terça-feira, julho 22, 2008

Do que ficou

- Eu nunca fui um cara de pensar no futuro, e você me conhece, sabe que isso não é nenhum clichezinho da minha parte. Nunca pensei em ter mulher, filhos, cachorros e almoços fartos de domingo. Já é difícil pra caralho ter que suportar a ressaca aos domingos, imagina suportar pessoas? Mas quando eu tava lá, no caralho do fim do mundo, naquele frio absurdo e sem ninguém pra conversar, eu pensava naquela casinha de campo com chaminé e tijolos antigos, que a gente viu a caminho do sítio quando estavamos tendo a nossa briga mais feia. Lembro que de repente você emudeceu e eu todo preocupado, achando que você estava tendo um troço, falta de ar, paralisia e você nada, nem pisacava. Aí você apontou pra casinha, e sem nem lembrar que segundos atrás estavamos quase nos matando, disse "-Eu quero criar nossos filhos numa casa assim"
Porra, na hora eu quase caí pra trás, pensei que você tivesse enlouquecido de vez, mas aproveitei o momento pra te abraçar e deixar aquela briga idiota de lado.

Hoje depois de tanto tempo longe, e com tantas mudanças de planos, eu continuo sendo aquele cara egoísta, que não pensa no futuro, mas aquela casa é até hoje uma das lembranças mais fortes que eu tenho do nosso relacionamento.
Não, ainda nem passa pela minha cabeça a idéia de formar uma família. Mas quando eu lembro daquela casa e do seu comentário, eu quase amoleço e me bate a certeza, se um dia eu tiver filhos, eles terão uma mãe que muitos anos antes já havia escolhido o lugar mais lindo do mundo pra criá-los.

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