segunda-feira, dezembro 21, 2009

A gente tava ali porque nosso time já não tinha mais chances de ganhar o título, eu me lembro. Mas se não for isso, vamos dizer que foi isso mesmo.

Tinha acabado o campeonato pra gente e que como não estavamos querendo sair por baixo, seguimos torcendo contra o nosso maior rival dos últimos tempos. Nossa torcida contra não surtiu muito efeito, e foi no fim do jogo que você veio puxar conversa.

Que papo foi aquele de "quer uma cerveja", "eu tenho uma banda"? Aquilo foi bandeira, mas eu já tinha tomado várias, e podia estar viajando, se bem que àquela altura eu não tava viajando nem fudendo, era exatamente aquilo: você tava a fim de mim.

Irremediavelmente, naquele boteco sujo, num domingo despretensioso, torcendo contra aquele time horroroso, você ficou a fim de mim. E eu a fim de você.


Coincidência.

Fernanda Dumbra me emprestando idéias.

domingo, dezembro 06, 2009

Eu sempre sonhei com um cara agressivo, blase, estúpido, grosso e revolucionário como a tampa da minha panela.
Aí, esse mundo de moinho, colocou no meu caminho, um cara pacato, simpático, carinhoso, doce, e defensor árduo do FHC. Aí (2), eu tinha duas escolhas, desviar o caminho ou transformar os sonhos.

E pela primeira vez, em tantos anos de textos depressivos, angustiantes, revoltados e ofensivos, eu só tenho a escrever que sonhos podem preencher vazios por alguns instantes, mas a alma só se realiza com planos. E planos só começam a se concretizar quando a gente abraça a realidade com o maior carinho do mundo só pra sentir um cheirinho de quem muda por completo os nossos arquétipos pra nos fazer um pouco mais feliz todos os dias, até sem perceber.
Parabéns, Inter. Por continuar defendendo, com dignidade, a faixa de "eterno vice".

*

Parabéns, Palmeiras. Por ter sido a maior piada pronta do ano. S.E.P : Sim. Eu. Pipoco.


*

Parabéns, São Paulo.Por ter tido a eficiência de apagar uma comunidade com mais de cem mil membros, chamada: "São Paulo Hepta Campeão Brasileiro-2009", poucos segundos após o fim do campeonato.


Corinthians dono do primeiro semestre.
Flamengo dono do segundo semestre.

No mundo do futebol, um ano inteiro da massa, um ano inteiro do povo.

Segundo as estatísticas, oitenta por cento da população brasileira agradece.
Atenção!

Estou careca.

Quer dizer, quase careca, assim, com fiozinhos desconectados grudados no couro cabeludo enfeitados por uma franja no meio da testa. Oi?

Quase isso, minha verve exagerada, me redime. Mas eu nunca achei tão lindo brinquinhos de pérolas. Juro.

Em tempo:

Toda vez que eu vou na Élida, volto um pouco mais macho. E como ando tão mulherzinha-dia-a-dia-doce, acho super digno esse contraste.

Talvez fotos, talvez...

segunda-feira, novembro 30, 2009

Estamos a sete dias de um ano de cumplicidade, amor. E como dizem que sete é o número da sorte, resolvi escrever pra você.

As vezes eu me pego pensando em todos os ses que já existiram em nosso caminho, que penso que vou enlouquecer com as possibilidades. Se eu tivesse negado o convite do Ro e da Talita, se eu não tivesse saído do bar na hora do hino do São paulo, se eu tivesse optado por ficar no shopping, se eu tivesse entrado naquele trem puta da vida contigo... Tanta coisa poderia ter abortado a nossa relação, mas tanta, que já acho incrível que ela tenha nascido de forma tão saudável e bonita. E o mais inacreditável é que ela venha crescendo cada vez mais estável, madura, certa, e incondicional.

É tão gostoso olhar pra trás agora e ver o carinho e reconhecimento de uma porrada de gente que não acreditava no envolvimento de duas pessoas que se conheceram num bar, que não era conhecido por nenhum dos dois, numa cidade, que não era a cidade de nenhum dos dois e torcendo contra um time, que não era o de nenhum dos dois.

Acho que no começo, nem a gente acreditava na gente. No gráfico das probabilidades a primeira vista, éramos um fracasso total. Nossos gostos, nossa personalidade, nossas opiniões, nossas visões do mundo, nada se encontrava, a não ser nossos olhares.

E insistimos, não sei por qual razão, mas insistimos. E hoje, que eu te conheço tão bem como eu me conheço, eu entendo que qualquer recuo de nossa parte, só teria adiado a descoberta do sentimento que nos une hoje. Sentimento que envolve respeito, amor, tesão, amizade, confiança, planos, ideologias e principalmente a imensa cumplicidade que em toda a minha vida só encontrei em você. Onde falar o segredo mais obscuro das nossas vidas tem o mesmo peso de contar histórias sobre gatos que caem do céu.

E tudo isso porque, como diria Moska, ainda estamos no início do que vamos ser.


Obrigada, meu bem, por nunca ter duvidado que eu nunca duvidaria da gente.

domingo, novembro 29, 2009

Eu sempre tive horror a dormir grudada em alguém. E sempre fiz questão de deixar claro que me irrita profundamente mão alheias encostada na minha pele na hora do sono. Sexo é sexo e ponto. Dormir é dormir, porra.
No século passado, eu ouvi de uma pessoa que eu só me incomodava com isso porque ainda não tinha encontrado o peito certo. Na época eu ri, não entendia como o meu jeito espaçoso e agitado de dormir tivesse ligação com as mãos, peitos, ou abraços de alguém. Acchei, de verdade, que isso fosse falácia de mulherzinha que estava apaixonada e via o mundo cor de rosa.

Eu demorei tempo pra caralho pra sacar o que significava "peito certo". Foi quase um século pra eu me render.

E juro, a sensação é qualquer coisa assim, de quentinho na alma.

domingo, novembro 22, 2009

Quase 365 dias, e cada fim de semana só serve pra aumentar a minha certeza de que ter ido, meio que por pressão, assistir aquele jogo do são paulo, foi a escolha mais acertada da minha vida.
E já que, diferente de você, eu não acredito esse troço de "Destino", "O que tem que ser será", "Era pra ser", "Tava escrito" "Pressentimento" e derivados, eu agradeço a minha sorte, aquela que eu sempre tive e que algumas pessoas insistem em dizer que é proteção espiritual, mas que nunca tinha tido uma forma, voz e um franzir de testa tão nítidos como tem agora.

Seja lá o que for, meu mais sincero sorriso de agradecimento.

Ontem foi aniversário da Paty, vulgo Patrícia-Maria. E eu bem sei que esse nome dispensa qualquer apresentação pra quem me conhece, lê esse blog ou sabe qualquer coisa que seja sobre mim. E ela merece tanto do meu amor, que em palavras só me resta escrever o tanto que já fomos patéticas, imbecis, chiliquentas, pasteis, choronas, desesperadas, dramáticas, fodonas, felizes e todas outras possibilidades juntas. Sempre.


Das meias listradas aos pés do meu pai. Passando por Gian e Giovani e suas metáforas que não eram metáforas e a descoberta de que eles nunca foram sacadinhos, por sinal. Dos mesmos segredos maiores do universo contados 3 vezes por semana por puro medo de termos esquecido de confidenciar uma com a outra. Das adivinhações que causavam medo no início e que viraram obviedades com o tempo. Das brigas forjadas pra animar o recinto e das brigas verdadeiras que ninguém botava fé. Da nossa não-credibilidade afinal. E de toda uma geração de meninas em busca do sucesso que se espelharam em nossa época de mais fodonas e sacadinhas do pedaço e que agoram nos detestam por termos passado juntas e inteiras por essa fase. Sempre estivemos um passo a frente dos planos do mundo. Fato.De todos os dramas, exageros, e "foderências", restou apenas o amor. O amor maior do universo por uma mulher que, de um jeito ou de outro, consegue estar presente em todos os grandes momentos da minha vida. Talvez a única.


