segunda-feira, novembro 30, 2009

Estamos a sete dias de um ano de cumplicidade, amor. E como dizem que sete é o número da sorte, resolvi escrever pra você.

As vezes eu me pego pensando em todos os ses que já existiram em nosso caminho, que penso que vou enlouquecer com as possibilidades. Se eu tivesse negado o convite do Ro e da Talita, se eu não tivesse saído do bar na hora do hino do São paulo, se eu tivesse optado por ficar no shopping, se eu tivesse entrado naquele trem puta da vida contigo... Tanta coisa poderia ter abortado a nossa relação, mas tanta, que já acho incrível que ela tenha nascido de forma tão saudável e bonita. E o mais inacreditável é que ela venha crescendo cada vez mais estável, madura, certa, e incondicional.

É tão gostoso olhar pra trás agora e ver o carinho e reconhecimento de uma porrada de gente que não acreditava no envolvimento de duas pessoas que se conheceram num bar, que não era conhecido por nenhum dos dois, numa cidade, que não era a cidade de nenhum dos dois e torcendo contra um time, que não era o de nenhum dos dois.

Acho que no começo, nem a gente acreditava na gente. No gráfico das probabilidades a primeira vista, éramos um fracasso total. Nossos gostos, nossa personalidade, nossas opiniões, nossas visões do mundo, nada se encontrava, a não ser nossos olhares.

E insistimos, não sei por qual razão, mas insistimos. E hoje, que eu te conheço tão bem como eu me conheço, eu entendo que qualquer recuo de nossa parte, só teria adiado a descoberta do sentimento que nos une hoje. Sentimento que envolve respeito, amor, tesão, amizade, confiança, planos, ideologias e principalmente a imensa cumplicidade que em toda a minha vida só encontrei em você. Onde falar o segredo mais obscuro das nossas vidas tem o mesmo peso de contar histórias sobre gatos que caem do céu.

E tudo isso porque, como diria Moska, ainda estamos no início do que vamos ser.


Obrigada, meu bem, por nunca ter duvidado que eu nunca duvidaria da gente.

domingo, novembro 29, 2009

Eu sempre tive horror a dormir grudada em alguém. E sempre fiz questão de deixar claro que me irrita profundamente mão alheias encostada na minha pele na hora do sono. Sexo é sexo e ponto. Dormir é dormir, porra.
No século passado, eu ouvi de uma pessoa que eu só me incomodava com isso porque ainda não tinha encontrado o peito certo. Na época eu ri, não entendia como o meu jeito espaçoso e agitado de dormir tivesse ligação com as mãos, peitos, ou abraços de alguém. Acchei, de verdade, que isso fosse falácia de mulherzinha que estava apaixonada e via o mundo cor de rosa.

Eu demorei tempo pra caralho pra sacar o que significava "peito certo". Foi quase um século pra eu me render.

E juro, a sensação é qualquer coisa assim, de quentinho na alma.

domingo, novembro 22, 2009

Quase 365 dias, e cada fim de semana só serve pra aumentar a minha certeza de que ter ido, meio que por pressão, assistir aquele jogo do são paulo, foi a escolha mais acertada da minha vida.
E já que, diferente de você, eu não acredito esse troço de "Destino", "O que tem que ser será", "Era pra ser", "Tava escrito" "Pressentimento" e derivados, eu agradeço a minha sorte, aquela que eu sempre tive e que algumas pessoas insistem em dizer que é proteção espiritual, mas que nunca tinha tido uma forma, voz e um franzir de testa tão nítidos como tem agora.

Seja lá o que for, meu mais sincero sorriso de agradecimento.

Ontem foi aniversário da Paty, vulgo Patrícia-Maria. E eu bem sei que esse nome dispensa qualquer apresentação pra quem me conhece, lê esse blog ou sabe qualquer coisa que seja sobre mim. E ela merece tanto do meu amor, que em palavras só me resta escrever o tanto que já fomos patéticas, imbecis, chiliquentas, pasteis, choronas, desesperadas, dramáticas, fodonas, felizes e todas outras possibilidades juntas. Sempre.


Das meias listradas aos pés do meu pai. Passando por Gian e Giovani e suas metáforas que não eram metáforas e a descoberta de que eles nunca foram sacadinhos, por sinal. Dos mesmos segredos maiores do universo contados 3 vezes por semana por puro medo de termos esquecido de confidenciar uma com a outra. Das adivinhações que causavam medo no início e que viraram obviedades com o tempo. Das brigas forjadas pra animar o recinto e das brigas verdadeiras que ninguém botava fé. Da nossa não-credibilidade afinal. E de toda uma geração de meninas em busca do sucesso que se espelharam em nossa época de mais fodonas e sacadinhas do pedaço e que agoram nos detestam por termos passado juntas e inteiras por essa fase. Sempre estivemos um passo a frente dos planos do mundo. Fato.De todos os dramas, exageros, e "foderências", restou apenas o amor. O amor maior do universo por uma mulher que, de um jeito ou de outro, consegue estar presente em todos os grandes momentos da minha vida. Talvez a única.


