quinta-feira, janeiro 15, 2009

Eu digo que te amo.

Você me pergunta o porquê, deitado em mim, sorrindo aquele sorriso que é só seu e, em meus devaneios egocêntricos, também meu. E são tantos os motivos que eu não sou capaz organizá-los em uma lista, como pede sua apaixonante sensatez. Ainda mais quando sou desafiada por esse tal sorriso que desarma e, na seqüência, arma. Ainda mais quando tenho você em mim, só para mim, mais meu do que jamais alguém foi. Mãos passeando pelo meu corpo e olhos vasculhando minha alma.

Então, para seu entretenimento, e para manter esse sorriso me olhando, vou jogando motivos no universo, sem método ou lógica.

Eu te amo porque você chegou sorrateiro, como quem não quer nada, mas vestido desse sorriso que é capaz de parar indústria e comércio. Porque você me lê, me dá bola, me embala. Porque você sabe meus truques, porque você tem olhos doces, porque você gosta dos meus piores defeitos. Porque você é adoravelmente desligado e porque você ainda franze a testa quando me olha nos olhos.

Te amo porque apesar de você gostar de Pearl Jam, David Bowie e Legião Urbana, você também gosta de Chico, Beatles e Cartola. Porque você acha que meus olhos são os mais bonitos do mundo e porque você entorta a boca de um jeito sapeca quando fala alguma coisa para me provocar. Porque você não precisa de ninguém e, ainda assim, vive rodeado por várias tribos.

Te amo porque você pensa no futuro pra que nossa história possa acontecer, porque você teve sim, medo de me deixar entrar na sua vida, mas agora você já não considera a hipótese de me deixar ir embora. Porque você ouve a música da vida, e é a mesma que eu ouço, e não vê outra forma de passar por aqui que não seja com ritmo. Porque você lê os livros que eu recomendo e acha o máximo que eu os tenha lido.

Te amo porque você beija como ninguém, mexe no meu cabelo e faz amor olhando nos meus olhos. Porque você me coça, me deixa dormir antes só pra me fazer cafuné enquanto eu durmo. Porque você toma banho de manhã e, logo depois, volta para a cama para me beijar mais. Porque você liga várias vezes ao dia para dizer que me ama, para saber se eu estou bem, para me contar sobre sua rotina.

Te amo porque você usa papetes, bermudas, social e calças jeans. E porque você combina com todos esses estilos. Porque você pergunta sobre o meu pai, ri das besteiras que eu falo e gosta de ficar ouvindo as histórias dos meus amigos que você ainda nem conhece. Porque você quer ter uma casa de campo comigo, um lugar onde a gente possa passar a noite olhando o céu e bebendo cerveja, porque você respeita minhas neuroses.

Te amo porque você gosta de alterar quimicamente a realidade das coisas, porque você adora experimentar, porque você não sabe viver sem cães. Porque você gosta de deitar e colocar minha cabeça no seu ombro, porque você acha que assim me protege, porque você sabe que eu preciso de proteção. Porque de manhã você prefere suco, mas me serve café puro. Porque você faz carinho no Huguinho, e é charmosamente desajeitado e volta e meia bate a cabeça em algum objeto inanimado.

Te amo porque você acha que um dia a gente pode, quem sabe, desafiar os traumas do passado e casar na igreja. Porque você acha que a felicidade está nos detalhes, em passar uma noite comendo bobeira, bebendo cerveja, conversando no chão da sala, e ouvindo Beatles. Porque, nessa noite, no chão, ouvindo Beatles e bebendo cerveja, seus olhos brilharam como nunca. E então você parou tudo, colocou a mão no meu rosto, me olhou bem fundo e me beijou do jeito mais carinhoso do mundo. Porque você entendeu que naquele momento nada mais importava. Porque você sabe que nossa história pode ser precocemente interrompida, e que, mesmo assim, ela já terá valido a pena. Porque talvez ela seja, agora e para sempre, a história mais bonita das nossas vidas.

Mas, se eu tivesse que pegar um motivo apenas, eu diria que te amo porque você é o homem com quem eu sempre sonhei, mas nunca achei, de verdade, que pudesse existir pra mim. Só por isso. E também, meu amor, porque você franziu a testa quando nos encaramos pela primeira vez e continua, até hoje, franzindo a testa toda vez que me olha nos olhos.



Pra você, meu bem.



P.S : Tive que pedir licença poética a Milly Lacombe pra reconstruir esse texto com nossos contornos. O nosso ritmo e nossa poesia fica cada dia mais claro visto com a ponta dos dedos.

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