domingo, julho 20, 2008

Laços

Hoje, extraordinariamente, aconteceu um lance bem bacana no meu domingo (dia oficial de não-acontecer-nada-bacana).

Uma amiga que eu não via desde 2006 (Sim, você está lendo o blog de uma pessoa que fica mais de dois anos sem ver as pessoas que ama e sobrevive) apareceu aqui em casa. Mas não é qualquer amiga, é daquelas amigas de beabá, de quadrilha na escola, de barbie, de primeiro beijo, primeiro porre, primeira transa. Daquelas amigas que tem gosto de infância-adolescência.

E é incrível como a vida nos afasta brutalmente das pessoas que amamos. Juntou uma porrada de coisas, trabalho, faculdade, casamento, e aos poucos fomos ficando sem tempo pra gente beber e falar bobeira, ir ao cinema e dormir no meio da sessão, ficar em casa morgando e ouvindo som... Mas o mais incrível é como a vida não desfaz certos laços.

Hoje quando eu a vi da janela no meu portão me bateu um frio na barriga, uma coisa meio "como será que a gente vai se comportar, que tipo de papo vamos ter pra bater, o quanto será que ela mudou", o tipo de frio na barriga que só dá quando se trata de sentimentos muito fortes. E lá fui eu abrir o portão, como se tivesse caminhando de volta pros meus 9-10-11-12-13-14 ... anos.

Abri o portão e, porra, foi como se a gente nunca tivesse passado um dia longe da outra. É óbvio que algumas coisas mudaram, dois anos é tempo pra caralho, mas o carinho era o mesmo. A mesma cumplicidade, as mesmas piadas, o mesmo jeito de alterar a voz, os mesmos palavrões, as mesmas gargalhadas estrondosas... É absurdo como algumas coisas que a gente constroe não tem porra no mundo que destrua. Não, o tempo não arranca o que a gente carrega na alma.

E quando ela chegou no meu quarto, e sem pedir licença ou fazer qualquer tipo de cerimônia, jogou meus travesseiros no chão como sempre fazia e se instalou, sentadinha no tapete em frente ao som, pra reclamar do quanto a madeira da minha cama fodia com as suas costas, eu tive certeza, que passe 80 anos, aquele lugar sempre foi e sempre será dela.

E eu nunca precisei dizer "eu te amo".





Me empresta a sua bota no próximo fim de semana, Ja??

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