Eu te amo, rainha.




domingo, novembro 08, 2009

Antes de tudo,

"- Oi.
- Oi.
- Posso me sentar com vocês?
- Pode.
(...)
- Você mora aqui perto?
- Não. E você?
- Também não.
- Veio assistir o jogo?
- É. E você?
- Eu também.
- Você é São Paulina?
- Não. Sou corintiana. Vim torcer contra. E você?
- Eu também.
(...)
- Me passa seu número de celular?
- Pra que?
- Sei lá, de repente eu te ligo.
- Ok. Anota.
(...)
- Agora me passa o número da sua casa?
- Mas você já tem o meu celular.
- Vai que de repente eu ligo no seu celular e ele está desligado ou fora de área?
- Ok. Anota.
(...)
- Tá. Agora repete.
- Pra que?
- Pra eu ter certeza que você me não me enrolou e passou os números errados."



Esbarrões não acontecem só em "Closer", sabiam?
"Meu silêncio é um galope de búfalos."

Roberto Piva
Alguém já viu o documentário de Herzog, "O Homem Urso"?

Documentário antigo, 2006 se não me engano. Puta história estranha.

De um cara que largou tudo pra viver entre os ursos pardos no Alasca. E passa boa parte dos seus dias com uma câmera na mão.

O cara tinha uma mulher, uma mulher que o acompanhava em seus delírios, mas matendo sempre um de seus pés no chão, diferente do cara.
Até que um dia o cara foi atacado por um desses ursos. Enquanto o urso o mastigava, o cara pediu várias vezes a sua mulher que ela fugisse.
"Não adianta, corre, foge daqui". Ele disse enquanto ainda tinha voz.
Mas ela ficou lá, batendo na cabeça do urso com uma frigideira, até que não sobrasse nem um fio de cabelo do cara.


A História seria cômica, se não fosse trágica. Mas como eu tô numa fase "Claricezinha", acabei descobrindo nas entrelinhas do documentário uma lição de amor do caralho..

Você descobre que gosta mesmo de uma cara, quando você se percebe capaz das mais insanas atitudes pra protegê-lo. Quando as duas vidas tem o mesmo valor pra você.

Onde já se viu? Tentar derrotar um urso do Alasca com uma frigideira?
Ela achou que poderia.
O desepero de ver em perigo quem se ama, paralisa qualquer medo.

Obviamente o cara morreu, mas deseperada, ela ficou ali, idiota e passionalmente, lutando contra o urso até o fim.

História linda.

Versos diários.
Poesia concreta.













Amor,

Aprendi com você que a inspiração vem dos fatos. Vem dos meus defeitos guardados na sua prateleira, separados por gravidade, e todos eles perdoados por nossa cumplicidade gigante. Essa mesma cumplicidade que nos fere e nos cura, nos permitindo a sorte de todos os antônimos cábiveis, que é a unica coisa na vida que nos mantém acreditando num futuro cheio de lágrimas e sorrisos. E, exatamente por isso, cheio de nós e de toda a nossa intensidade de erros e acertos que nos fazem tão capazes de apaixonar-se mil vezes pelo mesmo cheiro.

Você é o meu instinto natural de poetizar meios fins que rimam com recomeços inteiros.


P.S: Eu te amo.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Patrícia disse que eu ando pecando por excesso de submissão. Logo eu, que sempre fui autoritária e decidida.

Talvez ela esteja certa.

Talvez os Paralamas estejam certos: "A submissão as vezes é um abrigo..."

Talvez Guimarães Rosa esteja certo: "Ele queria os arquétipos, platonizava. Ela era um aroma."

Talvez Tati Bernadi esteja certa: "Ainda creio que você, quando eu menos esperar, possa me chegar com um verso em atitude."

Talvez Caio Fernando esteja certo: "Uma vez me disseram que eu jamais amaria dum jeito que "desse certo", caso contrário deixaria de escrever. Pode ser."


Talvez o preço que eu tenho que pagar por ser tão assim, eu-estranha-esquiva, seja alto pra caralho. E doloroso.


Hoje é o dia dos "sei lás". Decreto.

domingo, outubro 25, 2009

Talvez esses dois últimos fins de semana tenham sido os mais divertidos do ano. Não é todo dia que Maranhão, Minas, São Paulo, Interior e "Alto Tietê" se transformam em um lugar só.

Encontrar pessoas tão diferentes de você e ao mesmo tempo tão bacanas na internet, é difícil pra caralho. Transformar essas pessoas em um grupo de amigos que se encontram pra beber cerveja e bater papo, apesar da distância, da falta de tempo, das caríssimas passagens aéreas e das armadilhas que a falta do olho no olho causa, é algo a ser tratado com o maior carinho do mundo.

É ainda mais gostoso a liberdade de envolver pessoas de fora desse mundo paralelo, que é a internet, no mesmo barco e perceber que ambos os lados se sentem em casa. Sei lá, uma coisa de "gostosinho na alma", por estar cercada de pessoas que ainda são capazes de se reconhecer em pequenos gestos de humanidade.

Eu tenho o maior orgulho de ver que as risadas são verdadeiras, os abraços são recíprocos, os papos são naturais e os defeitos são tratados com leveza e piadinhas internas.

Como disse a Paty, no fim de semana, é mega estranho, é tão difícil a gente conseguir juntar todo mundo, mas toda vez que a gente se encontra é como se fossemos vizinhos da vida toda.

Pois é, o meu mundo por meus amigos.




Aos amigos que fazem meu fim de semana ser tão esperado e invejado por aqueles que ainda não aprenderam a amar apesar das diferenças e dos defeitos de todos nós..

quinta-feira, outubro 22, 2009

Apesar da gente nunca ter se casado, dividido um apartamento ou adotado um cachorro, hoje completamos um bom tempo juntos. Se nosso primeiro encontro não tivesse se dado de uma forma tão inusitada, jamais saberíamos quando foi. Nunca contamos o tempo ou demos nomes aos nossos sentimentos de compromisso. Simplesmente tudo se desenrolou sem drama ou pedido ou conjecturações ou vingança.

Foi e foi e foi.

Aquilo que dizem sobre o que é pra ser. Simplesmente fomos e continuamos sendo.
Quem diria que um dia eu seria tão feliz a ponto de não contar ou reduzir sensações a palavras? Mas é isso, sou feliz com você. Sem esforço e mesmo sendo, muitas vezes, meio triste. Sou feliz.

Daqui, deitada nesse ângulo quase indecente, vejo você, safado, acender seu cigarro e me olhar sabendo que, inexplicavelmente, justo eu, te aceito seja lá como for. Você, idem.

Não fomos fáceis a nada e nem a ninguém, mas cá estamos. Sem a comemoração deslumbrada e terrivelmente curta do amor e por isso mesmo podendo celebrar o pouco cabível de cada instante. E por isso mesmo, vai ver, amando.

Sabemos tanto que é amor que nem parece aquele coisa que dizem: amor. A-m-o-r.

Ah, deve ser. Mas não o que um dia quisemos tanto e por isso mesmo afastamos, mas o que podemos e por isso mesmo nos soa tão possível. Sei que parece óbvio, mas só agora.

E eu continuo nessa pose quase indecente, retardando a vontade do xixi e do banho só pra olhar pra você. Olhando sua testa que eu curto tanto desde o primeiro segundo. Seu dedo do pé meio torto. A sua mania de morder e ficar eufórico sem um motivo aparente. E quando começar e bater a nostalgia, eu posso chorar, voltar no tempo, e lembrar daquela época em que eu já estava quase cínica mas ainda acreditava em um relacionamento com todas as forças do mundo. Porque quanto mais cinismo e cansaço, mais força fazemos e mais forte parece. Eu queria me chacoalhar e dizer que ele existe, sim, o tal do amor, não o dos comercias de margarina, mas o amor do companheirismo. Isso que a maioria acha que é amor, não passa nem perto.

Eu me faria uma visita naquele meus vinte anos e poucos anos pequenos e cheio de tentativas de charme e maturidade. E diria pra mim o que ninguém, sabe-se lá porquê, foi capaz de me dizer numa época tão necessária e quase triste. Época de tentar de tudo pra chegar perto do que, um dia, simplesmente acontece, mesmo a gente achando que só funciona para os disciplinados na cultura da imbecilidade. Esse povo estranho que divide armário e sorriso de foto.

