sábado, dezembro 27, 2008

Réplica

Há de ser sempre autêntico no que se faz, diria John Lennon, se estivesse vivo.

Algumas pessoas têm o dom de fazer das suas vitórias uma coisa desinteressante. Outras fazem de seus fracassos uma volta por cima na próxima esquina, cheia de charme.

Fracasso é o meu natural, em se tratando de perder apostas, eu diria que é a minha característica mais forte. Corintiana de sangue e sobrenome, invariavelmente puta da vida com a ostentação da burguesia ("A Burguesia Fede", abraços ao Cazuza no além), frustrada no trabalho e odiadora de shoppings..

Voltando ao relato,
Por conta de uma aposta, fui assistir o último jogo do São Paulo com dois amigos, Rodrigo e Talita, numa casa de Pastel no Tatuapé. A minha náusea de pastel só não é maior que minha aversão a shoppings. Escolha por escolha, o meu vício de poder fumar livremente falou mais alto. E fui eu lá, numa casa de pastel botar fé no Goiás, um time verde.

Enfim,

Nada colaborava pra que aquela tarde de domingo fosse a exceção à regra. E não foi.

Durante a tarde, "havia uma louca de pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia um louca de pedra" ( Abraço também ao Drummond, que se tivesse conhecido a tal da Liliane, certamente acrescentaria o "louca" antes da pedra).

Enfim (2),

Como eu ainda não consegui merecer a minha canonização, e estava prestes a ser obrigada a me enrolar na bandeira do (ecat) São Paulo, tinha todos os motivos reais pra ser extremamente grossa com qualquer pessoa que cruzasse meu caminho, incluindo desconhecidas loucas que insistiam em falar de amor enquanto eu estava interessada apenas em futebol.

Com toda a minha delicadeza e doçura de mulher que já havia bebido umas 5 cervejas e estava prestes a pagar o mico do século, acabei por fazer com que a louca fosse atrás de outras vítimas. Pensando bem, ela nem devia ser tão louca assim, já que saiu da nossa mesa pra ir sentar-se na mesa mais "interessante" do bar. Obviamente que eu fiquei encarando a mesa-vitima da louca não por causa da louca, e mais obviamente ainda que, qualquer coisa, eu tinha a desculpa de estar observando qual seria a próxima que a louca aprontaria.

Não precisei dar desculpas, só precisei sentir o estômago embrulhando na hora que o bar inteiro ensaiou um coro do hino do (ecat) São Paulo, e ir pra rua dar uma respirada.

Voltei pra mesa, uns 15 minutos depois, muito bem acompanhada por um cara tipo burguês/tipo macho (é, o antônimo de burguês é macho, juro), que prometeu nunca na vida falar de política comigo. E desde então, até hoje, nunca brigamos por causa do Fernando Henrique Cardoso.

Enfim (3),

Saí de casa, na esperança de ver o Rodrigo com a camisa do Corinthians, e acabei tendo que me cobrir com a bandeira do São Paulo.
Saí de casa, totalmente "futebolística" e voltei meio assim, "e até quem me vê lendo o jornal na fila do pão", do Los Hermanos.

É, Rodrigo, eu sou um fracasso. Uma pessoa que quase cumpre o script, não fosse as cervejas e a bendita vontade de sempre apostar pra ver.

São Tomé tinha razão.


Azar no jogo, sorte no amor, dizem...




Texto-Réplica ao "Frêcasso", do blog mimself do Rodrigo-José, meu inimigo mais íntimo.


http://mimself-jan.blogspot.com/2008/12/frcasso.html?showComment=1230400860000#c1966219762012231803

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