terça-feira, julho 06, 2010

Oi amor,

Mais um mês e tal, e não há nada pra escrever que seja tão forte quanto tudo o que vivemos nesse tempo.

Aí, rebobinando a fita da minha vida, lembrei de quando me afoguei, do dia em que eu abri a minha cabeça embaixo do caminhão, das semanas em coma, da infecção generalizada e de todas as tantas vezes em que ouvi dos outros que eu era "protegida", "especial", "espiritualmente forte" e todas as outras expressões que usavam pra explicar o fato de eu ainda estar viva. Lembrei do quanto eu nunca consegui acreditar nisso. Esses dias mesmo, conversávamos sobre ter fé. Depois de tudo o que eu passei, não acreditar no mundo espiritual é a melhor explicação pra aquela velha máxima "fé não é questão de opção, é questão de sentir". E eu nunca consegui sentir verdade em qualquer coisa que eu fugisse da lógica. Sempre preferi acreditar em coincidências, sorte, talento, luta, coragem e essas coisas que transformam a vida das pessoas.
Engraçado, mas antes de começar esse texto, eu nunca tinha parado pra pensar no que significa você na minha vida. Não acho que seja coisa dos anjos, de vidas passadas, do espirito santo, de protetores espirituais ou de qualquer outra coisa que te passe alguma credibilidade. Mas eu tenho fé na gente. Tenho fé no nosso relacionamento e em cada coisinha simples que sentimos um pelo outro. Quando os seus olhos espiritualmente convictos cruzam com meus olhos irredutívelmente ateus, eu consigo enxergar um deus. Um deus que não é aquele ser criador de tudo, como diz as crenças, muito menos o ser superior que pregam as religiões, eu consigo enxergar um deus que me deixa mais forte, mais serena, mais feliz, mais doce, mais afim. Um deus que saí dos seus olhos e refletem nos meus. Um deus que pode muito bem atender pelo nome de amor e que eu passei a vida inteira negando.

Eu acredito cegamente na gente, e se isso for ter fé, a minha não nasceu pela dor.

"Lhe" amo, amor meu.

Nenhum comentário: