domingo, fevereiro 13, 2011

Eu sempre acreditei que o amor não era pra mim, como se o amor escolhesse aqueles que, sem pestanejar, dariam a própria alma pela felicidade de alguém. Na verdade, eu cresci sendo muito egoísta pra pensar em outra pessoa com a mesma intensidade e verdade com que penso em mim. Juntando esses e outros fatos eu era vista como uma pessoa fria, que se afastava na primeira oportunidade de um encontro. Recuava quando um carinho se aproximava. E quando já não tinha mais forças fisícas pra ir embora, colocava em práticas jogos emocionais que me tornavam a pessoa mais cruel do mundo e desistimulava até a vontade do papa de ficar por perto. Pensava mesmo que indecência era abrir mão de suas defesas por um par de olhos doces. Mas o inevitável é sempre mais forte que o improvável. E o destino só serve mesmo pra desfazer nossas convicções. Não sei como eu estaria hoje se ele não tivesse sido tão paciente com os meus truques , meus amigos dizem que já sabiam, desde o momento em que ele sentou, ao meu lado, na nossa mesa, que a vida tinha me dado, carinhosamente, um tapa na cara. Acho mesmo que eu esperei esse tapa por vinte e poucos anos. Agora, sei que o amor sempre esteve lá pra qualquer um, o tempo todo, eu só tinha que escolher me abrir ou não pra ele. E no momento exato em que a gente decide fechar todos os cadeados, frestas e fechaduras é que ele tira forças das vísceras pra arrombar a porta. Não se protege a alma da felicidade.

E depois de tanto tempo daquela primeira vez e de tanta certeza que muitas outras vezes virão eu ainda me pego cheirando a camiseta que ele esqueceu no meu quarto no último fim de semana.

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