terça-feira, abril 21, 2009

... E no meio da noite, quando eu decido que estou ótima, afinal de contas tenho uma vida incrível e sou capaz de viver muito bem se você for embora, eu me lembro de umas coisas de mil anos e começo a amar você de um jeito que, infelizmente, não se parece em nada com pouco amor e não se parece em nada com algo prestes a acabar. Lembro de você fazendo o meu café da manhã na primeira vez que dormi na sua casa, de você com os olhos disfarçando um brilho diferente porque o meu cachorro buscou a bolinha e entregou na tua mão me deixando com cara de "mãe-biológica-renegada". Lembro de você querendo fugir do museu de letras porque "eruditismo" demais acaba te sufocando. Lembro da sua mania de me morder e do cheiro que você tem bem no centro da nuca. Lembro de você olhando a bunda da minha amiga e logo depois me dando um abraço forte e dizendo “os textos que você escreve são tão lindos, meu amor”. E lembro da primeira vez que eu te vi e te achei meio fresco, comportado, estranho. Até que na segunda vez você me apertou com força e por razão nenhuma eu tive certeza que meu filho nasceria um pouco fresco, comportado e estranho. E então, no meio da noite, enquanto eu penso tudo isso, eu pergunto ao mundo todo que não agüenta mais esse assunto: - Porque diabos você não me dá um, um único motivinho que seja, pra eu acreditar que existe vida-pós-o-teu-amor?



Adaptado e com as devidas licenças poéticas a Tati B.

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