domingo, junho 27, 2010

Meu filho vai nascer bem branquelinho, gordinho, de bochecha vermelha e cabelos levemente claros, talvez fios ruivos. Possivelmente vai entrar pro ramo da publicidade, muito embora, há quem diga que ser goleiro (mesmo que em pelada de esquina) esteja no sangue da família. Vai ser cavalheiro. Talvez um pouco teimoso, cabeça dura, e agressivo. Dramático será seu apelido. Teatral seu sobrenome. Não será gay, mas terá um lado forte de sensibilidade com a escrita. Vai ser de esquerda e corintiano roxo. Saberá tudo sobre Beatles, Elvis e algumas coisas meio grunge dos anos 90. Conhecerá a lenda do cara que comia pombas e morcegos em seus shows. Terá padrinhos espalhados pelo país inteiro. Duas tias Patys e um primo lindo de olhos verdes que será o "bambambam" das gatinhas. Terá opinião forte e boa articulação. Será viciado nas novas tecnologias e nos velhos livros. Uma voz de cantor de banda de rock com charme debochado de integrante do CQC. Talvez aos 21 anos saia de casa e vá morar em cuiabá para apoiar alguma ONG que lute pelos direitos índigenas, não duvido, juro.

Será um cara íntegro, de personalidade forte e de bom coração.


Isso tudo, contando com a certeza de que eu já encontrei o futuro pai dele.


P.S: Se for menina será a princesa do bailinho.
E ele sempre vai embora me deixando com a sensação de que o tempo passa devagar demais quando o plano já deixou de ser sonho e se tornou projeto de uma vida inteira.

segunda-feira, junho 07, 2010







Mais um mês, meu amor.

O calendário nem mostra tantos anos assim desde o dia em que nos conhecemos. Mas ninguém seria capaz de dizer que já não temos uma vida juntos. O tempo saiu derrotado na batalha contra a nossa cumplicidade. As datas mentem o que não se pode de explicar. E se há uma coisa que temos de incomparável nessa relação é o nosso tempo particular, que não é contado por dia, por mês ou por ano, é marcado pelas vezes em que você franze a testa quando olha pra mim ou pelos momentos em que eu finjo passar mal só pra você me mimar. Nossos "aniversários" são baseados no afeto silencioso que sentimos quando estamos juntos.

Há quanto tempo estamos juntos? O tempo suficiente para sabermos que uma vida inteira assim ainda é pouco, talvez.

Quem é capaz de definir quantos meses valem cada suspiro apaixonado?

quinta-feira, junho 03, 2010

Eu encontrei quando não quis mais procurar o meu amor. E quanto levou foi pr'eu merecer. Antes um mês e eu já não sei...

Amarante já me cantava antes mesmo do meu primeiro suspiro apaixonado.


E desde então, o mundo ganhou um tom mais aconchegante. As músicas ganharam uma sonoridade mais ritimada. Os contos ganharam histórias mais compreendidas. Os papos ganharam assuntos mais profundos. E eu ganhei mais motivos pra vida, a minha quarta ou quinta, talvez.

Tudo o que vivemos nesses quase dois anos, foi tudo o que muita gente leva mais de meio século pra viver. Dos sabores aos dissabores. Dos sonhos aos pesadelos. Das lágrimas aos sorrisos. Tudo. Acho lindo as pessoas falarem de mim pensando em você e vice-versa. Acho incrível que, em tão pouco tempo, a gente tenha criado um laço tão nitído e honesto, que todos a nossa volta consigam enxergar sem o menor esforço. Construímos uma história baseada em fatos reais, com todos os clichês permitidos e originalidades proibidas. As nossas coisas. Pequenas e grandes coisas. Nossa. Tão nossa que confunde até o som do violão. Nossas piadas, nossos apelidinhos carinhosos, nossas bobeirinhas, nossos gostos, nossas músicas, nossos filmes, nossos vícios, nossos planos, nossos amigos, nossas birras, tudo-tudo. Nada mais é meu, nem seu. E sabemos disso com a mesma convicção que sabemos que o "tudo nosso" inclui também as nossas particularidades. Esqueletos no armário que nos tornam ainda mais próximos. Uma nova vida, tão recente, mas que já começa a dar os primeiros passos com uma desenvoltura de dar a inveja a muitas bodas de ouro por aí.

Parágrafos tão desconexos só pra mostrar que é bem assim que tem sido nossos dias.
Lindos e desconexos. Sem regras. Honestos com os erros e acertos. Sem procedimentos pré-estipulados. Como toda bom final feliz deve ser no começo.

E pra não completar o sentido do sentido,

E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão, sabe que eu te encontrei...
"Paradoxo do Nosso Tempo"

Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.

Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.


(George Carlin)


Achei super conveniente e tal.