sexta-feira, maio 01, 2009

São Paulo tem gosto de café puro, quentinho, servido num copo americano de um balcão de padaria. Gosto de pão na chapa. De feijoada as quartas, pizza aos sábados e macarronada aos domingos. De arroz com feijão no restaurante da esquina do trabalho. De china in box nos feriados. São Paulo das receitas do mundo.

São Paulo tem cheiro de chuva em dias de sol escaldante. Cheiro de neon ao anoitecer. De fumaça de cigarro de menta. De perfumes doces. De frutas ácidas. Cheiro de asfalto com flor do campo no meio dos concretos. Cheiro de infância. De sexo barato. Cheiro de maçã do amor. São Paulo dos aromas marcantes.

São Paulo tem a cor vermelha da paixão pela vida. O rosa da ingenuidade das crianças que ainda são crianças. O verde da sorte que talvez só venha amanhã. O amarelo da energia pulsante de uma cidade que não para nunca. O branco da paz que se perdeu em meio ao cinza da ganância e do egoísmo, mas que ainda se busca no que restou da cor nos olhos alheios. O preto da força, dá volta por cima, do aguentar todo dia. São Paulo da cor lilás das diferenças. São Paulo da aquarela do Brasil.


São Paulo tem forma de drink, daqueles que nos deixam levemente embriagados e daqueles que nos deixam com a maior ressaca do universo. Depende de quem toma. Depende de como se toma. Depende de quanto se toma. São Paulo da vodka com limão. Do whisk sem gelo. Da cerveja estupidamente gelada. Do conhaque com mel. Da caipirinha com bastante açucar. Da pinga de alambique. Da tequila prata. Do suco com leite. Dos refrigerantes ligths. São Paulo da água colorida, com gás e sabor.

São Paulo tem cara de trabalhador. De gente que levanta às 4 da madrugada e só volta pra casa quando o dia já virou outro dia. De gente que pede esmolas nas esquinas. De gente pilotando seus carrões de luxo. De gente que é vítima da violência. De gente que propaga a violência. De gente com sobrenomes que dão sustento. De gente que batalha pra sustentar seus filhos. De gente que passa fome. De gente que desperdiça comida. De gente que ri das degraças alheias. De gente que desgraça as risadas alheias. São Paulo de todos os princípios que sucumbem as paixões.

São Paulo tem som de grande concerto ao ar livre. De buzinas de carro. De pássaros cantando. De cachorros latinho. De gente ao celular. De risadas escandalosas. De choros compulsivos. De acorde de guitarra. De bateria de escola de samba. De nota de violão. De contagem de tango. Da batida do hip-hop. De entrada de bolero. São Paulo do som do pulsar de um coração gigante.


São Paulo de todos os gostos. De todos os cheiros. De todas as cores. De todas as formas. De todos os sons. São Paulo de todos as gentes. São Paulo de todos os mundos.
São Paulo de um único brinde: Por tudo o que a gente quiser e quiser e quiser...

2 comentários:

Gabriela. disse...

Vc me mata com esse seu amor rasgado por essa cidade que merece todos os amores rasgados do mundo.

Que inveja.

Phalador disse...

São Paulo tem a virada cultural amém!