Eu diria: "Menina, amar a dúvida, o silêncio, a ingratidão, o fim, o atraso, a invenção, a lacuna, as hipóteses, a raiva, o absurdo, o não, a impossibilidade, o difícil, amar essas coisas, menina, é amar o mistério e não um homem".

Amar um homem não é o telefone que não toca, é o telefone que toca e ele tá daquele jeito que te irrita justamente porque está irritado com você e você desliga logo e ele liga de novo e vocês morrem de rir.

E foi assim que a gente deu tão certo.

Foi e foi e foi e cá estamos.

Você apaga o cigarro, a luz e some. Eu escrevo esse texto na mente, enquanto olho você dormir, vou para o banho e me chacoalho. Daqui a pouco a gente, sem se dar conta de plurais e segredos, se esbarra no corredorzinho entre a cama e o chuveiro e decide juntos o que faz do resto do dia.

Meu amor,


( Tati Bernardi e minha necessária licença poética )

quarta-feira, setembro 02, 2009

Estou, desde ontem, pensando em como é gostoso lembrar de uma música e se emocionar. Mesmo as músicas mais antigas, aquelas que nem lembramos mais o motivo de gostarmos tanto. Eu me emocionei ontem com uma música que nunca foi a minha preferida, nunca a ouvi incansavelmente, nunca me foi inspiração pra escrever um texto, uma carta ou uma declaração. Mas de tantas e tantas músicas que mexem comigo, essa é, sem dúvida, a única que eu sei o momento e o motivo exato em que se tornou parte da minha história.

"Ontem à noite, eu conheci uma guria...",

Eu precisei de sete palavras de uma canção pra decidir entre saltar no escuro ou recuar. Sete é um número de sorte, dizem.
E eu acreditei nas nossas probabilidades.





O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde, eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor.

O que você não pode, eu não vou te pedir.
O que você não quer, eu não quero insistir.
Diga a verdade, doa a quem doer.
Doe sangue e me dê seu telefone.

Todos os dias eu venho ao mesmo lugar,
Às vezes fica longe, impossível de encontrar
Mas, quando o Bourbon é bom
Toda noite é noite de luar.

No táxi que me trouxe até aqui Willie Nelson me dava razão,
As últimas do esporte, hora certa, crime e religião.
Na verdade 'nada' é uma palavra esperando tradução.

Toda vez que falta luz,
Toda vez que algo nos falta
O invisível nos salta aos olhos,
Um salto no escuro da piscina.

O fogo ilumina muito por muito pouco tempo
Em muito pouco tempo, o fogo apaga tudo.
Tudo um dia vira luz.
Toda vez que falta luz
O invisível nos salta aos olhos.

Ontem à noite, eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia.
Era o princípio num precipício.
Era o meu corpo que caía.

Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, mais nada aquecia.
Ela apareceu, parecia tão sozinha.
Parecia que era minha aquela solidão.

Eu conheci uma guria que eu já conhecia
De outros carnavais com outras fantasias
Ela apareceu, parecia tão sozinha.
Parecia que era minha aquela solidão.

terça-feira, setembro 01, 2009

Agosto se foi, e pela primeira vez em muitos e muitos anos, fez jus a lenda de mês do cachorro louco.
Estresse, trabalho, correria, falta de grana, médicos, brigas, cansaço... Tudo aquilo que alimenta o meu "adorável" mal humor.

Não faço o tipo que acredita em astrologia, lendas, ou o diabo, mas puta merda, é melhor que essa coincidência não se repita pelos próximos 982 anos. Ou terei que rever os meus conceitos sobre a posição da lua em alinhamento com o planeta Netuno fazendo sombra nos 54 dias que antecedem a chegada da primavera.

Que venham logo as flores de setembro, mesmo que sejam de plástico.

domingo, agosto 30, 2009

E antes que me interpretem mal,


Saudade da cabeçuda teimosa e insistente da Paty. E dos nossos planos pro resto do mundo.
Sim, ela é parte grande do pouco que coube nos meus.
Saudade da cabeçuda teimosa e insistente da Paty.

Eu desconfiava que a Talita fosse pé frio pra rolês desde a nossa última virada cultural juntas. Depois que eu conheci o Deco, a desconfiança virou certeza. Taí Santo André, que não me deixa mentir. Ou Sabaúna. Ou o banco da bicicleta. Ou...


Fazer festinha em casa é a opção mais garantida e segura, quando a diversão é ao lado da Talita.


A noite de ontem foi jóia. Ri muito. Como só se ri pouquissimas vezes e ao lado de pouquissimas pessoas em toda vida.


E como se não bastasse todo o nosso carinho-confiança-e-cumplicidade, ela ainda é toda gostosa. Daquelas mulheres raras, que seriam gostosas só por respirar.


Um beijo. Cem beijos, "queridona".












Eu sinto saudade de algumas pessoas que, apesar de levarem com elas uma parte linda da minha história, não couberam nos meus planos.

segunda-feira, agosto 24, 2009

"Meu nome é Fernanda e eu estou há quase um ano sem me meter em encrenca."

Seria um começo legal e inovador, né?

Mas seria mentiroso pra caralho. É claro que eu ainda me meto numas baitas encrencas, mas o grande lance é que eu aprendi a não correr mais atrás de problemas. Assim, ó,

Antigamente eu achava super jóia beber até cair na noite, sem pensar no quanto eu iria acordar estragada no dia seguinte. Achava bacana jogar charme pra todos os caras interessantes do universo, mesmo que não tivesse interesse real por nenhum deles, só pelo prazer de testar meu jogo de sedução. Achava legal torrar todo o meu dinheiro em coisas que eu poderia muito bem viver sem só por que todas as minhas amigas achavam legal ter coisas que se pode muito bem viver sem. Achava gostoso comer todas as porcarias do mundo pra controlar a minha ansiedade e depois correr 10 kms com o tornozelo arregaçado só pra compensar a baixa estima. Achava divertido contar vantagens, me meter em brigas, armar barraco, ouvir fofocas e ser popular.

E o engraçado é que, nos últimos minutos, eu sempre tinha a chance de não fazer nada disso. E eu fazia. E sei lá por que achava toda essa babaquice o máximo. Aí eu me fodia toda, lógico. O "meu máximo" não durava nem uma semana. As consequências são rápidas quando se é inconsequente. Ficava mal uns tempos, me recuperava e voltava a fazer tudo igual.

A gente nunca sabe ao certo qual é o nosso momento de grande mudança, qual é o primeiro passo rumo a maturidade, e nem mesmo, se estamos indo pelo caminho certo. O que eu sei é que hoje eu ando de mãos dadas com minhas escolhas, e acordo todos os dias com aquela sensação gostosinha de ter feito exatamente aquilo que eu faria se tivesse pensado muito bem antes de fazer.

Não é sensação de paz, de espiritualidade, de consciência tranquila... É só a sensação de me querer bem, assim, crua. Sem efeitos especiais.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Antes de mais nada, queria dizer que o meu pulso ainda pulsa. Com um tornozelo a menos, um estômago podre e uma mão inválida, só posso mesmo estar sendo carregada pelo cerebro e o coração. Estes estão perfeitinhos e obrigada por perguntar.

Só pra escrever que tem acontecido um troço bem estranho nesses últimos dias. Leminsk anda me assombrando. Tudo que eu começo a ler e penso: "Puta, que bacana! Bem que eu gostaria de ter escrito isso." É batata que lá no rodapé estará o nome do Leminsk.

E eu que sempre tive um pezinho literário no patriotismo, me vejo obrigada a expandir minhas fronteiras pra conseguir falar de algo que, bem... me faz gostar um pouco mais de todo o resto do mundo que não merece o meu gostar mais.


Um bom poema leva anos. Cinco jogando bola, mais cinco estudando sânscrito, seis carregando pedra, nove namorando a vizinha, sete levando porrada, quatro andando sozinho, três mudando de cidade, dez trocando de assunto, uma eternidade, eu e você, caminhando junto.

