domingo, abril 26, 2009

Do que saiu no Plantão da Globo

No milênio passado, ele disse alguma coisa sobre acreditar em uma criança pulando corda na sua frente, como símbolo do infinito. E ela precisou esperar mil anos pra encontrar a hora certa de lhe dizer que eram seus olhos cheios de fé e coragem que davam-lhe forças pra continuar pulando.
"Linhas paralelas se encontram no infinito" (Caio)

Sim, do avesso somos muito mais bonitos.



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E eu que gosto tanto de escrever pras pessoas que amo e me rasgar em declarações açucaradas, venho aqui pra dizer que, dessa vez, não há muito o que falar. Não que seja falta de carinho, é o inverso disso. É o excesso. O excesso que invade por dentro e vai se apropriando calado dos sentimentos mais intocáveis, aqueles que não se resume em palavras, que não se traduz em frases, que não se explica em porquês. Onde um "Você está bem?" em particular tem infinitamente mais valor do que um "Eu te amo" em público.
Sem estardalhaços ou holofotes. Sem comparações ou provas.
Foi assim que aprendemos a nos gostar. Conhecendo-nos e nos deixando conhecer. Sem pressa. Sem medo.
E hoje, enquanto o resto do mundo tenta empacotar sentimentos em caixas de papelão com adesivos de "Frágil", morrendo de medo de chover nos dias de mudança, eu me preocupo com seu dia todos os dias.
Que venham as chuvas e os dias de sol. E que tragam os nossos abraços-de-braços-tão-limpos.




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Saudade de antes. Lá do início, quando todo amigo era companheiro.Quando tinha disse-que-me-disse, alarde, confusão, holofotes e caos. Da nossa inocência sacana.
Nossa, eu lembro do frio da barriga. Desespero pra comprar cerveja e cigarro. Tapete, que beleza! De quando ela era superdemais, você era inteligente e eu engraçada. (Pelo menos ainda sou modesta!) Agora que a gente tem uma vida de verdade, cheia de falta de tempo, a gente não vive. Olha que bosta! Mas tá tudo indo bem, caminhando. No meio do caminho sempre tem umas pedrinhas. Eu descobri que ela não é superdemais, você não é a mais inteligente e eu muito menos aengraçada. Mas reclamona eu continuo! Maldita insatisfação insistentedos infernos. In demais. Ai que merda, será que eu to pirada? Hã? Não fumei nada. Nem bebi, juro. Aliás, água mineral Perrier. Num lugar de gente que me enfiam goela abaixo.
Aí que eu lembrei de antes. De como eu posso ser toda torda e errada com vocês, ufa! Parecia que eu tava segurando a respiração embaixo d'água. Como eu gosto de brigar com vocês. Na real, quase tudo acho muito bom quando cês tão perto. Se eu dissesse que é tudo, além de uma mentira gorda, seria muito superfície-volátil-lugar-comum. Ah, olha que eu sou adepta fervorosa de frases-clichê. Ainda mais no mundo em que todo mundo é descolado. Sei lá, você me entendeu. Que orgulho. Que alívio. Pode até ser que vocês não sejam as mais-mais do mundo, mas são as mais fodonas pra mim, se é que isso conta!


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Ninguém entendeu nosso afastamento, na verdade, nem eu. Eu devo ter feito alguma merda bem grande, ou então me deram ótimos créditos, o que eu sei e sei bem, é que pelo tamanho do amor e pela importância que todo mundo sabe, inclusive meus pais e meus amigos que você nem conhece, que você sempre teve pra mim, foi injusto. A balança deveria ter pesado. Assim como pesou em todas as vezes que eu fiquei magoada com você por algum motivo
Mas como eu disse, eu te respeito, você se machucou, eu me machuquei, mas o carinho tá aqui, comigo. E olha, é muito muito forte, mesmo que você duvide, mesmo que o mundo inteiro diga que não é.
Eu voltei a sair, e tô andando com um pessoal super metido a cult, que conhecem as melhores bandas e os melhores filmes europeus, que andam com roupas estranhas e vão a lugares alternativos, tudo o que eu sempre achei o máximo. E quer saber? Eu sinto a maior saudade do mundo das nossas meninices e do quanto conseguíamos ser ridículas quando estávamos sozinhas enquanto o resto do mundo azul nos achava as fodonas. Eles, os cults, não chegam aos nossos pés. Juro.



Beijo, amor meu.
Obrigada por ser forte.



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Foi uma ano meio recluso pra mim, em que eu me envolvi demais nesse lance virtual, conheci pessoas e vivi situações inimagináveis. Me apaixonei-eternamente- até-amanhã por pessoas pra quem eu talvez nunca olhasse num bar ou numa festa. Descobri amizade em pessoas que nada tem a ver com o meu jeito de levar a vida e que provavelmente nunca estariam nos mesmos lugares que eu.
No saldo final, a maioria veio e passou assim sem mudar nada, como acontece quase sempre na vida da gente. Mas veio você, lá no comecinho do ano e transformou conceitos e sentimentos meus que eu considerava imutáveis. E foi bom pra mim (...)
No meio de toda a minha inconstância, impulsividade, instabilidade, você conseguiu fincar um lugar que há muito tempo não era ocupado, e que eu realmente achava que ninguém chegaria mais a ocupar. Principalmente por ter sido de um forma tão surreal e limitada. Lugar de incondicionalidade.
As vezes eu tenho vontade de te matar, confesso. E penso: " Puta merda! Como ele é insuportável" . Ou então eu penso:" Pq diabos ele não é o homem da minha vida?". Ou qualquer coisa do tipo. E no fundo eu entendo e aceito que você não é nenhum dos dois sem mudar uma vírgula do meu carinho por você.

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