sexta-feira, maio 01, 2009

Eu não sou de chorar. Quer dizer, sou, mas quando eu fico puta de raiva. Mas aí eu choro escandalosamente, faço o meu show.
De tristeza, eu não sou de chorar não. Aquele choro pra dentro. Choro quietinho. Choro sozinho. Choro de dor. Choro escondido dos outros. Eu nasci pra causar impacto, oras.

E essa semana eu chorei assim. Chorei duas vezes pela mesma pessoa. Duas vezes pela mesma situação. Duas vezes pela mesma mágoa. Um choro inocente, pela primeira vez, em 24 anos, não explodi numa briga. Não insultei. Não aumentei o tom de voz. Não apontei dedos na cara. Não provoquei uma reação agressiva. E chorei baixinho, sem precisar mostrar ao mundo a minha tristeza.

E doeu. Doeu de dor que dói até o final pra não correr o risco de latejar novamente. E aí eu percebi que aquele lance de falta de tato com quem amamos, faz todo o sentido do mundo. E tapinha na mão de quem a gente menos espera, dói muito mais que tiro no peito do resto do mundo.

Sou mole. Minha mágoa, minha raiva, minha tristeza dura o tempo de um olhar cúmplice de reconciliação. Mas não lembro de outra pessoa na minha vida que tenha merecido meu choro até a última lágrima, sem que haja espaço pra um novo começo.

Ele mereceu.

E eu passo por cima de qualquer desentendimento, mas não aceito ser válvula de escape de uma das pessoas que sempre ocupou um dos maiores lugares do meu peito.

Vai ser difícil reaprender a caminhar assim, meio manca.

Um comentário:

ARTEirices & Outros Bichos disse...

Esta foi a melhor coisa que já li no teu blog: parece que você não é tão fria assim afinal... Me conta, você não se sente bem em descobrir isso? Eu, quando passo fases de frieza (geralmente porque estou em autoconcentração dolorosa, lambendo alguma ferida minha), me sinto um nada - bem, quer dizer, "nada" não é bem o termo, acho que é "esquisita", "mal".