(Leminsk)


Isso tudo e essa deliciosa sensação de felicidade inesperada e atrevida.

domingo, agosto 09, 2009

"Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno."



Paulo Leminski

domingo, julho 19, 2009

"No exercício da vida, essas coisas acontecem: você se separa do seu melhor amigo e, de repente, tem que fazer uma caminhada diferente, sozinho. Mas jamais acreditei que isso pudesse ser definitivo. Não que a gente tivesse que voltar a fazer música. Mas nunca me passou pela cabeça que não fôssemos mais tomar uma cerveja juntos. Jamais."


Depoimento de João Bosco, depois de retomar a antiga parceria e amizade com Aldir Blanc.


Só na amizade se encontra essa sensibilidade filha da puta de "ternos-retornos".




Espero ter sido clara. É isso.
O mais estranho disso tudo é que nada está me surpreendendo muito. Eu ouço notícias, mas não me abalo e nem me justifico mais. Talvez porque não acredite mais em muitas pessoas que acreditava até há algum tempo. Quer dizer, elas chegam pra mim, e falam, e falam. E eu presto a mó atenção. Eu sempre presto a mó atenção. Mas tem um dispositivo no meu HD cerebral que tá acionado o tempo inteiro e tem uma voz pré-gravada que ecoa o seguinte: "Ok, tá bom. Próximo". E sei que tem muita gente que também não acredita em mim. Mas eu não ando me importando muito com isso. Sei a hora que tenho que sair do bar. Sei pra onde ir. E sei acima de tudo que a vida ainda simpatiza comigo. Ela diz: "Seu canalha, você derrapou e saiu da estrada, né? Capotou o carro no meio do mato. Tá com as duas pernas quebradas e ainda fraturou as costelas. Mas você não me parece o tipo de cara que vai ficar preso entre as ferragens esperando o carro explodir, não é?"
E ela tem razão.



Uma boa noite pra todos vocês. A minha só começa na próxima sexta-feira.



Bortolotto. Com pequenas modificações porque o blog virou enfeite, mas ainda é meu, oras.
Mais uma da série: Meu blog virou objeto de enfeite.

Mais um fim de semana que se foi. E como eu tô vivendo, emocionalmente, uma das fases mais do caralho da minha vida, não tenho melancolia e drama o suficiente pra escrever algo que faça alguém chorar. Seria uma calúnia dizer que seja falta de inspiração, bem pelo contrário. Só que com os anos você acaba descobrindo que uma garrafa de cerveja dividida, um abraço apertado, ou um papo leve é a forma mais doce e verdadeira de traduzir os textos que não cabem num pedaço de papel.

domingo, junho 21, 2009

Eu não consigo parar de pensar que a pior das coisas se tornou a melhor delas. Eu não consigo parar de acreditar que tudo o que eu tenho passado é melhor do que o que eu passaria se, naquele domingo, tivesse pegado aquele trem sem olhar pra trás.

Eu não consigo parar de viajar nos seus olhos me perguntando que porra é essa que tá acontecendo. Eu não consigo nada além disso que eu vivo hoje.
E eu acredito nisso.

Nessa sua mania de susto que me irrita, nesses seus excessos de mordidas, nessa sua quantidade absurda de carinho.
Eu acredito nas noites caseiras que você me proporciona. Eu acredito em você mais até do que na gente.

E se amanhã eu não acreditar mais, foda-se. Caso com qualquer paspalho, converso sobre assuntos fúteis, começo a ouvir batidão, uso sapato combinando com a bolsa, batom cor de rosa e esmalte transparente nas unhas.

Mas hoje eu acredito nas minhas unhas compridas nas suas costas, nas músicas que você coloca pra eu ouvir, nas nossas conversas sobre política e religião, na minha boca com gosto da sua língua, no seu uiforme do corinthias combinando com meu vestidinho quadriculado, nessa vida que eu empurro com essa barriga dolorida de quem já se estragou muito com café-cigarros-álcool e que tá aprendendo a ser mais leve com você.

Já fui idiotinha demais quando era mais jovem, me deixa ser feliz desse jeito, agora que, finalmente, eu tô vivendo o que eu acredito.
É isso, eu acredito. Acredito como se não houvesse amor em nenhuma outra porra de lugar além dos teus braços.


Licencinha, Fabiana Vajman. Foi por uma boa causa, juro.

quinta-feira, junho 11, 2009

Eu tenho muitos amores espalhados pelo mundo. Amores que merecem muito mais do que a pouca atenção que eu tenho dado nesses últimos tempos. Amores com quem eu vou poder contar sempre. Amores leais, que me esperam. E pra quem eu volto sem a impressão de ter ido embora um dia. E repito, eu tenho muitos. Eu poderia chamá-los de amigos, mas ficaria um tanto vago, por tudo o que já fizeram por mim, por todas as barras que já seguraram e por tudo o que já vivemos.

Nada é capaz de mudar uma vírgula do que eu sinto por vocês. Nem que o tempo passe e o mundo vire de pernas pro ar, a gente sempre volta pra gente.

O amor continua aqui. Intacto.

segunda-feira, junho 08, 2009

Outono glacial. Viagem pra praia. Risadas puras com Jô Soares e o Silvio Santos. Música ao vivo dentro de casa. Cervejas na geladeira. Pãozinho com manteiga e café quentinho enrolada no cobertor. Comidinha japonesa de feirinha artesanal. O melhor molho de tomate do mundo feito em casa. E carinho, e carinho, e carinho.

E quem precisa de flores, restaurantes caros e surpresas luxuosas?

"Depois de você, os outros são os outros e só..."

sexta-feira, junho 05, 2009

Dizem por aí que o primeiro mês de namoro costuma ser perfeito. Risadas, declarações, carinhos, surpresas, abraços, beijos, paixão... E com o passar dos meses, ou o encanto acaba e junto com ele o relacionamento, ou o relacionamento se transforma em amizade com pinceladas de amor. A paixão, aquela que engole a gente, dizem os "especialistas", não suporta seis meses sem arranhar.

Contrariando as expectativas,

Obrigada, meu bem. Pelos seis meses de primeiro mês todos os dias.

quarta-feira, junho 03, 2009

Já começou a esquentar, eu penso em você. A cidade está linda. O inverno guardado nos ossos vai indo embora aos poucos. Como um degelo, por dentro. Me dá notícias. Se encontrar um daqueles telefones, ligo qualquer noite. Você vem mesmo em julho? Sinto saudade, ando meio só. Um beijo, cem beijos.

Caio.

Sei lá, achei bonito. Nostalgia, talvez.

domingo, maio 31, 2009

O que mais me encanta em você ...
É teu sorriso esperto de quem muito já sofreu,
Tua inteligência moleque, de pernas tortas,
Teu delírio otimista à beira da sorte,
Teu rosto infantil,
Teus traços fortes.


( O Que Mais Me Encanta Em Você - Frejat )

Frejat era bi platônico e escreveu esse trecho pensando no meu namorado. Só pode.
Mais um fim de semana juntos.
Mais um sábado de braços e abraços. Mais um domingo de gostosinho na alma.



E a certeza de acordar te amando um pouco mais toda segunda-feira. E a sensação de que terças, quartas e quintas só existem no calendário pra aumentar a saudade que eu sinto do teu sorriso de menino que alivia toda a angústia da minha impaciência.



Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com arco da promessa
Do azul pintado
Pra durar.

terça-feira, maio 19, 2009

Sabia gosto de você chegar assim arrancando páginas dentro de mim desde o primeiro dia.
Sabia me apagando filmes geniais, rebobinando o século, meus velhos carnavais, minha melancolia
Sabia que você ia trazer seus instrumentos e invadir minha cabeça onde um dia tocava uma orquestra pra companhia dançar
Sabia que ia acontecer você um dia e claro que já não me valeria nada tudo o que eu sabia um dia.


Lola. Também do Chico.

É música, mas poderia muito bem ser apenas uma poesia escrita numa folha de papel qualquer. Daquelas que só fazem sentido declamadas ao pé do ouvido.

