quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Eu tive um puta dia cheio no trabalho. Estresse, dor de cabeça, intolerância e o diabo a quatro. Maior vontade do mundo de jogar tudo pro alto e encontrar um ombro que ouvisse todas as reclamações de que a minha vida não presta e que o inferno é aqui.

Voltei pra casa com a idéia fixa de que os maiores problemas do mundo são os meus. Abri o portão, joguei minha bolsa num canto e sentei no sofá. Minha prima estava lá, assistindo tv. Pensei que seria ela, o ombro que eu tanto procurava. Quando eu ia começar a sessão "meu mundo caiu", ela me disse sem enrolação que um amigo nosso havia morrido. Assim, do nada, de uma hora pra outra. Um cara novo, mega inteligente, culto seria a melhor palavra. Um cara que entendia tudo de som e que me ensinou muito de Beatles e Jorge Ben. Um cara, que até uns tempos atrás, dividia a mesa, as cervejas e as músicas comigo. Ele tinha um loja, dessas que você só encontra se tiver muito interesse em música. Que não é popular no "pedaço", mas é a de maior credibilidade no meio. Ele tinha projetos relacionados a cultura. Ele discotecava na noite. Ele tinha uma família tão adoravelmente sacana quanto ele. Todo mundo queria fazer parte da "tchurma" do cara. Ele tinha uma baita moral com a galera. Era meio que um "Bortolotto" da região.

Eu nem sei se ele tinha tantos problemas quanto eu acho que tenho. E nem teve tempo de choramingar a merda de mundo que fodeu a vida dele de uma hora pra outra, como eu pretendia fazer essa noite.

Ele morreu de repente. Sem preparar dramas nem discursos.

E sem pensar em mais nada, ao mesmo tempo em que eu agradeci por poder resmungar meus dramas por aí, me calei. Talvez por ele. Talvez por mim. Talvez pelo tempo. Talvez pela vida. Talvez pela morte. Talvez por vergonha.

E descobri que poucas vezes na vida eu me calo, uma delas é quando o grito do inesperado faz eco sobre a minha dor.

Nssa noite nenhum suspiro.

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