segunda-feira, julho 25, 2011

Eu queria escrever algo sobre como a vida nos prega peças o tempo inteiro. Dizer que não adianta fazer planos, a vida, sem a menor piedade, chega com a delicadeza de um rinoceronte e atropela todos os nossos passos a caminho de alguma coisa que levamos tempo pra decidir fazer.

É isso, quase sempre nos falta tempo e força pra realizarmos nossos sonhos no escuro. Pagando pra ver. Tempo pra errar e consertar. Força pra consertar e saber que se pode errar novamente, a qualquer momento. E recomeçar. Recomeço deveria ser a palavra chave de todas as histórias.

O que é a nossa vida senão um eterno recomeço? Todas as manhãs mudam-se os primas, mudam-se os sonhos, mudam-se as vontades, mudam-se os planos, mudam-se os meios.

Guimarães Rosa já dizia que o que a vida quer da gente é coragem. Coragem pra enfrentar aquelas horas em que estamos no último lance da escada e um piano parece cair sobre nossas cabeças e não nos mata. Coragem pra enfrentar as mudanças de caminho quando estamos a uma curva do destino final e vemos a placa de estrada interditada. Coragem pra entender que o que não pode ser mudado precisa de nada além do que a nossa estranha mania de acreditar que há outras formas de se fazer a mesma coisa. E que o que não está no script tem muita possibilidade de dar certo. Afinal, a vida pode ser tudo, até bem sacana, como eu acho que ela é, só não é uma peça de teatro com roteiro pré-fabricado e direito a ensaios diários pra estrear com perfeição.

Aprendi na marra a desviar dos meteoros semperder a visão do sol.

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