Perdida

Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural
Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...



Dura Na Queda.
Do Chico, o Mestre.
Odeio peixes. Mais do que gatos e cajus. Juro.

segunda-feira, maio 18, 2009

Lembrei ontem. Esqueci de postar. Hoje veio mais forte.

Da F. D'Umbra,

Conforme o combinado, só morra depois de mim.
Acordei estranha hoje.

Uma dose de medo-incerteza-insegurança misturado ao café da minha xícara.
E um pão com não-sei-porque-estou-me-sentindo-assim.

É ruim ver a tristeza estampada no rosto de um amigo. É perigoso ouvir verdades duras antes de dormir.

A sensação que fica é que o "gostosinho da alma" independe do nosso querer. E dura somente o tempo de uma curva.

Eu não lembro exatamente quando foi que eu perdi o controle sobre os meus desejos.

domingo, maio 17, 2009

Eu te conquisto sempre e você sempre me comove.

Heróis da Resistência.










Sim, Eu confesso. Tirando Legião, a década de 80 até que não foi assim, tão ruim...

sábado, maio 16, 2009

Eu perco o rumo sem você.


Léo Jaime.

quinta-feira, maio 14, 2009

Eu brigo. Brigo com todo o mundo. Faço cena. Dou meu show. Me indigno. Me revolto. Xingo. Esperneio. Berro. Mas só com as pessoas que eu amo, amo mesmo, daqueles amores-que-doem. Brigas que duram um dia, no máximo uma semana. Posso ser esquentada, mas ninguém pode me acusar de ser rancorosa. Talvez um pouco orgulhosa... Ok, muito orgulhosa. Tenho uma puta dificuldade em dizer "Ei, errei, me desculpa?" . A vontade de fazer as pazes e ficar numa boa quase nunca é maior que a coragem de dar o primeiro passo.

Hoje é aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Uma daquelas pessoas que eu amo tanto, mas tanto, que acabo brigando. Mas essa briga foi diferente, pela primeira vez, a palavra fim havia se tornado presente na minha cabeça, eu quase conseguia tocar a sensação de laços desfeitos. Até que aos 48 minutos do segundo tempo um toque do meu celular mudou tudo. Uma mensagem. Só uma mensagem. Não uma mensagem qualquer. Uma mensagem de alguém que estava o tempo todo esperando o meu primeiro passo, mas que não se intimidou em caminhar na minha direção. Uma mensagem de alguém que sentiu falta do meu abraço, exatamente no dia em que recebeu abraços de todas as pessoas que o cercam. Uma mensagem linda, absurdamente simples e absurdamente verdadeira. Um "sinto a sua falta" inesperado. E a certeza de que o carinho sempre esteve ali.

Não é qualquer pessoa que presenteia alguém no dia do seu próprio aniversário.
Eu tenho o jeito explosivo sim. Eu tenho amigos que me entendem sim . E eu tenho muita sorte.

domingo, maio 10, 2009

Cada vez que vou ao pacaembu esses dias, sei que estou vendo parte da história que um dia será contada aos nossos netos. Como quando vi Pelé fazer seu milésimo gol. Ou quando assisti os jogos das eliminatórias da copa de 70. Ou quando eu vi o, ainda juvenil, Zico fazer um gol numa preliminar e ter seu nome ovacionado por todo o estádio. Ou quando eu vi, dentro do Morumbi e embaixo da chuva, o gol de Basílio em 1977.

Hoje, quando vou ao Pacaembu vejo Ronaldo, que mal anda em campo, com seus joelhos que parecem fixos no gramado, sempre dento da área vigiado por dois zagueiros. Imagem de um jogador no fim de carreira? Seria.

Mas de repente, do nada, Ronaldo corre, pega na bola e não erra um passe, sua bola chega doce aos companheiros, seu chute é sempre certeiro, e seus dribles parecem gozação da cara dos adversários. Ronaldo faz o futebol parecer uma brincadeira de criança. E é exatamente isso que ele faz. Ronaldo brinca de futebol. Brinca de dar entrevistas depois dos jogos, brinca na comemoração com seus companheiros. Ronaldo se torna uma criança dentro do campo, e como toda criança, passa sinceridade, verdade e humanidade em suas jogadas.

Eu vou ao pacaembu e o vejo marcando um gol a cada 90 minutos, e a cada noventa minutos eu me convenço que estou vivendo em tempo real, não a história de um craque de futebol, estou ali, presenciando a poesia em rimas perfeitas, escritas pelos pés de um guerreiro do brasil.


Marcelo Rubens Paiva.
Um tranco. De que? De amor. Era disso que eu precisava: de um tranco. Um abraço mesmo, um beijo mesmo. Trabalhando feito louca, cheia de pessoas que esperam que eu faça o que sei fazer: dar o melhor que eu tiver, mesmo que isso não seja suficiente, mas "taí, é seu, pode pegar". Um tranco de amor. Um alento. É isso. Para usar a expressão cunhada pelo filho de um amigo: Eu precisava que alguém me visse através de uma "lente de alento".

Fernanda, a Dumbra.

quinta-feira, maio 07, 2009

Hoje faz cinco meses, e eu queria escrever uma coisa linda que compensasse toda a barra que você tem suportado pra estar ao lado de uma menina fodida, mal-humorada e absurdamente confusa. Mas, no meio da minha fixação de escrever sobre tudo que faz sentido pra mim, exatamente agora que eu deveria me rasgar no papel, só consegui pensar num versinho gostoso do Lulu Santos,



Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no seu peito
E se isso for algum defeito
Por mim, tudo bem.


Um beijo.

domingo, maio 03, 2009

Minha cabeça é quente em tempo integral. Sou impulsiva e sacana. Bato boca e não admito ser contrariada. Provoco. Me arrependo e não volto atrás. O meu braço não torce e minhas decisões eu tomo, minhas escolhas eu faço e minhas consequências eu arco, estando certa ou errada, não abro mão de serem minhas.

Eu não ficaria comigo, se eu pudesse escolher. Minha saúde frágil não suportaria tanto estresse.

Ainda dá tempo de ir embora.
Eu me detesto em fotos. "Nossa, você não é nada fotogênica!", disse Patrícia-Maria logo que me conheceu. Desde então, carrego o peso desse trauma sobre meus ombros largos.

Dessa eu gosto. Só dessa. Digo que é por valor sentimental, apesar de ter a ligeira sensação que só gosto porque eu não estou parecendo eu nessa foto.



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sexta-feira, maio 01, 2009

Estou com saudade, meu bem.

(Assim mesmo, em destque.)
São Paulo tem gosto de café puro, quentinho, servido num copo americano de um balcão de padaria. Gosto de pão na chapa. De feijoada as quartas, pizza aos sábados e macarronada aos domingos. De arroz com feijão no restaurante da esquina do trabalho. De china in box nos feriados. São Paulo das receitas do mundo.

São Paulo tem cheiro de chuva em dias de sol escaldante. Cheiro de neon ao anoitecer. De fumaça de cigarro de menta. De perfumes doces. De frutas ácidas. Cheiro de asfalto com flor do campo no meio dos concretos. Cheiro de infância. De sexo barato. Cheiro de maçã do amor. São Paulo dos aromas marcantes.

São Paulo tem a cor vermelha da paixão pela vida. O rosa da ingenuidade das crianças que ainda são crianças. O verde da sorte que talvez só venha amanhã. O amarelo da energia pulsante de uma cidade que não para nunca. O branco da paz que se perdeu em meio ao cinza da ganância e do egoísmo, mas que ainda se busca no que restou da cor nos olhos alheios. O preto da força, dá volta por cima, do aguentar todo dia. São Paulo da cor lilás das diferenças. São Paulo da aquarela do Brasil.


São Paulo tem forma de drink, daqueles que nos deixam levemente embriagados e daqueles que nos deixam com a maior ressaca do universo. Depende de quem toma. Depende de como se toma. Depende de quanto se toma. São Paulo da vodka com limão. Do whisk sem gelo. Da cerveja estupidamente gelada. Do conhaque com mel. Da caipirinha com bastante açucar. Da pinga de alambique. Da tequila prata. Do suco com leite. Dos refrigerantes ligths. São Paulo da água colorida, com gás e sabor.

