domingo, maio 10, 2009

Cada vez que vou ao pacaembu esses dias, sei que estou vendo parte da história que um dia será contada aos nossos netos. Como quando vi Pelé fazer seu milésimo gol. Ou quando assisti os jogos das eliminatórias da copa de 70. Ou quando eu vi o, ainda juvenil, Zico fazer um gol numa preliminar e ter seu nome ovacionado por todo o estádio. Ou quando eu vi, dentro do Morumbi e embaixo da chuva, o gol de Basílio em 1977.

Hoje, quando vou ao Pacaembu vejo Ronaldo, que mal anda em campo, com seus joelhos que parecem fixos no gramado, sempre dento da área vigiado por dois zagueiros. Imagem de um jogador no fim de carreira? Seria.

Mas de repente, do nada, Ronaldo corre, pega na bola e não erra um passe, sua bola chega doce aos companheiros, seu chute é sempre certeiro, e seus dribles parecem gozação da cara dos adversários. Ronaldo faz o futebol parecer uma brincadeira de criança. E é exatamente isso que ele faz. Ronaldo brinca de futebol. Brinca de dar entrevistas depois dos jogos, brinca na comemoração com seus companheiros. Ronaldo se torna uma criança dentro do campo, e como toda criança, passa sinceridade, verdade e humanidade em suas jogadas.

Eu vou ao pacaembu e o vejo marcando um gol a cada 90 minutos, e a cada noventa minutos eu me convenço que estou vivendo em tempo real, não a história de um craque de futebol, estou ali, presenciando a poesia em rimas perfeitas, escritas pelos pés de um guerreiro do brasil.


Marcelo Rubens Paiva.

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