domingo, agosto 14, 2011

Uma história Corinthiana

Homenagem ao meu pai, ao meu sogro e ao futuro pai dos meus filhos.



O menino de 6 anos chegou em casa e perguntou:
- Pai, para que time eu torço?
O pai imediatamente detectou o problema. Não ligava muito para futebol, nunca tinha conversado com o filho sobre o assunto. Percebeu que o menino tinha chegado a uma idade em que é obrigatório ser torcedor. Decidiu que se esforçaria para reparar o erro.
Prometeu ao filho que o levaria a jogos de todos os clubes grandes de São Paulo, para que o garoto tivesse todas as oportunidades para escolher seu time do coração. Fez a devida lição de casa. Aprendeu os fatos, os nomes, os momentos e lugares importantes na História de cada clube.
A primeira visita foi ao Morumbi, numa tarde de jogo do São Paulo. Chegaram cedo, passaram no Memorial, viram os troféus da Copa Libertadores, da Copa Intercontinental.
- Filho, o São Paulo é o mais bem sucedido clube brasileiro no cenário internacional. Ganhou a Libertadores 3 vezes, foi a Tóquio duas vezes para conquistar a Copa Intercontinental, também tem um Mundial de Clubes da Fifa. Além disso, foi o primeiro clube da cidade a ter o seu Centro de Treinamento. E claro, é o dono desse estádio, o Morumbi, o maior de São Paulo.
O jogo foi ótimo, o São Paulo venceu, o menino ficou impressionado com o tamanho do Morumbi.
- E aí, quer comprar uma camisa? – perguntou o pai.
- Ainda faltam três times, né? Prefiro esperar.


A segunda visita foi ao Palestra Itália. Passearam pela sede do clube. Viram os bustos de Ademir da Guia, de Junqueira, de Waldemar Fiúme. Também conheceram a sala de troféus. Sentaram-se nas numeradas do estádio do Palmeiras.
- Filho, esse time é diferente dos outros, por causa da conexão com a origem dos torcedores. O Palmeiras tem uma ligação sanguínea com a Itália, se chamava Palestra Itália. Claro, ninguém precisa ser italiano para torcer pelo Palmeiras, mas é bonito ver essa relação familiar com o time. Os palmeirenses são apaixonados por essa camisa. Grandes craques passaram por aqui ao longo dos tempos. Tanto que o time tem o apelido de “Academia”. – contou o pai.
O Palmeiras ganhou, o menino vibrou. Gostou do ambiente no Palestra, da proximidade do gramado.
- Vamos comprar a camisa? – o pai perguntou.
- Mas ainda faltam dois times…


Próxima parada, Vila Belmiro. No carro, indo para Santos, o pai começou a falar sobre as glórias do time.
- Meu filho, esse time que você vai conhecer hoje é um patrimônio do futebol. É o time em que jogou o Pelé, o maior jogador da História. Teve o melhor time de todos os tempos, no começo da década de 60, quando não havia adversário neste planeta que pudesse vencê-lo. Você vai ver a quantidade de taças que eles têm.
Visitaram o Memorial das Conquistas e sua impressionante coleção de troféus. As fotos do timaço que conqusitou o mundo duas vezes, do Rei Pelé e de tantos e tantos jogadores lendários.
O Santos ganhou o jogo, o menino ficou empolgado. Na Vila, dá para ficar ainda mais perto do campo.
Na saída, a mesma pergunta.
- Vamos comprar a camisa?
- Calma pai, ainda tem um jogo para a gente ir, não tem?


E foram ao Pacaembu, num domingo à tarde. Não conseguiram sair cedo de casa, estavam um pouco atrasados. O pai foi falando sobre o Corinthians no carro.
- Filho, estamos indo ao Pacaembu, mas o Pacaembu não é o estádio do Corinthians. É da prefeitura, porque o Corinthians não possui um estádio próprio. Mas a torcida se sente muito bem lá. Outra coisa: o Corinthians é o único time de São Paulo que ainda não ganhou a Copa Libertadores. Mas tem um detalhe interessante: é a maior torcida de São Paulo. É uma torcida tão apaixonada que é chamada de “Fiel”.
Por causa do atraso, pai e filho entraram no Pacaembu pelo portão principal, quase na hora em que o Corinthians subiu ao gramado. Não tiveram tempo de sentar, porque o time entrou em campo.
De repente, o pai percebeu algo assustador. O menino estava chorando.
- O que aconteceu, meu filho?
- Não sei, pai.
- Por que você está chorando?
- Não sei…
- Quer ir embora?
- Não, quero ficar.
O jogo estava para começar quando o menino pegou o braço do pai.
- Pai, quero uma camisa.
- Como assim?
- Escolhi, pai.
- Mas o jogo ainda nem começou…
- Não importa.

...

(História Verídica, dizem)



É. Pois é.

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