldo se torna uma criança dentro do campo, e como toda criança, passa sinceridade, verdade e humanidade em suas jogadas.

Eu vou ao pacaembu e o vejo marcando um gol a cada 90 minutos, e a cada noventa minutos eu me convenço que estou vivendo em tempo real, não a história de um craque de futebol, estou ali, presenciando a poesia em rimas perfeitas, escritas pelos pés de um guerreiro do brasil.


Marcelo Rubens Paiva.
Um tranco. De que? De amor. Era disso que eu precisava: de um tranco. Um abraço mesmo, um beijo mesmo. Trabalhando feito louca, cheia de pessoas que esperam que eu faça o que sei fazer: dar o melhor que eu tiver, mesmo que isso não seja suficiente, mas "taí, é seu, pode pegar". Um tranco de amor. Um alento. É isso. Para usar a expressão cunhada pelo filho de um amigo: Eu precisava que alguém me visse através de uma "lente de alento".

Fernanda, a Dumbra.

quinta-feira, maio 07, 2009

Hoje faz cinco meses, e eu queria escrever uma coisa linda que compensasse toda a barra que você tem suportado pra estar ao lado de uma menina fodida, mal-humorada e absurdamente confusa. Mas, no meio da minha fixação de escrever sobre tudo que faz sentido pra mim, exatamente agora que eu deveria me rasgar no papel, só consegui pensar num versinho gostoso do Lulu Santos,



Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no seu peito
E se isso for algum defeito
Por mim, tudo bem.


Um beijo.

domingo, maio 03, 2009

Minha cabeça é quente em tempo integral. Sou impulsiva e sacana. Bato boca e não admito ser contrariada. Provoco. Me arrependo e não volto atrás. O meu braço não torce e minhas decisões eu tomo, minhas escolhas eu faço e minhas consequências eu arco, estando certa ou errada, não abro mão de serem minhas.

Eu não ficaria comigo, se eu pudesse escolher. Minha saúde frágil não suportaria tanto estresse.

Ainda dá tempo de ir embora.
Eu me detesto em fotos. "Nossa, você não é nada fotogênica!", disse Patrícia-Maria logo que me conheceu. Desde então, carrego o peso desse trauma sobre meus ombros largos.

Dessa eu gosto. Só dessa. Digo que é por valor sentimental, apesar de ter a ligeira sensação que só gosto porque eu não estou parecendo eu nessa foto.



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sexta-feira, maio 01, 2009

Estou com saudade, meu bem.

(Assim mesmo, em destque.)
São Paulo tem gosto de café puro, quentinho, servido num copo americano de um balcão de padaria. Gosto de pão na chapa. De feijoada as quartas, pizza aos sábados e macarronada aos domingos. De arroz com feijão no restaurante da esquina do trabalho. De china in box nos feriados. São Paulo das receitas do mundo.

São Paulo tem cheiro de chuva em dias de sol escaldante. Cheiro de neon ao anoitecer. De fumaça de cigarro de menta. De perfumes doces. De frutas ácidas. Cheiro de asfalto com flor do campo no meio dos concretos. Cheiro de infância. De sexo barato. Cheiro de maçã do amor. São Paulo dos aromas marcantes.

São Paulo tem a cor vermelha da paixão pela vida. O rosa da ingenuidade das crianças que ainda são crianças. O verde da sorte que talvez só venha amanhã. O amarelo da energia pulsante de uma cidade que não para nunca. O branco da paz que se perdeu em meio ao cinza da ganância e do egoísmo, mas que ainda se busca no que restou da cor nos olhos alheios. O preto da força, dá volta por cima, do aguentar todo dia. São Paulo da cor lilás das diferenças. São Paulo da aquarela do Brasil.


São Paulo tem forma de drink, daqueles que nos deixam levemente embriagados e daqueles que nos deixam com a maior ressaca do universo. Depende de quem toma. Depende de como se toma. Depende de quanto se toma. São Paulo da vodka com limão. Do whisk sem gelo. Da cerveja estupidamente gelada. Do conhaque com mel. Da caipirinha com bastante açucar. Da pinga de alambique. Da tequila prata. Do suco com leite. Dos refrigerantes ligths. São Paulo da água colorida, com gás e sabor.

São Paulo tem cara de trabalhador. De gente que levanta às 4 da madrugada e só volta pra casa quando o dia já virou outro dia. De gente que pede esmolas nas esquinas. De gente pilotando seus carrões de luxo. De gente que é vítima da violência. De gente que propaga a violência. De gente com sobrenomes que dão sustento. De gente que batalha pra sustentar seus filhos. De gente que passa fome. De gente que desperdiça comida. De gente que ri das degraças alheias. De gente que desgraça as risadas alheias. São Paulo de todos os princípios que sucumbem as paixões.

São Paulo tem som de grande concerto ao ar livre. De buzinas de carro. De pássaros cantando. De cachorros latinho. De gente ao celular. De risadas escandalosas. De choros compulsivos. De acorde de guitarra. De bateria de escola de samba. De nota de violão. De contagem de tango. Da batida do hip-hop. De entrada de bolero. São Paulo do som do pulsar de um coração gigante.


São Paulo de todos os gostos. De todos os cheiros. De todas as cores. De todas as formas. De todos os sons. São Paulo de todos as gentes. São Paulo de todos os mundos.
São Paulo de um único brinde: Por tudo o que a gente quiser e quiser e quiser...
Eu não sou de chorar. Quer dizer, sou, mas quando eu fico puta de raiva. Mas aí eu choro escandalosamente, faço o meu show.
De tristeza, eu não sou de chorar não. Aquele choro pra dentro. Choro quietinho. Choro sozinho. Choro de dor. Choro escondido dos outros. Eu nasci pra causar impacto, oras.

E essa semana eu chorei assim. Chorei duas vezes pela mesma pessoa. Duas vezes pela mesma situação. Duas vezes pela mesma mágoa. Um choro inocente, pela primeira vez, em 24 anos, não explodi numa briga. Não insultei. Não aumentei o tom de voz. Não apontei dedos na cara. Não provoquei uma reação agressiva. E chorei baixinho, sem precisar mostrar ao mundo a minha tristeza.

E doeu. Doeu de dor que dói até o final pra não correr o risco de latejar novamente. E aí eu percebi que aquele lance de falta de tato com quem amamos, faz todo o sentido do mundo. E tapinha na mão de quem a gente menos espera, dói muito mais que tiro no peito do resto do mundo.

Sou mole. Minha mágoa, minha raiva, minha tristeza dura o tempo de um olhar cúmplice de reconciliação. Mas não lembro de outra pessoa na minha vida que tenha merecido meu choro até a última lágrima, sem que haja espaço pra um novo começo.

Ele mereceu.

E eu passo por cima de qualquer desentendimento, mas não aceito ser válvula de escape de uma das pessoas que sempre ocupou um dos maiores lugares do meu peito.

Vai ser difícil reaprender a caminhar assim, meio manca.
Amor vem de amor. Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e cresce com a mais remota chuva.


Ou,


Hoje, temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna tão complicado. Digamos, então, que nada se perderá. Pelo menos, dentro da gente.




(Guimarães Rosa)