São Paulo tem cara de trabalhador. De gente que levanta às 4 da madrugada e só volta pra casa quando o dia já virou outro dia. De gente que pede esmolas nas esquinas. De gente pilotando seus carrões de luxo. De gente que é vítima da violência. De gente que propaga a violência. De gente com sobrenomes que dão sustento. De gente que batalha pra sustentar seus filhos. De gente que passa fome. De gente que desperdiça comida. De gente que ri das degraças alheias. De gente que desgraça as risadas alheias. São Paulo de todos os princípios que sucumbem as paixões.

São Paulo tem som de grande concerto ao ar livre. De buzinas de carro. De pássaros cantando. De cachorros latinho. De gente ao celular. De risadas escandalosas. De choros compulsivos. De acorde de guitarra. De bateria de escola de samba. De nota de violão. De contagem de tango. Da batida do hip-hop. De entrada de bolero. São Paulo do som do pulsar de um coração gigante.


São Paulo de todos os gostos. De todos os cheiros. De todas as cores. De todas as formas. De todos os sons. São Paulo de todos as gentes. São Paulo de todos os mundos.
São Paulo de um único brinde: Por tudo o que a gente quiser e quiser e quiser...
Eu não sou de chorar. Quer dizer, sou, mas quando eu fico puta de raiva. Mas aí eu choro escandalosamente, faço o meu show.
De tristeza, eu não sou de chorar não. Aquele choro pra dentro. Choro quietinho. Choro sozinho. Choro de dor. Choro escondido dos outros. Eu nasci pra causar impacto, oras.

E essa semana eu chorei assim. Chorei duas vezes pela mesma pessoa. Duas vezes pela mesma situação. Duas vezes pela mesma mágoa. Um choro inocente, pela primeira vez, em 24 anos, não explodi numa briga. Não insultei. Não aumentei o tom de voz. Não apontei dedos na cara. Não provoquei uma reação agressiva. E chorei baixinho, sem precisar mostrar ao mundo a minha tristeza.

E doeu. Doeu de dor que dói até o final pra não correr o risco de latejar novamente. E aí eu percebi que aquele lance de falta de tato com quem amamos, faz todo o sentido do mundo. E tapinha na mão de quem a gente menos espera, dói muito mais que tiro no peito do resto do mundo.

Sou mole. Minha mágoa, minha raiva, minha tristeza dura o tempo de um olhar cúmplice de reconciliação. Mas não lembro de outra pessoa na minha vida que tenha merecido meu choro até a última lágrima, sem que haja espaço pra um novo começo.

Ele mereceu.

E eu passo por cima de qualquer desentendimento, mas não aceito ser válvula de escape de uma das pessoas que sempre ocupou um dos maiores lugares do meu peito.

Vai ser difícil reaprender a caminhar assim, meio manca.
Amor vem de amor. Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e cresce com a mais remota chuva.


Ou,


Hoje, temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna tão complicado. Digamos, então, que nada se perderá. Pelo menos, dentro da gente.




(Guimarães Rosa)

domingo, abril 26, 2009

Só mais uma coisa,



Ronaldo.

Do que saiu no Plantão da Globo

No milênio passado, ele disse alguma coisa sobre acreditar em uma criança pulando corda na sua frente, como símbolo do infinito. E ela precisou esperar mil anos pra encontrar a hora certa de lhe dizer que eram seus olhos cheios de fé e coragem que davam-lhe forças pra continuar pulando.
"Linhas paralelas se encontram no infinito" (Caio)

Sim, do avesso somos muito mais bonitos.



*

E eu que gosto tanto de escrever pras pessoas que amo e me rasgar em declarações açucaradas, venho aqui pra dizer que, dessa vez, não há muito o que falar. Não que seja falta de carinho, é o inverso disso. É o excesso. O excesso que invade por dentro e vai se apropriando calado dos sentimentos mais intocáveis, aqueles que não se resume em palavras, que não se traduz em frases, que não se explica em porquês. Onde um "Você está bem?" em particular tem infinitamente mais valor do que um "Eu te amo" em público.
Sem estardalhaços ou holofotes. Sem comparações ou provas.
Foi assim que aprendemos a nos gostar. Conhecendo-nos e nos deixando conhecer. Sem pressa. Sem medo.
E hoje, enquanto o resto do mundo tenta empacotar sentimentos em caixas de papelão com adesivos de "Frágil", morrendo de medo de chover nos dias de mudança, eu me preocupo com seu dia todos os dias.
Que venham as chuvas e os dias de sol. E que tragam os nossos abraços-de-braços-tão-limpos.




*

Saudade de antes. Lá do início, quando todo amigo era companheiro.Quando tinha disse-que-me-disse, alarde, confusão, holofotes e caos. Da nossa inocência sacana.
Nossa, eu lembro do frio da barriga. Desespero pra comprar cerveja e cigarro. Tapete, que beleza! De quando ela era superdemais, você era inteligente e eu engraçada. (Pelo menos ainda sou modesta!) Agora que a gente tem uma vida de verdade, cheia de falta de tempo, a gente não vive. Olha que bosta! Mas tá tudo indo bem, caminhando. No meio do caminho sempre tem umas pedrinhas. Eu descobri que ela não é superdemais, você não é a mais inteligente e eu muito menos aengraçada. Mas reclamona eu continuo! Maldita insatisfação insistentedos infernos. In demais. Ai que merda, será que eu to pirada? Hã? Não fumei nada. Nem bebi, juro. Aliás, água mineral Perrier. Num lugar de gente que me enfiam goela abaixo.
Aí que eu lembrei de antes. De como eu posso ser toda torda e errada com vocês, ufa! Parecia que eu tava segurando a respiração embaixo d'água. Como eu gosto de brigar com vocês. Na real, quase tudo acho muito bom quando cês tão perto. Se eu dissesse que é tudo, além de uma mentira gorda, seria muito superfície-volátil-lugar-comum. Ah, olha que eu sou adepta fervorosa de frases-clichê. Ainda mais no mundo em que todo mundo é descolado. Sei lá, você me entendeu. Que orgulho. Que alívio. Pode até ser que vocês não sejam as mais-mais do mundo, mas são as mais fodonas pra mim, se é que isso conta!


*


Ninguém entendeu nosso afastamento, na verdade, nem eu. Eu devo ter feito alguma merda bem grande, ou então me deram ótimos créditos, o que eu sei e sei bem, é que pelo tamanho do amor e pela importância que todo mundo sabe, inclusive meus pais e meus amigos que você nem conhece, que você sempre teve pra mim, foi injusto. A balança deveria ter pesado. Assim como pesou em todas as vezes que eu fiquei magoada com você por algum motivo
Mas como eu disse, eu te respeito, você se machucou, eu me machuquei, mas o carinho tá aqui, comigo. E olha, é muito muito forte, mesmo que você duvide, mesmo que o mundo inteiro diga que não é.
Eu voltei a sair, e tô andando com um pessoal super metido a cult, que conhecem as melhores bandas e os melhores filmes europeus, que andam com roupas estranhas e vão a lugares alternativos, tudo o que eu sempre achei o máximo. E quer saber? Eu sinto a maior saudade do mundo das nossas meninices e do quanto conseguíamos ser ridículas quando estávamos sozinhas enquanto o resto do mundo azul nos achava as fodonas. Eles, os cults, não chegam aos nossos pés. Juro.



Beijo, amor meu.
Obrigada por ser forte.