Eu te amo, rainha.




domingo, novembro 08, 2009

Antes de tudo,

"- Oi.
- Oi.
- Posso me sentar com vocês?
- Pode.
(...)
- Você mora aqui perto?
- Não. E você?
- Também não.
- Veio assistir o jogo?
- É. E você?
- Eu também.
- Você é São Paulina?
- Não. Sou corintiana. Vim torcer contra. E você?
- Eu também.
(...)
- Me passa seu número de celular?
- Pra que?
- Sei lá, de repente eu te ligo.
- Ok. Anota.
(...)
- Agora me passa o número da sua casa?
- Mas você já tem o meu celular.
- Vai que de repente eu ligo no seu celular e ele está desligado ou fora de área?
- Ok. Anota.
(...)
- Tá. Agora repete.
- Pra que?
- Pra eu ter certeza que você me não me enrolou e passou os números errados."



Esbarrões não acontecem só em "Closer", sabiam?
"Meu silêncio é um galope de búfalos."

Roberto Piva
Alguém já viu o documentário de Herzog, "O Homem Urso"?

Documentário antigo, 2006 se não me engano. Puta história estranha.

De um cara que largou tudo pra viver entre os ursos pardos no Alasca. E passa boa parte dos seus dias com uma câmera na mão.

O cara tinha uma mulher, uma mulher que o acompanhava em seus delírios, mas matendo sempre um de seus pés no chão, diferente do cara.
Até que um dia o cara foi atacado por um desses ursos. Enquanto o urso o mastigava, o cara pediu várias vezes a sua mulher que ela fugisse.
"Não adianta, corre, foge daqui". Ele disse enquanto ainda tinha voz.
Mas ela ficou lá, batendo na cabeça do urso com uma frigideira, até que não sobrasse nem um fio de cabelo do cara.


A História seria cômica, se não fosse trágica. Mas como eu tô numa fase "Claricezinha", acabei descobrindo nas entrelinhas do documentário uma lição de amor do caralho..

Você descobre que gosta mesmo de uma cara, quando você se percebe capaz das mais insanas atitudes pra protegê-lo. Quando as duas vidas tem o mesmo valor pra você.

Onde já se viu? Tentar derrotar um urso do Alasca com uma frigideira?
Ela achou que poderia.
O desepero de ver em perigo quem se ama, paralisa qualquer medo.

Obviamente o cara morreu, mas deseperada, ela ficou ali, idiota e passionalmente, lutando contra o urso até o fim.

História linda.

Versos diários.
Poesia concreta.













Amor,

Aprendi com você que a inspiração vem dos fatos. Vem dos meus defeitos guardados na sua prateleira, separados por gravidade, e todos eles perdoados por nossa cumplicidade gigante. Essa mesma cumplicidade que nos fere e nos cura, nos permitindo a sorte de todos os antônimos cábiveis, que é a unica coisa na vida que nos mantém acreditando num futuro cheio de lágrimas e sorrisos. E, exatamente por isso, cheio de nós e de toda a nossa intensidade de erros e acertos que nos fazem tão capazes de apaixonar-se mil vezes pelo mesmo cheiro.

Você é o meu instinto natural de poetizar meios fins que rimam com recomeços inteiros.


P.S: Eu te amo.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Patrícia disse que eu ando pecando por excesso de submissão. Logo eu, que sempre fui autoritária e decidida.

Talvez ela esteja certa.

Talvez os Paralamas estejam certos: "A submissão as vezes é um abrigo..."

Talvez Guimarães Rosa esteja certo: "Ele queria os arquétipos, platonizava. Ela era um aroma."

Talvez Tati Bernadi esteja certa: "Ainda creio que você, quando eu menos esperar, possa me chegar com um verso em atitude."

Talvez Caio Fernando esteja certo: "Uma vez me disseram que eu jamais amaria dum jeito que "desse certo", caso contrário deixaria de escrever. Pode ser."


Talvez o preço que eu tenho que pagar por ser tão assim, eu-estranha-esquiva, seja alto pra caralho. E doloroso.


Hoje é o dia dos "sei lás". Decreto.