quarta-feira, outubro 20, 2010

Reafirmando,

Eu digo que te amo.

Você me pergunta o porquê, deitado em mim, sorrindo aquele sorriso que é só seu e, em meus devaneios egocêntricos, também meu. E são tantos os motivos que eu não sou capaz organizá-los em uma lista, como pede sua apaixonante sensatez. Ainda mais quando sou desafiada por esse tal sorriso que desarma e, na seqüência, arma. Ainda mais quando tenho você em mim, só para mim, mais meu do que jamais alguém foi. Mãos passeando pelo meu corpo e olhos vasculhando minha alma.

Então, para seu entretenimento, e para manter esse sorriso me olhando, vou jogando motivos no universo, sem método ou lógica.

Eu te amo porque você chegou sorrateiro, como quem não quer nada, mas vestido desse sorriso que é capaz de parar indústria e comércio. Porque você me lê, me dá bola, me embala. Porque você sabe meus truques, porque você tem olhos doces, porque você gosta dos meus piores defeitos. Porque você é adoravelmente desligado e porque você ainda franze a testa quando me olha nos olhos.

Te amo porque apesar de você gostar de Pearl Jam, David Bowie e Legião Urbana, você também gosta de Chico, Beatles e Cartola. Porque você acha que meus olhos são os mais bonitos do mundo e porque você entorta a boca de um jeito sapeca quando fala alguma coisa para me provocar. Porque você não precisa de ninguém e, ainda assim, vive rodeado por várias tribos.

Te amo porque você pensa no futuro pra que nossa história possa acontecer, porque você teve sim, medo de me deixar entrar na sua vida, mas agora você já não considera a hipótese de me deixar ir embora. Porque você ouve a música da vida, e é a mesma que eu ouço, e não vê outra forma de passar por aqui que não seja com ritmo. Porque você lê os livros que eu recomendo e acha o máximo que eu os tenha lido.

Te amo porque você beija como ninguém, mexe no meu cabelo e faz amor olhando nos meus olhos. Porque você me coça, me deixa dormir antes só pra me fazer cafuné enquanto eu durmo. Porque você toma banho de manhã e, logo depois, volta para a cama para me beijar mais. Porque você liga várias vezes ao dia para dizer que me ama, para saber se eu estou bem, para me contar sobre sua rotina.

Te amo porque você usa papetes, bermudas, social e calças jeans. E porque você combina com todos esses estilos. Porque você pergunta sobre o meu pai, ri das besteiras que eu falo e gosta de ficar ouvindo as histórias dos meus amigos que você ainda nem conhece. Porque você quer ter uma casa de campo comigo, um lugar onde a gente possa passar a noite olhando o céu e bebendo cerveja, porque você respeita minhas neuroses.

Te amo porque você gosta de alterar quimicamente a realidade das coisas, porque você adora experimentar, porque você não sabe viver sem cães. Porque você gosta de deitar e colocar minha cabeça no seu ombro, porque você acha que assim me protege, porque você sabe que eu preciso de proteção. Porque de manhã você prefere suco, mas me serve café puro. Porque você faz carinho no Huguinho, e é charmosamente desajeitado e volta e meia bate a cabeça em algum objeto inanimado.

Te amo porque você acha que um dia a gente pode, quem sabe, desafiar os traumas do passado e casar na igreja. Porque você acha que a felicidade está nos detalhes, em passar uma noite comendo bobeira, bebendo cerveja, conversando no chão da sala, e ouvindo Beatles. Porque, nessa noite, no chão, ouvindo Beatles e bebendo cerveja, seus olhos brilharam como nunca. E então você parou tudo, colocou a mão no meu rosto, me olhou bem fundo e me beijou do jeito mais carinhoso do mundo. Porque você entendeu que naquele momento nada mais importava. Porque você sabe que nossa história pode ser precocemente interrompida, e que, mesmo assim, ela já terá valido a pena. Porque talvez ela seja, agora e para sempre, a história mais bonita das nossas vidas.

Mas, se eu tivesse que pegar um motivo apenas, eu diria que te amo porque você é o homem com quem eu sempre sonhei, mas nunca achei, de verdade, que pudesse existir pra mim. Só por isso. E também, meu amor, porque você franziu a testa quando nos encaramos pela primeira vez e continua, até hoje, franzindo a testa toda vez que me olha nos olhos.



Pra você, meu bem.



P.S : Tive que pedir licença poética a Milly Lacombe pra reconstruir esse texto com nossos contornos. O nosso ritmo e nossa poesia fica cada dia mais claro visto com a ponta dos dedos.



*


Eu queria escrever de como eu me sinto segura ao teu lado, mesmo cheia de dúvidas sobre nós dois, das vezes em que eu sei que me sentiria protegida, mesmo atravessando um tiroteio se você estivesse segurando a minha mão. E não falo daquela segurança que me impede de sentir ciúmes, que faz com que eu me sinta tranquila em relação a qualquer mulher gostosa e interessante que cruze o teu caminho. É uma segurança de corpo presente, uma segurança de mulher que coloca teus medos, teus caminhos, e se coloca nos braços de um homem. Uma sentimento de estar indefesa por querer, e ainda assim, em nenhum momento sentir-se desprotegida. Uma espécie de fragilidade bem no centro de uma força absurda que eu só encontro no teu abraço. O mesmo abraço que eu duvidei que me faria amolecer as pernas assim que nos conhecemos. Os mesmos braços que me deixaram sem chão dentro do carro no nosso segundo encontro e que, mesmo me causando um medo absurdo, não me fez recuar.
Um não-sei-bem-o-que-é que foi crescendo a cada conversa sintonizada, a cada beijo roubado, a cada intimidade descoberta, a cada passo no escuro e a cada carinho inesperado e desejado. A cada tudo que eu não esperava que fosse e era, ao teu lado sempre era. E, ainda assim, todo o fim de semana eu esperava o momento de te dizer que não dava mais, que não tava legal, que era bobagem, e todas as vezes eu ia embora com mais certeza de que dava, que tava legal, que não era só mais uma bobagem. Eu não queria me render, lutei, lutei pra cacete contra esse sentimento novo. Aquela coisa de bem-me-quer-mal-me-quer e você ali, sempre me bem-querendo enquanto eu tentava te ferir com meus espinhos. E você, com sua paciência que só existe dentro da certeza do que se sente, finalmente me fez querer ser bem-querida.
Faz três meses que eu me pergunto onde eu baixei a guarda. Três meses tentando descobrir o que me prende tanto a você, porque o nosso envolvimento é tão natural, tão simples, tão verdadeiro, que eu sempre me pego pensando o que você tem que ninguém mais tem, que me faz ser tão eu com você sem nenhum furacão separando nossos verbos. Três meses, que seria pouco tempo, não fosse a profundidade que atingimos nesse período.
E eu, que sempre gritei por aí, que só sabia viver bem no meio das tempestades, dos terremotos e do caos, me sinto, pela primeira vez, feliz com o azul de paz que embala nossa relação. E, incrivelmente, a rotina, que sempre foi o meu monstro do armário, passou a ser só mais uma coisa gostosa que eu posso partilhar com alguém que tá me ensinando pra caralho sobre rosas com pétalas grifadas de bem-me-quer-bem-te-quero.







Vai fazer dois anos, amor.
Hoje é dia de relembrar o que já sabemos de cor.

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