*


Foi uma ano meio recluso pra mim, em que eu me envolvi demais nesse lance virtual, conheci pessoas e vivi situações inimagináveis. Me apaixonei-eternamente- até-amanhã por pessoas pra quem eu talvez nunca olhasse num bar ou numa festa. Descobri amizade em pessoas que nada tem a ver com o meu jeito de levar a vida e que provavelmente nunca estariam nos mesmos lugares que eu.
No saldo final, a maioria veio e passou assim sem mudar nada, como acontece quase sempre na vida da gente. Mas veio você, lá no comecinho do ano e transformou conceitos e sentimentos meus que eu considerava imutáveis. E foi bom pra mim (...)
No meio de toda a minha inconstância, impulsividade, instabilidade, você conseguiu fincar um lugar que há muito tempo não era ocupado, e que eu realmente achava que ninguém chegaria mais a ocupar. Principalmente por ter sido de um forma tão surreal e limitada. Lugar de incondicionalidade.
As vezes eu tenho vontade de te matar, confesso. E penso: " Puta merda! Como ele é insuportável" . Ou então eu penso:" Pq diabos ele não é o homem da minha vida?". Ou qualquer coisa do tipo. E no fundo eu entendo e aceito que você não é nenhum dos dois sem mudar uma vírgula do meu carinho por você.

Fora o Refrão

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E a vida?
E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?Mas e a vida?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita..

.


Quem nunca parou de pensar nisso algum momento que atire um tijolo porque pedra tá fora de moda.A vida, aahhhh a vida. É aquela parte boa da música que a gente conta, né? Todo refrão é bonitinho, aquela coisa gostosa que a gente se acostuma e que canta naturalmente, mas e as quinas? Do que seriam as músicas sem aqueles pedaços sem graça e que soam inúteis na melodia? Pois é, mermão. É justamente isso que repara as arestas. Da vida, inclusive..


Ainda assim, com a pureza das respostas das crianças, é a vida.



P.S Texto roubado do Blog Blas Fêmea, de Patrícia-Maria. Um dos blogs mais sacadinhos da estrela.
Quem me dera ser amiga dela, ela parece uma moça genial. Já sei! Acho que vou mandar um convite de aproximação. Quem sabe...


http://blasfemeando.blogspot.com/

Singela Homenagem

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Urso Polar.
.
Principais características dessa espécie em extinção:
Habitat Natural: Proximidades do aeroporto de congonhas.
Esporte: Futebol nos intervalos da sinuca.
Time do Coração: Corinthians.
Bebida: Água nos intervalos (2) da cervejinha.
Alimento: Pizza, inclusive no café da manhã.
Vícios: Cigarros e mordidas.
Profissão: Projetar sistemas e arrumar as cagadas alheias, inclusive (2) nos feriados.
Diversão: Botecos nos intervalos (3) dos filminhos em dvd.
Música: Rock e mpb.
Marcas de expressão: Costumam franzir a testa diante de algo surpreendente.
Roupas: Bermuda jeans, camisa-quadriculada-verde e papete.
Acessórios: Óculos de grau super descolado.
Relacionamentos: Eles passam muitos anos acasalando só pra espantar superficialmete o frio, enquanto procuram a fêmea de suas vidas. Aos 29 anos, numa pastelaria do tatuapé, encontram. E casam-se com elas, em uma tradicional celebração do amor, e são felizes para sempre, amém.




Desculpem-me a falta do habitual mal-humor e da tradicional melancolia.

A fase é essa,


Você
Tim Maia

De repente a dor
De esperar terminou
E o amor veio enfim
Eu que sempre sonhei
Mas não acreditei
Muito em mim
Vi o tempo passar
O inverno chegar
Outra vez mas desta vez
Todo pranto sumiu
Um encanto surgiu
Meu amor...

Você
É mais do que sei
É mais que pensei
É mais que eu esperava, baby
Você
É algo assim
É tudo pra mim
É como eu sonhava, baby
Sou feliz agora
Não não vá embora não
Não não não não não
Não não vá embora
Não não vá embora

Vou morrer de saudade

terça-feira, abril 21, 2009

Sim, acabou o feriado prolongado.
Sim, ele foi embora.
Sim, só vou encontrá-lo no próximo fim de semana.
Sim, estou melosa que dá até medo.
Sim, tenho direito a ficar assim até a sensação de gostosinho na alma ser invadida pela sensação de estresse mental.
... E no meio da noite, quando eu decido que estou ótima, afinal de contas tenho uma vida incrível e sou capaz de viver muito bem se você for embora, eu me lembro de umas coisas de mil anos e começo a amar você de um jeito que, infelizmente, não se parece em nada com pouco amor e não se parece em nada com algo prestes a acabar. Lembro de você fazendo o meu café da manhã na primeira vez que dormi na sua casa, de você com os olhos disfarçando um brilho diferente porque o meu cachorro buscou a bolinha e entregou na tua mão me deixando com cara de "mãe-biológica-renegada". Lembro de você querendo fugir do museu de letras porque "eruditismo" demais acaba te sufocando. Lembro da sua mania de me morder e do cheiro que você tem bem no centro da nuca. Lembro de você olhando a bunda da minha amiga e logo depois me dando um abraço forte e dizendo “os textos que você escreve são tão lindos, meu amor”. E lembro da primeira vez que eu te vi e te achei meio fresco, comportado, estranho. Até que na segunda vez você me apertou com força e por razão nenhuma eu tive certeza que meu filho nasceria um pouco fresco, comportado e estranho. E então, no meio da noite, enquanto eu penso tudo isso, eu pergunto ao mundo todo que não agüenta mais esse assunto: - Porque diabos você não me dá um, um único motivinho que seja, pra eu acreditar que existe vida-pós-o-teu-amor?



Adaptado e com as devidas licenças poéticas a Tati B.
Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido novo, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final.

Pro resto do mundo esse é um trecho da Tati Bernardi.

Ele sabe que agora é meu, entregue nas mãos dele.
E toda vez que ele cruza o portão que separa a minha casa do resto do mundo, eu ainda sinto doer como se fosse a nossa primeira despedida.
Só confio em homens de óculos.

E não aceito questionamentos.
Quando vem a primeira queda, o nosso mundo acaba por alguns instantes, algumas horas, alguns dias, ou pelo tempo que levamos pra levantar. A dor é desumana, gigante, absurda, como se arrancassem cada centímetro da nossa pele e nos deixassem apenas ossos e sangue sob nossos orgãos desprotegidos e expostos. O primeiro pensamento é de fim, como se tudo que construímos e que nos tornamos antes da queda tivesse, finalmente, se transformado em fumaça. Passamos a vida, "pessimistamente", esperando isso, o dia em que tudo vira fumaça.

Mas aí a gente levanta, algo sempre acontece pra nos sentirmos obrigados a sair da posição confortável do "não tenho mais nada, não espero mais nada" e a gente volta a caminhar. É difícil reaprender a andar depois da primeira queda, mas é do ser humano a superação.

Aí quando começamos a reconstruir das cinzas uma nova estrada, vem a segunda queda. Essa costuma ser menos dolorida, menos o fim do mundo, é a queda que já esperávamos, que já sabíamos que um dia viria, e já conhecíamos a devastidão que ela seria capaz de causar. É a famosa dor conhecida. Você sabe onde dói, sabe o quanto dói e sabe que vai superar. Doença antiga, que não se pode evitar, quase uma amiga de colégio.

Não que seja fácil superar a segunda queda, só estamos mais preparados pra todo o estrago que ela causa. A volta por cima costuma demorar menos.

Aí vem a pior parte, a terceira queda. Não deveria ser a pior, mas é. É aquela sensação que quase já faz parte da nossa identidade. Sabemos tudo sobre ela, inclusive os motivos que nos levaram a cair. Somos capazes de fechar os olhos e saber exatamente onde está cada ponta da ferida. De saber quais passos nos levaram para o buraco, em que momento nos posicionamos em frente ao precipício.

Por nos sentirmos tão intímos da terceira queda, nos proibimos de sofrer toda a dor que ele trás. Estamos tão calejados que sentimos vergonha de gritar, chorar, mesmo que a dor continue sendo a mesma das outras quedas, pelo medo idiota de parecermos fracos e repetitivos. E engolimos o sofrimento como se tívessemos cancer e tomassemos um anti-ácido pra resolver o problema.

E aí, meu amigo, aí acontece a merda toda. A dor mais latente é aquela que não nos permitimos deixar doer. A fuga da dor só mascara o tamanho da ferida. E feridas abertas costumam ser ninhos de moscas.

segunda-feira, abril 20, 2009

Corinthians 2 x São Paulo 0

19/04/09.





