sexta-feira, outubro 31, 2008

Corda bamba

Confusa. Insegura. Insone. Amedrontada. Indesefa. Impotente.

Na corda bamba, corpo pro lado esquerdo, cabeça pro lado direito e coração sem nenhum equilíbrio. E eu que pensava que isso só acontecia com os outros ...

Essa dor de não ter o que fazer. De ter que aprender a decifrar os códigos da paciência. De ser compreensiva com a situação. De olhar de longe pra saber se tá tudo bem. De engolir o contato pra evitar o atrito. De não poder ficar puta com a ausência.

E justo eu, que sempre pequei pelo exagero das ações, me vejo sem movimento.

É o avesso do avesso do avesso.

Não era pra ser assim. Não era pra ser tanto. Não era.
Mas ele me deu um nó sem intenção nenhuma de me prender.

Amarrada no alto de uma corda bamba, é isso. E sem asas.

É minha estréia nesse número, espero que a queda não seja fatal.

quarta-feira, outubro 29, 2008

Música pra ler e tal

Ultimo Romance
Los Hermanos


Eu encontrei-a quando não quis
mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocara minha TV
num jeito de te levar
a qualquer lugar que você queira
e ir onde o vento for, que pra nós dois
sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar.



.


É, eu ando boba assim-assim.



domingo, outubro 26, 2008

Tiro Ao Álvaro

Tem dias que eu ando sem inspiração pra escrever. Tem dias que eu ando sem vontade de falar sobre coisas bonitas-doces-gentis. Tem dias que eu ando de saco cheio até pras lambidas de bom dia do Huguinho



Não há nada de errado, eu penso, são só dias sem cor, como tantas outros que já bateram na janela do meu quarto.



Mas ontem alguma coisa mudou. Por algumas horas, eu voltei a me sentir super colorida-com-purpurina. Me sentir inteira, maduramente falando. Ir ao limite do meu querer, botar pra fora todos os gritos e sussurros, todo aquele lance brega de se entregar de peito aberto e tal.



Não, eu não estou falando de uma foda. Quer dizer, não no sentido físico da coisa. Estou falando de botar pra foder a alma. De sentir o coração acelerando, o arrepio na pele, a raiva invadindo o cerébro e todas essas sensações de gente viva que gosta de se sentir viva.


Do impossível correndo ali, ao meu lado e eu pouco me lixando pro peso da palavra, tentando puxá-lo pra mim. Já estava esquecendo qual era a sensação de esticar o braço.



Eu poderia fugir, claro. Seria muito mais prático e menos doloroso. Mas eu sou uma merda de uma mulher que acha que a vida só vale a pena no limite. Só é bom de alma inquieta. E com todas as impossibilidades sendo reviradas de ponta cabeça. E com tudo doendo. E com tudo queimando. E com tudo.



É claro que eu queria ser a fodona-madura-e-racional. É claro que eu me fodo. É claro que eu odeio o complô que o mundo faz pra eu me foder. É claro que eu me arrependo de ter me fodido tão feio. Mil vezes eu me arrependo. Mil vezes eu não sei como voltar atrás. Mil vezes eu não sei reconhecer meu erro. E mil vezes eu acredito cegamente que não vai acontecer de novo. E acho mesmo que bato um milhão dessas mil vezes até o fim da vida.


Distância-Condições-Oceanos-Tempo-Certo-Errado-Maturidade-Consciência-Medo-Fragilidade-Timidez-Chance-Fuso Horário-Estilo Musical-Política-Religião.

Sempre há uma desculpa esperando pra ser usada.

Mas o destino consegue ser ainda mais filho da puta quando a gente tenta passá-lo pra trás.

No fim das contas a porra do senhor "Inevitável" sempre vira o jogo e dá o xeque-mate no frágil senhor "Impossível".

E eu, com toda a minha dignissíma ignorância no tabuleiro e em toda a calma e paciência que o jogo pede, continuo achando que o lance é só não desviar dos tiros.

Tiro Ao Álvaro, dizem.

sábado, outubro 18, 2008

Ele já foi aspas da maioria das minhas citações. Nenhuma outra pessoa me deixou tão sem saber "o que será que será" quanto ele.

Ao lado dele eu fui cobrada, diminuida, dobrada, enrolada, arregaçada, acusada, culpada, desnorteada. E acolhida.

E ainda assim, eu nunca consegui ir embora de vez. E ainda assim, ele nunca conseguiu me deixar ir embora de vez.

É um sei lá com gosto de certeza. A certeza de ter alguém que sempre fica. Mesmo que seja pra ajudar a arrumar a bagunça da casa quando todas as festas acabarem.







Ao som de Los Hermanos.

terça-feira, outubro 14, 2008

Tá, eu sei. Faz tempo. Não tô cuidando disso direito. Tô relapsa. Etecétera e tal.

E aí eu fiquei pensando nas coisas que deixamos num cantinho mesmo quando queremos deixá-las no centro. Nas prioridades que ocupam o espaço das vontades. No amor-próprio. No egoísmo necessário. No ir embora pra continuar inteiro.

E pensando nisso, descobri que Marcelo Camelo já disse tudo que eu gostaria de dizer hoje aqui.

Então, fica assim ó:


Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar
Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta
E não pensa que eu fui por não te amar
Quero ver você maior, meu bem
Pra que minha vida siga adiante
Adeus você
Não venha mais me negacear
Teu choro não me faz desistir
Teu riso não me faz reclinar
Acalma essa tormenta
E se agüenta, que eu vou pro meu lugar
É bom...
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom
Quero não saber de cor, também
Pra que minha vida siga adiante.








- É.
- Pois é.