Ordem cronológica dos fatos:














P.S 1 : Antes do jogo, o diretor do são paulo disse que o Ronaldo era um ex-jogador.

P.S 2 : Logo após o gol do Ronaldo, a camisa do são paulo foi rasgada e lançada ao chão por um são paulino. Não tenho nada com isso, só fui solidária e ajudei no propósito do rapaz.

P.S 3 : Rodrigo, 27 anos e são paulino, no começo relutou em posar com a camisa do corinthians.

P.S 4 : Rodrigo, 27 anos e são paulino, adorou a experiência de vestir a camisa do corinthians. (Taí o sorriso dele que não me deixa mentir)



P.S 5 : Poropopó pó pó pó pó


Contra fatos não há argumentos.


A defesa encerra.

domingo, abril 12, 2009

Sim, gostei da idéia de colocar fotos no meu blog.

Minha caixinha de lápis de cor

verde-de-esperança



preto-de-pra-sempre


marrom-de-volta-por-cima




amarelo-de-força

rosa-de-feminilidade




laranja-de-coragem





cinza-de-estrada





bege-de-glamour







lilás-de-riso








branco-de-paz









azul-de-confiança










rosa-choque-de-impacto










vermelho-de-paixão


Do colorido dos dias.







































Eu tenho amigos espalhados por toda a parte do país, e ao mesmo tempo, são pessoas que estão mais perto de mim do que meus vizinhos de bairro. E por mais que haja pedras no meio do caminho (maldito Drummond), toda vez que eu os encontro é como se fosse a primeira vez.

sábado, abril 11, 2009

Enquanto houver burguesia não vai haver poesia.



Só me bastaria ter escrito esse verso, e eu me contentaria em nunca mais escrever nada. Juro.

Cazuza, seu puto safado!
Airton diz:
preciso te contar... vi a mulher da minha vida hoje, perto do metrô conceição, na calçada, esperando pra atravessar a rua... passei de carro, quase bati no carro da frente... muito linda ela...

Fernanda diz:
jura?

Airton diz:
é

Fernanda diz:
e vc não desceu do carro e subiu no "capô" pra se declarar pra ela?

Airton diz:
eu só apontei pra ela e disse que a amava

Fernanda diz:
olha que dizem que essas situações de amor a primeira vista só acontece uma vez na vida, e você sente nos primeiros 3 segundos

Airton diz:
mas acho que ela esperava mais

Airton diz:
não sei.





Não esperava não. Ela achou lindo, achou o gesto de amor a primeira vista mais lindo do sistema solar, mesmo que tenha sido com quase cinco meses de atraso. Mas como é de costume, ela se fez de durona, e talvez espere mais cinco meses pra dizer que, naquele momento, pensou: "Fodeu!", no mesmo tom de cinco meses atrás, quando sentiu que tinha se apaixonado pela útima primeira vez.

sábado, abril 04, 2009

Eu tenho uma coleção de guarda-chuvas coloridos. Eles ficam em um porta guarda-chuvas no meu escritório. Tem roxo, laranja, vermelho, branco, tem um transparente que fica lindo molhado e tem um preto também. Se um dia a gente tiver que andar pela Rua Augusta, ou mesmo aqui no centro, se um dia isso acontecer e a gente tiver que dividir o guarda-chuva novamente, eu juro que deixo você escolher a cor. Mas se isso não voltar a acontecer eles ficarão aqui, secando a chuvinha que cai dos meus olhos-verdes-trovões-de-saudade.


Da Fernanda D'Umbra.

E tem tempo pra caralho que eu acho esse trechinho o charme do mundo.

Tenho como provar! (By Patrícia-Maria)

quinta-feira, abril 02, 2009

Pergunta de impacto do dia:

"Sua cartilha tem o A de que cor?"
E foi assim, ó

Eu tava numa fase forte de noites de divina e cafés da manhã de maquiagens borradas com Martina e Gabi. Aí, veio o Rodrigo me chamando pra assistir a final do São Paulo lá na puta que o pariu do Tatuapé. Era domingo, dia mundial de não aprontar nada que te deixe estragado no dia seguinte, mas tinha cerveja gelada aí eu fui, mesmo sendo corintiana. Culpa da minha fase "Tô nem aí", oras.

Aí, no meio de uma porrada de coisas inusitadas e bizarras ocorridas no bar durante o jogo, eu o vi. Ele não me viu, a maldita desatenção é a marca registrada dele, fazer-o-que?, assim como a minha insistência, e óbvio, olhei mais uma vez. Mas foi aquele olhar de mulher que não quer compromisso, que só acha gostoso encarar pra ver qualéqueé, pra curtir uma tarde de domingo sem boas intenções. Culpa da minha fase "Tô nem aí", oras. (2)

Só não pensei que talvez essa não fosse a mesma fase dele. Eu já disse que, as vezes, só o impulso salva-amém?

Pois.

Entre mortos e feridos pelo jogo, ele veio falar comigo, e pasmem!, quando eu esperava um "E aí gatinha, tá afim de ficar comigo?", ele chegou falando de música, cacete. Meu ponto fraco-forte. O curto papo em pé na calçada de um boteco sujo do Tatuapé foi bacana, confesso, mas eu não tava no clima de levar nada bacana adiante. Culpa da minha fase: "Tô nem aí", oras. (3)

Mas, in ou felizmente, meus pais me ensinaram a arte da boa educação, e num espasmo de obediência ao papai e a mamãe, o chamei para sentar comigo na mesa dos meus amigos. Nessa hora eu pensei "Bom, se existe alguma chance de rolar algo, vai acabar agora. Meus amigos são chatos demais com gente nova no pedaço, é por isso que são meus amigos." Mas o tiro saiu pela culatra. Em menos de meia hora ele já parecia mais amigo dos meus amigos do que eu. Merda!

Ele pediu meus números de telefone. E me fez repetí-los para ter certeza de que eu estava dando os números corretos. E agora?

Comecei a falar sobre política e religião, exatamente os assuntos proibidos num primeiro encontro. Ele tinha um jeito de burguesinho-cristão, nada melhor que enfatizar meu lado socialista-ateu. É, nada feito. Ele conseguiu manter o nível da conversa, sem perder a calma nem por um segundo, e o pior, parecia absurdamente interessado nos meus pontos de vista.

Bom, só havia uma última saída, usar todo o meu drama e dar um xilique típico de meninas mimadas que querem chamar a atenção. Criei uma cena e fui embora do bar, deixando-o falando sozinho na mesa. Nenhum homem suporta isso. É, ele suportou. E riu a risada mais carinhosa do mundo quando me viu voltando pra perguntar porque ele não tinha vindo atrás de mim.

Eu fiquei. Meus amigos foram embora e eu fiquei. Fiquei com ele. Mesmo querendo não estar nem aí, alguma coisa que eu não sei o que é até hoje, me fez ficar. Na volta pra casa me perdi, cheguei quase as 4 da madrugada de segunda, pronta pra acordar as 7. Eram três horas de sono, eu sabia. Mas e quanto as horas de espera, quantas seriam?. Será que ele vai ligar? Quase não deu tempo de sofrer por isso, antes de chegar em casa ele já havia me mandado a mensagem mais doce que uma pessoa bêbada poderia mandar pra alguém.

Eu juro que tentei bancar a desinteressada, tentei arrajar mil defeitos, mil pedras no caminho, mil problemas na minha vida. Tudo pra ele desencanar de me ver novamente e eu continuar a minha saga do "Tô nem aí", oras. (4)

Mas quando o vi pela segunda vez, no fim de semana seguinte, teve um momento em que a única coisa que eu conseguia pensar era "Fodeu!", lembro perfeitamente em qual instante eu tive a certeza de que eu não conseguiria mais afastá-lo da minha vida. Não por insistência dele, mas pela minha vontade de tê-lo ao meu lado.

E desde então, naquele bendito instante daquele bendito segundo encontro, eu quase morro toda vez que eu lembro que o meu arrogante "Tô nem aí", oras. (5) quase me fez perder o direito de reclamar das mordidas mais docemente irritantes que eu já levei na vida.